terça-feira, 24 de dezembro de 2013

EpC- "Esse é pra Casar"


 Ok tudo certo, o espumante brasileiro é respeitado, tem qualidade, é muito gostoso, bom custo benefício, muitas as opções, , e só tem a melhorar, sem discussão, mas….matar as saudades de um “champagne” não tem preço!!  (ou tem?)

 
Taittinger – Brut Reserve
Reims - France
Alc.= 12%
Bacco – 92 pontos

Legítimo integrante do grupo da elite, um aroma intenso de pêssegos e damascos, em companhia de flores brancas, além de tudo de bom e gostoso de uma padaria de muita classe em cada gole, simplesmente deslumbrante.  
Essa acho que comprei na Expand há algum tempo, ficou lá na adega esperando o seu momento, infelizmente ela  não se entrega por pouco, algo como R$280,00……..porém não admite arrependimentos, e tem razão.

"Nunc est bibendum", Saúde! e um Feliz Natal para todos!
Até breve, Bacco a seu dispor. 

domingo, 24 de novembro de 2013

EpC - "Esse é pra Casar"


Um Valpolicella digno de atenção, duas fermentações, a segunda na presença das borras do famoso Amarone, esse é o Ripasso, e o Musella um dos bons representantes desta denominação.

Musella – 2009
Valpolicella Superiore Ripasso
Alc.= 14%
Bacco – 88 pontos
 
A técnica aporta corpo, além de aromas mais intensos ao Valpolicella, é fácil perceber aquele gostinho de frutas vermelhas, aquí bem mais maduras, um toque terroso, e um final mais doce com sabor de tabaco e chocolate. A boa acidez não deixa o vinho ser enjoativo.
 Esse eu comprei com a Heloisa lá na Vino do Mercado Municipal de Curitiba, estava em promoção, paguei R$80,00.

"Nunc est bibendum", tem personalidade suficiente para não ser chamado de primo pobre do Amarone.
Até breve, Bacco a seu dispor. 

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Papo com Bacco - 3 anos!!


Venha – o palácio do céu repousa em pilares de ar
Venha – e traga vinho, nossos dias são vento
 
                 Hafiz

 
Dia: 07, mês: Novembro, ano: 2010! Uau! aniversário da peça rara! já tá grandinho o danado, e olha que eu mesmo não tinha absoluta certeza de nada quando começamos, e agora juntos há 3 anos, grande papo o cara, aí!
Bacco, essa “persona” legal, que me alegra, me acalma, me faz companhia,  me abre oportunidades,,.....mas também me cobra, me alerta,... me aflige,!  
Bem mal comparando, bem mal mesmo, me lembro quando perguntaram ao Mick Jagger quanto tempo ela acreditava que os Stones durariam, ele então respondeu com cara de sabichão, mais 2 ou 3 anos quem sabe, isso aconteceu no final dos anos 60!! (....gosto tanto de rock como gosto de vinho....Bacco gosta mais de vinho)
Eu e Bacco fechamos com Jagger sobre isso, e não é que ainda estamos aqui conversando com vocês, e depois de mais de 150 sessões de conversas, troca de idéias, e tomadas de posições, digamos assim, e lógico, muito vinho degustado, sempre em boa companhia sem abrir mão das nossas convicções, continuamos vivos, animados, e prontos para seguir adiante.
Recentemente decidimos ler Jancis Robinson em “confissões de uma amante de vinhos” para tentar entender melhor as reações de alguém que se dedica a escrever sobre vinhos nos distintos momentos da sua empreitada, escolhemos simplesmente a escritora de vinhos mais respeitada no mundo,e bem mal comparando novamente, porque não, quer melhor fonte de inspiração para ir em frente! Bacco adorou, é isso aí irmão...!
J&J , Jancis e Jagger, nós não devemos estar errados!
Recentemente por sugestão da minha filha plugada nas mídias sociais, criamos uma página só  para o Bacco no meu Face, e confesso que depois de superadas algumas dúvidas, Face? Será? eu e ele estamos nos divertindo muito conferindo e contabilizando as “curtidas” dos nossos amigos digitais ou além disso. Polimento no “culto à personalidade” minha e de Bacco, e se o exagero faz mal, a moderação faz muito bem, alimento de qualidade para o ego, importante nesse período de transitoriedade a caminho da terrível “melhor idade”, nesse caso eu! ( quem inventou isso não merece beber sequer um vinho medíocre, Bacco concordada plenamente )
É isso, muito obrigado a todos que entendem e gostam assim como eu  do Bacco, ele não vai medir esforços para comunicar, informar, dividir, divertir, e principalmente incentivar a nós todos a beber bons vinhos....SALVE!

“Nunc est bibendum”, saúde a todos, e vida longa para  Bacco
Até breve, Bacco a seu dispor.

obs: foto: Chile, Vale de Casablanca, preocupado com a recente notícia de que vai faltar vinho no mundo!

 

domingo, 27 de outubro de 2013

Pontuação no "Esse é pra Casar"


“Rubi escuro, violáceo, aroma intenso e rico, com fruta muito pura e definida, cereja preta, cassis, figos, ameixas, notas florais, couro, azeitona, terra molhada, especiarias doces, perfil ao mesmo tempo quente e elegante, paladar encorpado mas sem exageros na extração, acidez moderada e equilibrada, 14,5% de álcool, taninos aveludados e ainda presentes. Pronto ou para mais 5 a 10 anos de guarda”
Ou:
“O Parker deu 95”
E aí companheiro, o que vai ser?
Qual destas duas “considerações” sobre o mesmo vinho lhe motiva mais, lhe dá mais segurança, tem maior influência na sua decisão de compra.
O vinho é o vinho e ocupa a posição de ocupa nas nossas mentes e mesas, merecida na minha opinião,   até porque nenhuma outra bebida tem a riqueza de estímulos que ele tem.
A insistência no uso e no entendimento do termo “degustação” (beber com atenção) não é nada menos do que uma tentativa de ajudar você a aproveitar da melhor maneira possível os estímulos olfativos e gustativos que o vinho lhe oferece.
Pensando assim, até que faz sentido o longo discurso acima, concorda?
Para mim faz todo sentido, eu adoro o desafio da busca pelos estímulos, e a recompensa pelo achado, por mínimo que seja, eu e o vinho nos tornamos amigos íntimos à partir deste momento de entrega mútua, e o prazer é inigualável.........
Ok maravilha, mas será que na era digital do SMS, do Face, do Twitter, ainda é possível desprezar a força e o resultado de uma rápida , objetiva, confiável, e certamente bem sucedida comunicação ?
Certamente que não, nem um leitor assíduo do Estadão como eu ousaria discordar da eficiência e da eficácia deste padrão de comunicação.
Não vamos passar a beber pontos, não é isso, mas podemos conviver com a cumplicidade das duas considerações, uma pitada de romantismo com um toque de pragmatismo eu diria.
É com base nessa crença que à partir de agora, no “Esse é pra Casar” além dos comentários habituais, Bacco vai acrescentar uma nota exclusivamente sua ao vinho apreciado por ele. Simples assim:
 
Bacco 80 – 84 = um “Bom” vinho, simples, frutado, bem feito, honesto em sua proposta, ótimo custo benefício.
Bacco 85 – 89 = um “Muito Bom” vinho, aromas definidos, boa tipicidade, equilibrado,  boa permanência, agrada a vários paladares.
Bacco 90 – 95 = um “Excelente” vinho, aromas e sabores complexos, textura e corpo presentes, equilibrado, final longo, gastronômico, capacidade de envelhecimento.
Bacco 96 – 100 = um “Espetacular” vinho, raro, fora de série, próximo da perfeição, nobre como poucos. 
 
“Nunc est bibendum”, é isso aproveitem ( thanks Lou Reed)
Até breve, Bacco a seu dispor.

obs: foto : Robert Parker...



   

 

 

domingo, 6 de outubro de 2013

EpC - "Esse é pra Casar"


Vira e mexe aparece um cara dizendo que encontrou um Bordeaux “bom & barato”. Desconfie companheiro, desconfie…
De todos os que eu provei e não foram poucos, (a curiosidade mata), esse até o momento foi o único que merece ser mencionado  aquí no EpC.
Ele já nasceu com potencial, seu produtor Denis Dubourdieu é autor de obras primas ( e caras ), em se tratando de tinto françês de Bordeaux, posso dizer que ele se encaixa na definição.

Château Reynon – 2009
Cadillac – Côtes de Bordeaux
Alc.= 14%

Um autêntico Merlot (85%), frutado, suave, macio, sedoso, com pinta de fortão, ajuda providencial da Cabernet Sauvignon (9%) e da Petit Verdot (6%), uma mescla trabalhada com extrema competência pelo produtor
Esse eu comprei na Queijos & Vinhos do Mercado Municipal de Curitiba, (acho que é distribuido pela Porto a Porto), e ainda pode ser encontrado na faixa de $100,00.

"Nunc est bibendum", aí está um bom & barato Bordeaux  que não decepciona , recomendo.
Até breve, Bacco a seu dispor. 

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

EpC - "Esse é pra Casar"


“Bebe-se mais vinho tinto do que branco porque tem mais vinho branco ruim do que tinto” e tenho dito…….. A premissa de que é mais simples vinificar vinho branco é na verdade uma armadilha. Não é definitivamente o caso desse delicioso Sauvignon Blanc, de onde? de onde? adivinha? Nova Zelândia é claro.

Fallen Angel
Sauvignon Blanc – 2011
Marlborough – NZ
Alc.= 13,5% 

Um frescor impactante, uma salivação prazeirosa, uma “tímida” groselha no início, um “espaçoso abacaxi” daqueles amarelinhos, madurinhos, docinhos, gostosinhos no meio, e uma boca cítrica no final, tudo isso em harmonia com os 13,5% de álcool, um prazer só, do primeiro ao último gole, sem falar na provocação do nome, “Fallen Angel”, faça me o favor…………..
Indicação do meu amigo Bill lá do Mercado Muncipal de Curitiba, paguei R$ 110,00 em uma queima de estoque , (preço original R$ 150,00)  

"Nunc est bibendum", recomendar SB da NZ é brincadeira....
Até breve, Bacco a seu dispor
 

terça-feira, 17 de setembro de 2013

EpC - "Esse é pra Casar"


Faz tempo que o Douro não é só Porto, seus vinhos tranquilos estão cada vez melhores, muitos são ótimos, alguns excelentes eu diria, esse é o caso do Pintas Character 2009, uma obra prima da Wine & Soul.

Pintas Character – Portugal
Douro DOC 2009
Cima Gorgo – Vale do Pinhão
Alc. = 14,5%

Vinhas velhas, sinônimo de estrutura, mas este tem um estilo polido, um floral marcante oferecido pela Touriga Nacional, tinto escuro, tipo encorpadão, boca cheia, final macio e aveludado, que guarda só boas lembranças, além é claro do charme da “pisa a pé”.
Direto de Portugal, presente do Dr. Resende, que tomou o cuidado de passar receita : “pelo menos uma taça ao dia.”


“Nunc est bibendum”, mais um português fácil de se recomendar
Até breve, Bacco a seu dispor

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

DDD - Bacco nº17 Vinificação em Tinto - O corte.


Dúvidas Devidamente Degustadas

O que mais se houve em uma rodinha informal de papo sobre vinho é o seguinte; eu adoro Malbec, eu gosto de Carménère, já eu prefiro Cabernet....de acordo?
O esforço concentrado de chilenos e argentinos em valorizar suas castas emblemáticas, acentuou entre nós a cultura do vinho monovarietal, o vinho de uma uva só. Nada errado com isso.
Fixar e desenvolver uma uva é um trabalho realizado no campo, quase tudo que é relevante acontece no vinhedo.
Talvez a Borgonha seja o melhor exemplo de vocação pela terra, onde poucas variedades de uvas são cultivadas, e a natureza determina a qualidade final dos seus vinhos.
Alí perto em Bordeaux a coisa é diferente, um corte de uvas tem a responsabilidade de minimizar o impacto da natureza, nem sempre positivo.
O blend de uvas, a “assemblage” é o momento supremo do enólogo, a chance de mostrar maestria e talento.
Apesar da pretensa popularidade dos varietais entre nós, bons cortes estão aí à nossa disposição, o mesmo Novo Mundo que “cravou” o nome da uva no rótulo do seu vinho, e de certa forma facilitou nossa escolha, produz blends de altíssima qualidade.
O corte de Malbec com Cabernet Sauvignon resulta nos melhores vinhos argentinos, os super chilenos são vinhos de Cabernet e de mesclas dela com outras uvas, os australianos são mestres em combinar sua Shiraz com Cabernet Sauvingnon, ou com Grenache, os melhores sul africanos são de Cabernet Sauvignon mesclada com Merlot, Cabernet Franc,e Malbec ,e também com Pinotage e Shiraz (Cape Blend)
Os mais afamados tintos do mundo, carregam um trio de uvas na sua composição, o famoso corte bordalês composto de Cabernet Sauvignon, Merlot, e Cabernet Franc.(ver post a respeito)  
Então é isso, depois de todos os procedimentos anteriores na vinificação do vinho tinto, a arte da assemblage, da mistura, do blend, do corte, vem coroar todo o trabalho realizado na cantina e encher o enólogo de orgulho da sua obra prima.

“Nunc est bibendum”, um blend de respeito se traduz pela a soma das qualidades individuais das uvas utilizadas.
Até breve, Bacco a seu dispor

Ref : Dirceu Vianna Junior, José Ivan Santos, José Osvaldo Albano do Amarante....

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

DDD - Bacco nº16 - Vinificação em Tinto - Parte II


Dúvidas Devidamente Degustadas

 Açúcar +(leveduras) = Álcool Etílico + (CO2 & Calor),está explicado a “Fermentação do Mosto”, mas não se deixe iludir por esta aparente simplicidade, é aqui que o enólogo de atitudes aquele que assume riscos, esconde seus mais profundos segredos, e ao mesmo tempo exibe sua sabedoria.
Leveduras produzidas em laboratório ou selvagens habitantes da própria fruta, cubas abertas de carvalho ou vasos de concreto revestido, quem sabe ainda tanques de inox ultra modernos, com controle automático de temperatura!
Que tal uma maceração pré-fermentativa, deixar o mosto descansando em contato com suas cascas à baixa temperatura por até 7 dias, uma busca de cor, sabor e aromas. Vai também uma maceração pós-fermentativa, outra vez casca e mosto-vinho em contato, agora até por quatro semanas!
As práticas enológicas, as lícitas bem dizendo, estão aí para ajudar o enólogo a produzir o vinho dos seus sonhos, e dos nossos também.
Continuando em direção ao “olimpo”!
 
Descuba : A Fermentação geralmente termina com o fim do açúcar no mosto, o teor máximo de álcool produzido pelas leveduras antes destas morrerem é da ordem de 15%, aí começa a descuba, a separação do mosto-vinho das suas partes sólidas. O nobre líquido chamado também de “vinho flor” segue seu caminho em um novo tanque para ser estabilizado e clarificado, os sólidos são prensados e o resultado disso é um vinho comum ou uma grapa ou bagaceira.
 
Estabilização : Consiste no tempo de espera para que o jovem vinho em repouso deixe suas pequenas partículas sólidas irem se depositando vagarosamente no fundo do tanque. De tanto em tanto ele precisa mudar de tanque, umas 3 vezes pelo menos, e a borra depositada é separada, o enólogo chama isso de “trasfega do vinho”, um processo que pode durar cerca de 6 meses!, é isso aí, um longo trabalho dentro da vinícola.
Para os vinhos mais simples o processo é acelerado utilizando-se centrifugas, há quem acredite que essa atitude prejudica a qualidade final do vinho, eu sou um deles.............
Este é o momento de falarmos sobre a “malolática” , relevante, apreciada,  e às vezes controversa.
 
Conversão Malolática :  nome do acontecimento de uma segunda fermentação após a primeira que chamamos de “alcoólica”,  neste caso, bactérias e não leveduras, transformam o ácido málico, agressivo ao paladar em ácido lático, mais gostosinho! Ela pode ocorrer logo após a fermentação alcoólica, antes de “descubar” o vinho, ou após a "trasfega", quando o vinho já está nas suas novas cubas.
Vinhos tintos de qualidade passam pela conversão, alguns brancos também, ela aporta novos aromas e sabores aos vinhos, aqueles lácteos e amanteigados.Quando executada em cubas de carvalho pode até acrescentar notas de chocolate e de especiarias doces ao vinho, uma delícia!
Como nada é perfeito neste mundo, a conversão reduz os sabores frutados, e a acidez do mosto, uma bobeira do enólogo e pronto, o resultado é um vinho sem vida, enjoativo, difícil de se beber até o seu final. Muito cuidado nessa hora!

“Nunc est bibendum”, vamos aguardar o próximo passo, o Corte!
Até breve, Bacco a seu dispor
 
Ref: José Osvaldo Albano do Amarante, Dirceu Vianna Junior, José Ivan Santos, Euclides Penedo Borges.........

sábado, 31 de agosto de 2013

DDD - Bacco Nº15 - Vinificação em Tinto?


Duvidas Devidamente Degustadas
 
 Você sabe mesmo como um vinho tinto é elaborado, ótimo então vamos juntos nessa, se discordar me avisa.
O termo que usamos para explicar o conjunto de operações necessárias para elaborar um vinho é "vinificação"
Você concorda comigo que existe “vinificação” e “vinificação”, ou seja mais de uma maneira de elaborar um vinho.
Tudo vai depender do vinho que queremos ter no final, e isso tem a ver com a quantidade de práticas enológicas que introduzimos no processo.
Vinhos simples aqueles leves, frutados, bem feitos, vinificação correta e simples e pronto.
Vinhos encorpados, complexos, bem feitos, vinificação correta, repleta de práticas enológicas e pronto.
Sentiu a diferença?
Mas pronto mesmo, calma quase lá, vinificar é combinar ciência com experiência e arte, então além da tecnologia, temos o ser humano,o homem! peça importante, eu diria que fundamental para o resultado final.
Experiência e arte no mundo do vinho passa de pai para filho, de geração para geração, acredite e preste atenção nisso, conhecendo a tradição da família  erramos menos, e conseqüentemente bebemos bons vinhos com mais freqüência.  
A boa tecnologia está aí e deve ser usada é claro, mas não devemos esquecer que o grande vinho se faz no vinhedo, as demais operações que vamos ver em seguida visam manter a qualidade da uva, resultado do empenho e conhecimento do viticultor, ele é o cara!

 Colheita : toda atenção voltada para a maturação correta das uvas, a tal maturação fenólica, evita o excessivo “gosto herbáceo” e “ boca amarrada”
Uva bem trabalhada é sinônimo de vinho redondo e macio, o oposto representa vinho duro e áspero. Vinhos nobres têm suas uvas selecionadas à mão, e de preferência colhidas na fresca da noite.

 Desengaço : Separar os bagos dos cabinhos, os tais engaços, é a garantia de que o vinho não vai ter excesso de taninos, o que seria desagradável para o paladar final, boca seca e gosto de muito verde, ninguém merece..........
Nada de mandar tudo junto para a próxima etapa, sem pressa, muita calma.

 Esmagamento: Apertar é necessário, mas atenção com muito carinho nesse momento por favor, isso obrigado, apenas rompa a minha casca e deixe meu  precioso líquido fluir...... ( qualquer analogia é bem vinda)
Chegou a  hora da casca, do mosto e das sementes, todo juntos, se encaminharem para os tanques, não gostamos muito das bombas que nos empurram, preferimos descer livremente aproveitando a tal lei da gravidade, pena que nem sempre é possível.
Prefirimos os tanques de inox, modernos bonitos, cheios de recursos, mas se não der, pode ser de concreto ou de madeira mesmo, uma chance para as tradições................

 Sulfitagem : Oba, uma dose de SO2 e adeus às bactérias, ok sem exagero, o suficiente para eu não ficar oxidado, aquele gostinho de biotônico....

 Tudo pronto para a Fermentação, após um duro, difícil, mas compensador trabalho no campo, uma colheita linda, a preparação cuidadosa, agora vamos em frente, os riscos são bem maiores, proporcionais aos resultados.
Mas esta é um história para o próximo capítulo.......................................

 
"Nunc est bibendum", abra um vinho tinto hoje.
Até breve, Bacco a seu dispor

 Ref: Dirceu Vianna Junior, José Ivan Santos..........

 

sábado, 24 de agosto de 2013

África do Sul - Regiões Vinícolas


É de 1973 a regulamentação das WO (Wine of Origin) as “denominações de origem” dos vinhos sul africanos. Mesmo não sendo, como não é, uma garantia total de qualidade, uma verdade em todos os países vinícolas, não deixa de ser uma referência, principalmente para quem não conhece mas quer se aventurar pelos vinhos de um país.
No caso específico da África do Sul,de um modo geral, com vinhos ainda pouco conhecidos por aqui, rótulos complicados (novidade!) e nomes esquisitos, a coisa pode ficar difícil, mas não uma razão para desistir, e as denominações podem funcionar como guias neste momento....
De uma maneira simples, podemos dizer que o mapa vinícola sul africano está dividido em regiões, distritos, e áreas (ward), do maior para o menor, do geral para o detalhe.
Maravilha, a partir daqui basta um pouco de atenção e algumas simples perguntas ao pessoal das lojas, e você está pronto para saber que:
A maior e principal região dos vinhos sul africanos atende pelo nome de “Coastal Region”, enorme, de frente para o mar, verdadeira testemunha do namoro entre o Atlântico e o Índico, nem sempre calmo é verdade, os navegadores portugueses que o digam, certo?
A cidade do Cabo é a referência desta região, e seus principais e mais tradicionais distritos atendem pelos nomes de Stellenbosch, e Paarl.
Que o distrito de Stellenbosch tem 7 áreas (wards) distintas, mas a força do seu nome é o bastante, e que Franchhoek e Wellington são as duas principais “wards” de Paarl.  
Ótimo, na próxima vez que você pensar em um vinho sul africano lembre-se disso, comece por uma destas regiões ,Stellenbosch ou Paarl.
Na primeira, terra de tintos, impera a Cabernet Sauvignon, ...na segunda o destaque entre as tintas fica com a Shiraz, mas aqui vale a pena experimentar um branco de Sauvignon Blanc, Chardonnay, ou Chenin Blanc.
A África vinícola é maior do que isso, mas eu garanto que já é um bom começo, e aí na medida que você for se ligando nos seus vinhos, visite os produzidos em Breede River Valley, Klein Karoo, e Olifants River.....

“Nunc est bibendum”, valeu?
Até breve, Bacco a seu dispor.

 Ref: José Osvaldo Albano do Amarante, Eduardo Viotti.....

 

domingo, 18 de agosto de 2013

EpC - "Esse é pra Casar"


Difícil encontrar um vinho europeu na faixa dos $50 que me chame a atenção, normalmente exageram na simplicidade e na falta de graça. As exceções de uma forma geral ficam com os portugueses, esse Touriga Nacional é um bom exemplo disso.  

 Quinta da Castainça
Touriga Nacional - 2009
Douro - DOC
Acl. = 14,5,%.

 
Uma casta nobre de alto potencial, uma região de muita tradição, e 12 meses de barricas francesas novas, são os principais avalistas deste vinho com tudo no lugar, boa acidez, os elevados 14,5% bem distribuídos, um vinho macio, com um final longo e agradável.
Comprei no Festval de Curitiba seguindo o conselho do meu amigo Carlos, o simpático lusitano responsável pela boa adega do supermercado, paguei menos de $50,00.

      
“Nunc est bibendum”, recomendo, um vinho gostoso e fácil de beber.
Até breve, Bacco a seu dispor.

 

sábado, 10 de agosto de 2013

Rapidinha - Breve história do Vinho XVI


Depois da queda, Carlos Magno!

 
Ok, o mundo do vinho tomou o maior susto com a queda do Império isso lá é verdade, mas seria injustiça responsabilizar a falta de “sensibilidade” e “fineza” dos invasores bárbaros com único fator preponderante das dificuldades que estavam por acontecer.
Registros da época mostram que os novos donos da Europa,  godos, visigodos, vikings,....normandos, etc,  não só tentaram preservar os vinhedos bem como em algumas situações até incentivaram o crescimento, espertos  esses tal de bárbaros!
Acho que coisa pode ser melhor explicada pela fragmentação do poder em lugar de um império uno.
Estamos falando de um período rico em guerras, invasões e conquistas aconteciam quase todos os dias, o poder pela dominação era a síntese do início da baixa Idade Média.
A cultura do vinho em todos os seus sentidos, do plantio ao consumo, da veneração ao simples comércio, sentia profundamente a falta de governo ou o excesso dele, uma característica da época.
Falta de governo atinge a tudo e a todos, disso nós sabemos bem, inclusive o vinho!
A luz que iluminou as “Trevas” veio com Carlos Magno, e seu Império Carolíngio.
A era carolíngia teve início com o rei franco Pepino o Breve, pai de Carlos Magno, Pepino estabeleceu em Aachen na Alemanha um reino unido e decididamente cristão, dois fatores importantes para a manutenção e o desenvolvimento dos vinhedos e do vinho em si.
O pragmático e conquistador Carlos Magno acrescentou toda Alemanha aos domínios francos ao dominar os saxões, transpôs os Alpes e anexou a Lombardia e Roma, cruzou os Pirineus e chegou até a Espanha onde enfrentou os mouros, Magno foi coroado pelo papa em 800 d.C, imperador do “Sacro Império Romano Germânico”
Entre verdades e lendas, algumas histórias envolvendo Carlos Magno estão relacionadas ao vinho, a criação dos primeiros vinhedos do Rheingau  (riesling!), as colinas de Corton na Borgonha onde teria mandado plantar uvas brancas ao invés de tintas para não sujar suas barbas!, isso pode ser história, mas o grande vinho Corton-Charlemagne certamente não é, ele está lá até hoje para provar isso.
Enfim podemos afirmar que, a cultura do vinho sobreviveu aos tempos difíceis da Idade Média em parte graças a Carlos Magno.

“Nunc est bibendum”, obrigado grande Imperador.
Até breve, Bacco a seu dispor

 Ref : Hugh Johnson, Rod Phillips........

 

 

 

domingo, 4 de agosto de 2013

Rapidinha - Breve história do Vinho - XV


Chegou a Idade das Trevas !?

 Foram necessários 14 capítulos e mais de um ano para chegarmos a um dos períodos mais críticos da rica história desta divina bebida, estamos na Idade Média, estamos na Idade das Trevas, e vamos permanecer por aqui por um tempo..........
No início da era cristã o vinho já tinha seu status consolidado, era um produto comercial rentável, ocupava toda a Europa da época, detinha uma importante posição cultural, e era visto como uma bebida mais do que agradável, capaz de proporcionar bem estar e facilitar as interações sociais.
A adoção do cristianismo como religião oficial do Império Romano acabou por consolidar o status do vinho, afinal ele representava nada mais nada menos do que o sangue de Cristo.
O colapso e a conseqüente ruína da parte ocidental do Império trouxe consigo, medo, incertezas, e muita desconfiança, seriam os invasores bárbaros capazes de entender o papel do vinho na cultura da época e sua importância social e econômica?
Os invasores de origem germânica traziam consigo além da fama de bárbaros impiedosos e cruéis, a de bons bebedores de cerveja!
Os romanos viam os antigos alemães como viciados em cerveja forte, uma bebida rústica, alcoólica, extraída com muito pouca arte e freqüentemente adulterada, portanto muito longe de poderem apreciar um bom vinho, a verdade mesmo é que o romanos foram destruídos, perderam, e como tal não poderiam admitir outro cenário, típico de perdedores em qualquer situação.
O engraçado de tudo isso é que mesmo deixando qualquer preconceito de lado, ainda hoje podemos conceber a imagem do italiano elegante no seu Armani apreciando seu fino Brunello em um local exclusivo de Roma ou Milão e do alemão enchendo a cara de cerveja na Hofbrauhaus de Munique por exemplo..
Brincadeiras à parte, o fato é que em pleno século XXI, tanto italianos como alemães produzem vinhos que são verdadeiras jóias.
Bem de volta ao século V a questão é a seguinte:, teriam  as tribos germânicas, classificadas como “bárbaras” pelos “civilizados” romanos,  o necessário discernimento para então  preservarem os vinhedos tão duramente por eles cultivados através dos séculos, ou seria o fim de uma história começada há milênios.

“Nunc est bibendum”, que tal um bom vinho enquanto espera para ver....
Até breve, Bacco a seu dispor.

Ref: Rod Phillips, Hugh Johnson...

foto : Minha homenagem aos bebedores de cerveja, essas eu trouxe de lá, 1985 eu acho.

 

 

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

EpC - "Esse é pra Casar"


Semana do Francisco no Rio, brilhante, muito o que comemorar, eu que não tenho preconceito com vinho brasileiro abri logo um “Francesco”, sugestivo não é não !. Poderia ter sido o vinho do Papa, não faria feio. Mais um bom trabalho da catarinense Villa Francioni, grande opção aos vinhos da Serra Gaúcha.

 Villa Francioni
Francesco - 2006
Acl. = 13,7,%.

 Um vinho com a capacidade de surpreender, elegante e ao mesmo tempo voluptuoso, “estruturado e preciso” no seu complexo corte de  Cabernet Sauvignon, Merlot, Cabernet Franc, Malbec e Syrah,  (uma feliz e pertinente observação no contra rótulo). Madeira presente, acidez no lugar certo, aromas intensos e desafiantes......
Vinho brasileiro bom de verdade, em linha com os importados, ainda são raros , e geralmente caros, este é ótimo e na minha humilde opinião, faz jus ao seu preço.
Comprei no Mercado Municipal de Curitiba ( Adega Brasil ), paguei R$ 76,00

“Nunc est bibendum”, recomendo sem medo de ser feliz, um 2006 inteiro, que ainda poderia ser guardado por mais tempo, uma demonstração da longevidade de alguns nacionais de qualidade.
Até breve, Bacco a seu dispor.

terça-feira, 16 de julho de 2013

África do Sul - Mandiba!


São mais de 350 anos produzindo vinho sem nenhuma interrupção relevante, e isso não há como não levar em consideração quando pensamos no vinho sul africano, mesmo reconhecendo que os fazendeiros não eram propriamente apreciadores da bebida, preferiam um conhaque, e principalmente as sérias dificuldades enfrentadas pela África do Sul ao longo destes mais de 3 séculos.
 Em pleno século XX  era mais conhecida pelos seus “sherries” e vinhos brancos simples e baratos.
Emergiu do apartheid, do pesadelo da discriminação racial, ainda dominada por cooperativas e dependente de uvas pouco expressivas como as brancas Chenin blanc e Colombard, ligadas a vinhos mais populares.
Ainda são maioria por lá, mas agora têm a companhia da Sauvignon Blanc e da Chardonnay, uma indicação de ganho de qualidade dos seus vinhos brancos.Os brancos aliás foram maioria até há pouco tempo, hoje com a ajuda das variedades de Bordeaux, os tintos são a atração do momento.
A mais emblemática casta da África do Sul é sem dúvida a comentada Pinotage, aliás mais comentada do que apreciada diga-se de passagem.
O próprio reconhecimento local das limitações da sua uva símbolo, uma combinação da famosa Pinot Noir com a desconhecida Cinsault, levou os produtores a criarem o que eles chamam de “Cape Blend”, um estilo oficialmente reconhecido que promove o corte da Pinotage com uma ou mais das principais  castas francesas, Cabernet Sauvignon, Merlot, Syrah,...etc.
Para alguns “experts”, um blend que colocou a África do Sul no cenário mundial do vinho do novo Mundo, rivalizando com Austrália e Califórnia,.......... há controvérsias.
Eu sinceramente não sei se o atual nível tido como superlativo do vinho sul africano é fruto de um marketing eficiente e poderoso, ou se ele é mesmo uma realidade a ser respeitada, vou precisar beber mais vinho deles com certeza, faça o mesmo você. 

“Nunc est bibendum”, saúde, vida longa Mandiba.
Até breve, Bacco a seu dispor

 
Ref: Hugh Johnson, Jancis Robinson, André Dominé….

sábado, 13 de julho de 2013

EpC - "Esse é pra Casar"


O Chryseia já nasceu nobre, um produto da onipresente família Symington, mais do que uma simples referência quanto o assunto é vinho do Porto ( Warre, Dow, Graham, Quinta do Vesúsio,...etc, testemunhas vivas da capacidade do grupo) . Quando partiram para os vinhos de mesa tranqüilos eles foram buscar ajuda de Bruno Pratts (ex Cos d’Estournel), acertaram novamente, o Chryseia, produzido à partir de castas tradicionais, está entre os melhores vinhos tintos do Douro moderno.

 Chryseia - 2006
Douro - DOC
Acl. = 14,0%.

 Um vinho elegante e complexo, tem o estilo Porto, não poderia ser diferente, precisa de muita atenção ao ser apreciado. Uma boa fruta negra madura, caramelo e madeira proporcionam uma doçura agradável ao paladar, no final uma acidez um pouco acima do que se poderia esperar de um 2006.
Ganhei do meu genro João, não bebe, não conhece, mas sabe presentear como gente grande!

 “Nunc est bibendum”: recomendo, quem sabe eu devesse esperar mais algum tempo antes de abrir, não resisti à tentação!
Até breve, Bacco a seu dispor.

 Obs: Chryseia = d’ouro em grego

quarta-feira, 3 de julho de 2013

EpC - "Esse é pra Casar"

Esse negócio de a cada passeata (pacífica) um brinde está impactando na minha adega, preciso ir às compras urgente!O prazer de abrir um bom vinho não tem preço, por um bom motivo é ainda melhor. Confesso que a “Primitivo”, embora eu respeite o esforço e a dedicação dos produtores do sul da Itália, ela não é uma das minhas cepas preferidas, mas este Luccarelli eu considero uma exceção e uma surpresa muito agradável.

Old Wines Luccarelli – Sava – Itália
Primitivo di Manduria – DOC - 2006
Alc. =14,5%

Abrimos o Luccarelli na presença de outros vinhos italianos de peso, um premiado Amarone estava por lá, e o cara segurou a barra legal. Um 2006 muito pronto, equilibrado, boa estrutura, uma complexidade incomum em um Primitivo, um final marcante fácil de ser lembrado, um vinho muito gostoso, agradou a todos.
Comprei na loja Vino em Curitiba, faz tempo, paguei na época R$ 130,00, e degustamos em um jantar divino promovido pela minha amiga Flavia Bahls....

“Nunc est bibendum”: recomendo este Primitivo sem medo de ser feliz, os anos passados fizeram muito bem para ele.
Até breve, Bacco a seu dispor.

obs: Importado pela Casa Flora Ltda

segunda-feira, 1 de julho de 2013

IndigNAÇÃO - Um brinde!

“ Um papo que pretende ser pura diversão, se agregar “bons vinhos” e “boas companhias” então tudo fica perfeito”, está lá no alto do blog, não abro mão do conceito, e depois de 136 postagens vejo que não excitei um segundo sequer, não desviei um milímetro........é isso aí e pronto.

Mas aí então o Brasil “acorda”! e os sonolentos de plantão foram pegos de surpresa.....me sinto na obrigação de refletir a respeito.
Não é fácil interpretar o movimento das ruas, não vi, ouvi, ou li até agora uma síntese que me agradasse, uma verdadeira tese de doutorado, para historiadores, sociólogos, antropólogos, ...o que seja.
Mas tem uma classe que entendeu menos ainda, a dos políticos, é só prestar atenção nos micos que andam pagando desde o início dos protestos.
Vejamos a definição clássica de “democracia”, a palavra que eles mais gostam de utilizar em momentos como o atual : “ regime de governo em que o poder de tomar decisões políticas está com os cidadãos ( o povo ! ), direta ou indiretamente, por meio de representantes eleitos.
Pelo que parece, para esta grande massa que tomou as ruas, os seus atuais representantes eleitos em um regime democrático simplesmente não servem mais, há muito tempo a grande maioria deles se esqueceu de quem tem o poder de tomar decisões,...... o povo é claro.!
Eles estão obsoletos!
Um olhar mais atento para as ruas mostra a vontade de mudar, a vontade de melhorar, a vontade de se orgulhar, a vontade de amar este país sem restrições.....
Nem partidos, nem ONG’s, nem nada, é a população que se coloca como o maior agente de mudança, ousadia, inocência, sonhos, determinação, coragem, chegando antes de paradigmas e preconceitos... e muita criatividade a serviço das suas idéias e ambições, que tal o minimalista “IndigNAÇÃO”, desfilando livre, leve e solto, para quem quisesse ver e entender, precisava dizer algo mais?!

“Nunc est bibendum”, um brinde aos brasileiros que acordaram este país.
Até breve, Bacco a seu dispor.



quinta-feira, 20 de junho de 2013

"Mama África"

Tem gente que liga a África do Sul ao “apartheid” (Soweto!), outros aos “leões” (parque Kruger !), eu prefiro os vinhos (Stellenbosh)....

A África do Sul é o país vinícola do Novo Mundo com mais cara de Velho Mundo, e nós vamos ver isso na seqüência.
Ela ingressou no mundo do vinho por volta de 1600 pelas mãos dos holandeses (bôeres) da Companhia das Indias Orientais, cuja falta de intimidade com a vinicultura era notória! Por sorte, pelo menos um dominava a matéria, mister Van der Stel, tanto fez que até ganhou homenagem, Stellenbosch (bosque do Stel) a mais promissora região vinícola do país homenageia o pioneiro.
É dele a versão original do lendário “Vin de Constance” o doce Moscatel da nobreza, Napoleão, Frederico da Prússia, Otto von Bismark, a monarquia da Casa de Windsor, todos se encantavam ( e bebiam ) com ele.
A próxima ajuda aos vinhos africanos veio da França, protestantes (hunguenotes) franceses fugindo da perseguição dos católicos se estabeleceram na região hoje conhecida como Franschhoek, o recanto francês. A vida seguiu calma até que estes holandeses e franceses calvinistas, origem dos atuais “africâners” e do idioma de mesmo nome, resolveram cutucar o Império Britânico com a vara curta, almejavam a independência, mas não deu certo, foram duas guerras em 1881 e 1899, razão de sobra para desorganizar por completo a indústria vinícola do país, resultado, a África do Sul abriu o século XX produzindo muito vinho, de uma qualidade só, a ordinária.
“Kooperative Wijnbouwers Verenigning van Zuid-Africa Beperkt’, graças a deus mais conhecida como KWV, a coisa por lá estava tão feia, que até uma cooperativa foi capaz de colocar um pouco de ordem na casa.
A ultra conservadora KWV fundada em 1918 não trouxe propriamente qualidade para o setor, definitivamente não é o papel das cooperativas mundo afora, mas trouxe estabilidade, fundamental para aquele momento.
Duas alegrias, em 1918 com a fundação e em 1997 com a privatização, um passo interessante dentro do cenário de democratização do vinho sul africano.
Mas o pesadelo não tinha acabado, a discriminação racial marca do regime do “apartheid” (literalmente “desenvolvimento em separado” vejam só !!!) gerava sérias sanções econômicas e inúmeros boicotes internacionais, seria um golpe mortal na industria do vinho não fosse a eleição de um senhor que é uma simpatia só, seu nome Nelson Rolihahla, o Mandela!
A verdade é que a moderna África do Sul vinícola tem menos de 15 anos, e seu desenvolvimento pode ser usado de exemplo para muitos, inclusive para nós.....voltamos em breve.

“Nunc est bibendum”, “Não há caminho fácil para a liberdade”, Nelson Mandela.
Até breve, Bacco a seu dispor

Ref: Hugh Johnson, Jancis Robinson, André Dominé, Eduardo Viotti….

segunda-feira, 17 de junho de 2013

EpC - "Esse é pra Casar"

Gosto muito dos vinhos dos produtores instalados no Valle del San Antonio; Matetic, Casa Marin, Leyda e Garcés Silva em especial, os brancos de Chardonnay e Sauvignon Blanc,e o tinto de Pinot Noir são os destaques.Tenho muito carinho pelo Amayna, tinto ou branco, é sempre um prazer abrir um.

Amayna – San Antonio
Sauvignon Blanc - 2011
Valle del San Antonio - Chile
Acl. = 13,5%.

Para mim a Sauvignon Blanc é a uva branca mais emblemática do Chile, e no Valle del San Antonio ela está em casa. É o vale chileno mais próximo do mar (4 km), e seus vinhos nitidamente trazem consigo as influências da bruma e das brisas frias do oceano. O Amayna Sauvignon Blanc com seu intenso frescor é um legítimo representante desta região. Muito gostoso de se beber, só ou acompanhando um bom pescado!
Comprei na Queijos e Vinhos do Mercado Municipal em Curitiba, sempre bem atendido pelo meu amigo Bill, paguei R$110,00, pela qualidade acho que posso dizer que vale a pena.

“Nunc est bibendum”: recomendo, abra um Amayna na próxima oportunidade, branco de Sauvignon Blanc ou tinto de Pinot Noir
Até breve, Bacco a seu dispor.

domingo, 2 de junho de 2013

Rapidinha "Breve história do Vinho XIV"

“Corpus Christi”

“O sacramento da Eucaristia só pode celebrar-se com vinho da videira, pois esta é a vontade de Cristo Jesus, que escolheu o vinho quando ordenou tal sacramento [....] e também porque o vinho de uva constitui de certo modo uma imagem do efeito do sacramento. Refiro-me à alegria espiritual, pois está escrito que o vinho alegra o coração do homem” - Santo Tomás de Aquino (sec XIII)

“Nunc est bibendum”, na origem da Eucaristia cristã (Ceia do Senhor), encontramos o velho hábito da reunião ao redor de uma mesa, onde comida e bebida são compartilhados, simples assim.
Até breve, Bacco a seu dispor.

Ref : Hugh Johnson

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Rapidinha - Suco de Uva!

Suco de uva é coisa de gente grande, (e de gente pequena também.)

Um suco 100% integral tem só uva, nada de água, nada de açúcar.
Por ser totalmente natural, precisa de todos cuidados possíveis durante sua fabricação, errou não tem conserto....
Você sabe qual a fruta mais plantada do planeta? laranja !, belo palpite companheiro, a laranja é muito plantada e seu suco muito consumido, mas a fruta mais plantada do planeta é a ...uva!
O suco integral de uva  brasileiro está melhorando muito em qualidade, o investimento é grande, é coisa séria, coisa de gente grande...
Esqueça por um momento a Cabernet Sauvignon, a Merlot, aqui quem manda é a Bordô, a Concord, a Isabel, a Niágara, as chamadas “uvas de mesa”, mais estáveis mais saborosas quando o assunto é suco.
O sucesso do suco “respinga” no sucesso do vinho, respeita-se a verdadeira vocação das “uvas de mesa”, garante a fonte de renda de muitas famílias que as cultivam, e o nosso vinho brazuca passa a ser produzido só a partir de “viníferas”, beleza, cada coisa no seu lugar, melhor impossível.

“Nunc est bibendum”, tome um suco de uva hoje companheiro.
Até breve, Bacco a seu dispor

Nota : sucos bem avaliados em uma degustação com participação também de crianças – Aurora, Casa de Bento, Da Casa, Quinta do Morgado, Aliança, Casa Madeira,Garibaldi, Vistamontes...
Fonte : diVino-Sabores.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

EpC - "Esse é pra Casar"

Um “Clássico”, a melhor definição para este vinho da tão gigante quanto tradicional Viña Santa Rita. Seus famosos vinhedos de Cabernet Sauvignon no Maipo garantem a qualidade estável deste vinho, ano após ano, safra após safra, esta de 2008 não é uma exceção, está ótima!


Santa Rita Medalla Real – Gran Reserva
Cabernet Sauvignon – 2008
Valle del Maipo - Chile.
Acl. = 14,5%.


A cor atraente de um vermelho rubi brilhante com reflexos violáceos, é o primeiro convite para beber esse vinho, aí você então bebe, e o prazer é um só, acidez na medida certa, álcool bem integrado, taninos finos e macios, tudo contribuindo para uma elegância e uma harmonia merecida. Um final longo enfileirando frutas negras, cassis e ameixas, tostado, cedro, alcaçuz,além de um leve toque herbáceo.........enfim um vinho muito gostoso em sua totalidade.
Comprei na Gran Cru em Curitiba sempre bem assistido pela Márcia, na época paguei R$88,00, agora está um pouco mais, infelizmente....

“Nunc est bibendum”: recomendo, um 2008 que pode melhorar ainda mais, se você tiver paciência para isso.
Até breve, Bacco a seu dispor.









domingo, 12 de maio de 2013

Rapidinha "Mãe é Mãe"

“Mãe é Mãe e Vice Versa”........
                                                        

sábado, 11 de maio de 2013

EpC - "Esse é pra Casar"

A Syrah é antiga como muitas outras cepas, e para mim é tão nobre e complexa como a Cabernet Sauvignon, e melhor, já não está tão restrita à França ( Rhône Norte,sua casa) e à Austrália ( Hunter Valley, Barossa..). Por aqui Chile e depois Argentina já produzem bons vinhos de Syrah, o Benegas é um deles. A velha Syrah quem diria, está na moda!

BENEGAS.
State Vineyards.
Syrah – 2008
Mendoza – Argentina.
Acl. = 14,5%.

Rubi intenso, escuro, aromático, robusto, potente, carnudo, cheio de personalidade, com boa tipicidade, apimentado e terroso, além de nítidas frutas negras maduras, um final longo o suficiente para ficar na sua memória.
Comprei na Adega Boulevard em Curitiba, na época paguei R$90,00.

“Nunc est bibendum”, recomendo, um 2008 bom agora e melhor ainda dentro de mais alguns anos.
Até breve, Bacco a seu dispor.







segunda-feira, 6 de maio de 2013

DDD-Bacco nº14 "Bactérias & Leveduras"

Duvidas Devidamente Degustadas

Assim que as leveduras terminam seu turno e a fermentação alcoólica está concluída, as bactérias que ficaram quietinhas até este momento fingindo se de mortas, entram em ação, tem início a fermentação malolática, beleza!
Claro que tem muita bactéria neste mundo, algumas muito nocivas a nós, outras nem tanto, outras ainda totalmente inofensivas, este é o nosso caso, não quero ver ninguém desistindo de beber vinho porque ele contém bactérias......
Vamos nos ater a duas delas, as bactérias lácticas, adoram ácido málico, gosto este que resulta na “malolática”, ou seja a transformação do ácido málico (gosto de fruta verde) em ácido lático (gosto mais agradável, lácteo) , e o vinho tinto agradece.
Acontece que temos também as bactérias acéticas, estas gostam mesmo é do álcool, aqui o resultado final é o “avinagramento” do vinho, nada bom companheiro, temos que evitar que estas folgadas façam suas lambanças no nosso mosto-vinho. Dica? evite a qualquer custo o contato das espertinhas com o oxigênio e pronto, o problema está resolvido, todo enólogo conhece bem estes tipos e sabe como controlar a situação durante o processo.
Então, apesar da fermentação malolática, guarde este nome, acontecer de forma natural após a fermentação alcoólica, ela precisa ser conduzida de perto pelo enólogo, que controla os níveis de ácido málico, de ácido láctico, de ácido acético, de álcool, além da adição de anti-sépticos, (o SO2 que sempre aparece mencionado nos rótulos), para que no final da história, não se tenha mais atividade bacteriana no mosto.
Os bons vinhos tintos passam com certeza pela fase da malolática, os brancos nem sempre, o melhor quase nunca.
Nos tintos a malolática transfere aromas lácteos, amanteigados, agradáveis, gostosos, além de tornar o vinho mais “macio”, perde-se um pouco dos aromas das frutas, a sensação de frescor é menor ( menor acidez ) mas o resultado final é quase sempre positivo.
Nos brancos onde acidez/frescor são sinônimos de qualidade, é preciso cuidado, a malolática pode fazer com que você sinta o vinho um pouco enjoativo, lácteo demais, amanteigado demais, frutado de menos, fresco de menos,...etc, etc......
Tem muito “Chardonnay” da Califórnia principalmente produzido assim, com a malolática presente, experimente, compare com um Chablis por exemplo e sinta as diferenças, elas estão lá.

“Nunc est bibendum”, adeus leveduras e bactérias, vamos ao vinho....saúde!
Até breve, Bacco a seu dispor.

Ref : Euclides Penedo Borges “ABC Ilustrado da Vinha e do Vinho”



quarta-feira, 1 de maio de 2013

DDD-Bacco nº13 - "Leveduras & Bactérias"

Dúvidas Devidamente Degustadas

As uvas nascem, crescem, amadurecem e......apodrecem, isso se nada for feito para alterar o ciclo da vida.
É aí, graças a Deus! que entra em ação o tal “fenômeno da fermentação”, simplesmente a marca registrada da elaboração de um vinho, sem fermentação nada de vinificação.
Ufa!, salvos por insignificantes microorganismos, leveduras e bactérias, no mínimo curioso...
A primeira participa da tumultuosa fermentação alcoólica, tendo como resultado o álcool como o próprio nome denuncia, já as outras, as bactérias, dão cabo da fermentação malolática, nome que explica a transformação do ácido málico em ácido láctico, uma contribuição positiva para o gosto final do vinho, bactéria sangue bom essa daí!
As leveduras também são conhecidas como fermentos, do latim “fervere” = ferver, a expulsão do gás na fermentação dá a impressão de que o mosto esta em ebulição, é o tumulto!
E são impossíveis estas leveduras, é preciso um bom enólogo para dominar a situação e evitar o caos que elas podem provocar
Tá certo, amassar os cachos e deixar para lá, o suco fermenta e vira vinho, mas que vinho companheiro?
O enólogo precisa conhecer a forma e a atividade das leveduras com profundidade, saber incentivar as úteis a trabalharem, evitar que o bando das nocivas, também presentes, estraguem a brincadeira, conhecer o potencial das boazinhas, e então colocar o mosto nestas condições e sair para o abraço.
Invisíveis a olho nu, um microscópio é indispensável, as leveduras elípticas ( bola de futebol americano) de nome complicado, “ saccharomyces ellipsoideus” leia e esqueça, não vai ajudar a gostar mais ou menos do vinho, são as melhores amigas do produtor neste momento, consomem o açúcar do mosto, produzem álcool e exalam gás carbônico como ninguém, uma maravilha diria o enólogo mais empolgado.
Produtores corajosos em nome do vinho natural, só utilizam leveduras selvagens, aquelas que habitam as cascas das uvas, legal mas perigoso, o processo de fermentação pode sair do controle,e aí bau, bau amigo, vinho de qualidade só na próxima fornada!
A maioria encomenda a velha e conhecida “saccharomyces” e adquirem o direito de antever os resultados com mais segurança.
Danadinho este microorganismo, unicelular, invisível, de vida curtíssima, mas reprodução rapidíssima, com formas distintas, ovo, bola de futebol americano, limão, ou salsicha, e capaz de fazer estragos enormes, para o bem e para o mal, muito respeito neste momento, tchau.
Bacco, e as tal bactérias sangue bom? Fica para a próxima companheiro, ok?

“Nunc est bibendum” Deus, salve a fermentação controlada.
Até breve, Bacco a seu dispor.

Ref : Euclides Penedo Borges, Dirceu Vianna Junior & José Ivan Santos



















sexta-feira, 26 de abril de 2013

EpC - "Esse é pra Casar"

Os italianos me alegram e me decepcionam na mesma proporção, sinto dificuldade de antever meus sentimentos quando abro um, mas nunca perco o respeito pelos produtores e sua eterna paixão pelos vinhos que produzem e bebem.... .Este IGT me surpreendeu positivamente, uma elegância rara.

LA MASSA
Toscana
IGT – 2008
Panzano in Chianti – Itália
Acl. = 14%

Rubi intenso, aromático, álcool comportado, acidez correta, bom corpo, taninos finos com alguma doçura, boca deliciosa, final para ser lembrado, acompanhou com maestria um jantar feito pela Bia,um vinho para lá de gastronômico, como todo bom italiano por sinal.
Comprei na Vino do Mercado Municipal de Curitiba, paguei R$110,00 em mais uma promoção da minha amiga Heloisa.

“Nunc est bibendum”, recomendo, um 2008 que ainda pode melhorar por mais alguns anos.
Até breve, Bacco a seu dispor