sábado, 30 de março de 2013

Momento Bacalhau! (reloaded)

Eu Gadus Morhua e meu primo o Macrocephalus , ele é meio “nerd” mas é sangue bom também, já convidamos a galera toda para a festa.

As batatas vêem em peso, coradas como nunca, a cebola disse que vai dar carona para o alho e a pimenta, só por garantia, ano passado se perderam pelo caminho....
O azeite disse que se manteve virgem, ou melhor extra virgem, só para o encontro.
As azeitonas empolgadas se fantasiaram de pretas e verdes.
Este ano o tomate disse que não falta de jeito nenhum, perguntou se pode trazer o amigo pimentão, claro que pode!
Os vinhos imagina só, alugaram uma van só para eles!
E os ovos já garantiram o doce final da festa, com as crianças como sempre correndo atrás dos coelhinhos..............

“Nunc est bibendum”, Feliz Páscoa, corram atrás dos seu sonhos.
Até breve, Bacco a seu dispor.......
Post original : 5/4/2012



sexta-feira, 29 de março de 2013

Páscoa, Ovos,Bacalhau & Vinho! (II)

“Bacalhau é peixe, mas é tão diferente dos seus irmãos que poderia ser outra coisa qualquer, sei lá ?”


Não existem regras para combinar bacalhau e vinho, mas não se engane, eles se entendem muito bem, é preciso apenas ter cuidado nas escolhas.
Com a receita na mão, a sua, da sua mãe, da sua vó, da vizinha, da revista,....não importa, aí então podemos escolher o parceiro ideal
É só uma dica, receitas mais leves, vinhos mais leves,(brancos), receitas mais pesadas, vinhos mais intensos (brancos e tintos)
Utilizando uma escala de leveza (corpo) algo imperfeita, temos na seqüência : vapor, fervido, frito (óleo neutro), salteado ( azeite, manteiga), grelhado, assado, ensopado (molhos)
Obs: leveza não se mede em “calorias” ok?
Para as 3 primeiras técnicas, de corpo leve, o ideal seria um branco leve, sem passagem por madeira, pois é, não fique triste se não gosta de branco : palavras de um importante (algo frustado) sommelier de SP “ indico sempre um branco, mas 9 entre 10 pedem tinto”
Com os próximos 3 já podemos pensar no nosso favorito vinho tinto, oba !, porém ainda sem exageros, não muito encorpado, pesado....(vai ficar amargo)
Sobrou o ensopado ( há quem goste ), e aí sim fique à vontade, coloque bastante molho na receita e abra aquele tinto escuro, alcoólico, cheio de taninos (lembra ?)
Como bacalhau é coisa de português ( pelo menos eu acho ), seria legal se você escolhesse vinhos da “terrinha” para acompanhar o seu
Para os mais leves, que tal um vinho Verde especial e original da região do Minho ao norte de Portugal. Os bons usam a uva Alvarinho e só, esqueça o Casal Garcia e o Gatão por favor....
Os brancos da região do Douro e do Dão também são boas opções, um pouco mais encorpados, pesquise nas lojas especializadas.....
Para os pratos com mais corpo, podemos então escolher um legítimo português do Alentejo ao sul de Portugal, feito com uvas Trincadeira, Aragonês e Castelão ( leia o rótulo com atenção )
Se você ainda sim não consegue largar do seu chileno preferido ( todos têm um ), eu sugiro que pelo menos ele seja feito da uva Pinot Noir, no máximo, mas bem no máximo um Merlot, ok?
Para os ensopadões estão liberados os Sauvignons e Malbecões !!
E por fim, a data merece, escolha um bom bacalhau, um da espécie Gardus Mohua ( o verdadeiro bacalhau da Noruega, peço perdão aos patrícios neste momento de admiração nórdica...)
Ok?, tudo certo ?
Tudo ótimo, mas e que faço com Ovos de Páscoa ?, bem neste caso compre também um vinho do Porto (bom) e pronto aí está a combinação certa para o fim de festa........
Uma grande Páscoa para todos nós e sempre que possível que seja comemorada em família

É isso então, “nunc est bibendum”, grande Edu....saudades!
Até breve, Bacco a seu dispor......

Thanks : Adega, Larrouse, Jancis, Edinaldo Pires.....
              "Post"publicado anteriormente em 20/04/2011


domingo, 24 de março de 2013

Rapidinha - Breve história do Vinho XIII

Tem por fruto rubis,
Carregada de cachos que encantam o olhar
De lápis-lazúli são seus galhos
Deita frutos à vista desejáveis [....]
(1.800 a.C.)

Diferentemente da sua história, um épico de adorações, louvações, emoções, paixões, declarações, ou simplesmente testemunhos da presença do vinho em cada momento da antiguidade, um legado principalmente de egípcios, gregos e romanos, não sabemos realmente qual era o “gosto verdadeiro” do vinho antigo.
Vestígios de vinho foram encontrados em jarras datadas de 3.000 a.C, sabe-se que muito antes por volta de 5.600 a.C a produção vinícola na região do Crescente Fértil era uma realidade dominada pelos povos locais. (cap.II)
Já na nesta época o vinho percorria longas distâncias até seu local de consumo, pensando em técnicas de conservação conhecidas até então, dá para imaginar em que estado ele chegava!
Ânforas era tudo que tinham para transportar e guardar a bebida.
O hábito de acrescentar ervas, mel, tudo mais que se encontrasse, explica de certa forma qual seria o gosto do vinho após meses de viagem entre a sua origem na Mesopotâmia até o Mediterrâneo. (cap.V e VII)
Difícil de acreditar que uma bebida tão frágil em sua composição original ocupasse desde cedo o lugar da cerveja, mais fácil de produzir, mais fácil de guardar, mais barata para se beber, ..é preciso respeitar o poder desta bebida e sua evolução no decorrer da História!
Voltando ao gosto, os gregos e romanos abusavam da doçura em seus vinhos, talvez um fator de qualidade da época, quanto mais doce melhor. Dominavam a técnica de “secar” as uvas antes da fermentação, aumentando o teor de açúcar das mesmas, depois ainda acrescentavam mosto fervido e mel, muito mel, há receitas sugerindo vinho e mel na mesma proporção, vinho ou xarope?!
O hábito de misturar o vinho com água, em muitas ocasiões água do mar, salgada e quente, pode ser explicado como uma maneira de deixar o vinho menos enjoativo, mais frutado ao cortar o açúcar, e mais ácido também, ok faz sentido, mas seguramente nada parecido com o que temos hoje, com certeza.
Outras técnicas de preservação como a adição de ervas, temperos e resina ( Retsina grego !) determinavam as características aromáticas e gustativas da bebida da época, por gosto ou necessidade, ou ambos.
Talvez seja possível concluir que o vinho preferido dos nobres e poderosos era mais concentrado e doce do que o atual, mais próximo de um Porto, um Jerez,..um Tokay,....já o da população em geral por razões óbvias deveria ser ralinho e meio azedo. (cap.X)
É muito difícil reconstituir sabores a partir das descrições de fontes históricas, se os antigos que se dedicavam a comentar os seus vinhos tivessem um décimo da criatividade, e também da cara de pau em alguns casos, dos nossos críticos atuais, talvez fosse possível determinar melhor o gosto e as preferências da época, pelo menos parte dos nossos exageros de hoje, poderiam ser úteis aos econômicos mestres do passado.
“Nunc est bibendum”, abra um Tokay Essenczia e sinta-se na Grécia antiga
Até breve, Bacco a seu dispor

Ref : Hugh Johnson, Rod Philips



quarta-feira, 20 de março de 2013

EpC - "Este é pra Casar"

Um Malbec tão discreto quanto parece ser o “Francisco”, mas não se engane, tal como um genuíno jesuíta este é fiel à suas origens, ao seu terroir.( vinhedo único)

Viña Amália
Gran Reserva – Malbec 2009
Acl. = 14,4%
Valle del Uco – San Carlos - Mendoza – Argentina.


A elegancia do Viña Amália, um vinho de Carlos Basso, está ligada à sua origem, o Valle del Uco tem os vinhedos mais altos de Mendoza, é a mais fria das regiões vinícolas que pertencem a Mendoza. As diferenças de temperatura dia/noite e o frescor das noites permitem que a uva “durma bem” e descanse o necessário, e também amadureça por completo. A Malbec está bem adaptada por lá, aroma discreto (2009), taninos finos, madeira na medida certa, contribuindo para um toque de especiarias, boca com boa estrutura, final comportado, um pouco distante dos “malbecões”, mas ainda em condições de acompanhar uma boa carne vermelha.
Comprei na Queijos e Vinhos do Mercado Municipal de Curitiba, e paguei R$ 62,90, antes deste horroroso aumento geral....

“Nunc est bibendum”, é isso recomendo, seja bem vindo Francisco, acho que vou gostar de mais um argentino!
Até breve, Bacco a seu dispor.



domingo, 17 de março de 2013

Rapidinha "Breve história do Vinho XII"

"Por um as podes tomar vinho
Por dois podes tomar o melhor
Por quatro podes tomar Falerno"

Não é de hoje que a relação “preço x prazer” impera quando o assunto é vinho.

Na Pompéia de antes do Vesúvio acordar, onde mais de 200 tabernas vendiam vinho à população, o Falerno reconhecido em Roma como o vinho dos nobres era oferecido por um preço quatro vezes maior do que o do vinho comum.
Pompéia a Bordeaux da Itália romana era na época o maior porto vinícola do império e abastecia Roma com todos os tipos de vinho da época.
Assim como Bordeaux de hoje e seus “Châteaux”, esplêndidas “Vilas” a maioria produtoras de vinho, circundavam a cidade de Pompéia.
O Império consumia cada vez mais vinho, muito além do “convivium”, o modelo romano para o “simposium” grego, toda população tinha de alguma forma acesso à bebida, as mulheres antes proibidas de beber ( “quando bebiam perdiam o sentido de descrição e ficavam mais propensas a cometer adultério” – Juvenal ) , agora já não sofriam tanta restrição, o vinho barato chegava até aos servos e escravos, e Pompéia lucrava com tudo isso.
O primeiro exemplo da dependência de Roma com relação ao vinho de Pompéia vem com um terremoto que destruiu grande parte da cidade e com toda safra de 62 d.C, um horror!
Mas o pior viria anos mais tarde quando o Vesúvio fez sua parte e em 79 d.C soterrou Pompéia e levou de quebra a vizinha Herculano. ( A erupção de 79 d.C foi 10 vezes maior do que a do Monte Santa Helena em 1980 !)
O caos se instalou em Roma, a safra de 78 perdida, a de 79 não viria jamais, a corrida para plantar vinhas em qualquer lugar próximo a Roma com a conseqüente destruição de trigais, obrigou as autoridades locais a tomarem medidas duras, o abastecimento de alimentos da capital estava em perigo.
Por decreto imperial em 92 d.C novos vinhedos foram proibidos de serem plantados na Itália, e outros nas províncias ultramarinas foram arrancados.
O decreto durou 200 anos mas não impediu o crescimento da indústria vinícola, ufa!

“Nunc est bibendum”, saúde, salve amigo Luque!
Até breve Bacco a seu dispor

Ref : Hugh Johnson, Rod Phillips



sexta-feira, 8 de março de 2013

OITO DE MARÇO !

Não adianta, não consigo fugir da data, há dois anos neste mesmo dia eu começo um texto dizendo não acreditar na necessidade da Mulher ter seu dia especial, 8 de Março, dia Internacional da Mulher ?????Será, então porque estou aqui outra vez?
Aí me vem a ONU e escolhe a data para falar sobre a violência contra a mulher : “sete em cada dez mulheres no mundo passarão por algum tipo de violência física ou sexual ao longa da vida”, um caso de “pandemia” segundo o Sr Ban Kimoon, um fato alarmante, concreto, que se apresenta muito além da retórica padrão destas organizações.
Prestou atenção companheiro, parou para refletir, um minuto de lucidez por favor, agora mais do que nunca estou convicto, a Mulher não precisa mesmo de 1 dia de celebração, precisa sim de 365 dias de proteção, ok irmão? Vai nessa, cumpra com a sua parte................

Ufa, pegando mais leve, vamos voltar para o mundo do vinho, a proposta deste blog, que tal uma lenda portuguesa que homenageia uma heroína?
“ A lenda se passa na Idade Média em Monção, às margens do rio Minho, região da alvarinho e seus vinhos verdes. Durante um longo cerco espanhol à cidade, nossa heroína teve a iniciativa de, todos os dias fazer pão com a pouca farinha que ainda restava aos famintos habitantes da vila e gritar para os inimigos escutarem, “Deus lo deu, Deus lo ha dado”, fazendo com que os espanhóis acreditando na fartura divina de alimento na cidade, desistissem do cerco. A nossa esperta heroína virou mito, ganhou apelido “Deu-la-Deu e até virou estátua em Monção.”
Essas mulheres.....!! não é de graça a minha eterna admiração por elas, e agora para tornar as coisas mais leves ainda que tal dividir com a sua companhia um daqueles vinhos da série EpC “Esse é pra Casar”.....ok vamos lá?

Alvarinho “Deu-la-Deu”
Vinho Verde - Denominação de Origem Controlada
Adega Cooperativa Regional de Monção

Um branco seco, untuoso, dourado, aromas cítricos, além de maçã e pêssegos, com uma longevidade incomum aos vinhos verdes em geral.
Comprei na Vino do Mercado Municipal de Curitiba, paguei $ 78,60 ( antes do aumento generalizado)

"Nunc est bibendum", recomendo sem medo de ser feliz. (saudades, parabéns pelo dia Lalú)
Até breve, Bacco a seu dispor

Ref : Euclides Penedo Borges “ O fantástico mundo dos vinhos”
Pandemia = epidemia generalizada; Retórica = arte de se expressar com eloqüência ( obrigado Bechara)





domingo, 3 de março de 2013

EpC - Esse é prá Casar

Pode até parecer estranho chamar o encontro com um vinho português de surpresa, afinal os patrícios estão por aqui há tempos, literalmente, e seu time de apreciadores não para de crescer. Dão, Alentejo, os brancos do Minho, Setúbal, Beiras, Lisboa, este vem do Douro, a região de maior fama, concorrência dura sem dúvida.

 Quanta Terra (Alijó)
Grande Reserva – Douro DOC 2008
Acl. = 14,0%
Douro – Portugal

Um corte tradicional da região, Touriga Nacional, Touriga Franca, e Tinta Roriz, um vinho de aromas marcantes de frutas vermelhas maduras, com boa estrutura, taninos finos, de uma equilibrada acidez, potência e elegância na medida certa, um final muito prazeroso. Surpresa sim, e das agradáveis.
Tomei na casa do meu amigo Afonso, a Andréia fez um risoto com peperoni maravilhoso, ele me disse que pagou $ 110,00 pelo vinho, e comprou na “Presenza” – Ângelo Sampaio 1598 – Curitiba, Importador – Adega Alentejana.

"Nunc est bibendum", é isso recomendo, em uma noite meio que misturada, um italiano e um argentino também estavam por lá, ele foi considerado o vinho da noite.
Até breve, Bacco a seu dispor.