terça-feira, 16 de julho de 2013

África do Sul - Mandiba!


São mais de 350 anos produzindo vinho sem nenhuma interrupção relevante, e isso não há como não levar em consideração quando pensamos no vinho sul africano, mesmo reconhecendo que os fazendeiros não eram propriamente apreciadores da bebida, preferiam um conhaque, e principalmente as sérias dificuldades enfrentadas pela África do Sul ao longo destes mais de 3 séculos.
 Em pleno século XX  era mais conhecida pelos seus “sherries” e vinhos brancos simples e baratos.
Emergiu do apartheid, do pesadelo da discriminação racial, ainda dominada por cooperativas e dependente de uvas pouco expressivas como as brancas Chenin blanc e Colombard, ligadas a vinhos mais populares.
Ainda são maioria por lá, mas agora têm a companhia da Sauvignon Blanc e da Chardonnay, uma indicação de ganho de qualidade dos seus vinhos brancos.Os brancos aliás foram maioria até há pouco tempo, hoje com a ajuda das variedades de Bordeaux, os tintos são a atração do momento.
A mais emblemática casta da África do Sul é sem dúvida a comentada Pinotage, aliás mais comentada do que apreciada diga-se de passagem.
O próprio reconhecimento local das limitações da sua uva símbolo, uma combinação da famosa Pinot Noir com a desconhecida Cinsault, levou os produtores a criarem o que eles chamam de “Cape Blend”, um estilo oficialmente reconhecido que promove o corte da Pinotage com uma ou mais das principais  castas francesas, Cabernet Sauvignon, Merlot, Syrah,...etc.
Para alguns “experts”, um blend que colocou a África do Sul no cenário mundial do vinho do novo Mundo, rivalizando com Austrália e Califórnia,.......... há controvérsias.
Eu sinceramente não sei se o atual nível tido como superlativo do vinho sul africano é fruto de um marketing eficiente e poderoso, ou se ele é mesmo uma realidade a ser respeitada, vou precisar beber mais vinho deles com certeza, faça o mesmo você. 

“Nunc est bibendum”, saúde, vida longa Mandiba.
Até breve, Bacco a seu dispor

 
Ref: Hugh Johnson, Jancis Robinson, André Dominé….

sábado, 13 de julho de 2013

EpC - "Esse é pra Casar"


O Chryseia já nasceu nobre, um produto da onipresente família Symington, mais do que uma simples referência quanto o assunto é vinho do Porto ( Warre, Dow, Graham, Quinta do Vesúsio,...etc, testemunhas vivas da capacidade do grupo) . Quando partiram para os vinhos de mesa tranqüilos eles foram buscar ajuda de Bruno Pratts (ex Cos d’Estournel), acertaram novamente, o Chryseia, produzido à partir de castas tradicionais, está entre os melhores vinhos tintos do Douro moderno.

 Chryseia - 2006
Douro - DOC
Acl. = 14,0%.

 Um vinho elegante e complexo, tem o estilo Porto, não poderia ser diferente, precisa de muita atenção ao ser apreciado. Uma boa fruta negra madura, caramelo e madeira proporcionam uma doçura agradável ao paladar, no final uma acidez um pouco acima do que se poderia esperar de um 2006.
Ganhei do meu genro João, não bebe, não conhece, mas sabe presentear como gente grande!

 “Nunc est bibendum”: recomendo, quem sabe eu devesse esperar mais algum tempo antes de abrir, não resisti à tentação!
Até breve, Bacco a seu dispor.

 Obs: Chryseia = d’ouro em grego

quarta-feira, 3 de julho de 2013

EpC - "Esse é pra Casar"

Esse negócio de a cada passeata (pacífica) um brinde está impactando na minha adega, preciso ir às compras urgente!O prazer de abrir um bom vinho não tem preço, por um bom motivo é ainda melhor. Confesso que a “Primitivo”, embora eu respeite o esforço e a dedicação dos produtores do sul da Itália, ela não é uma das minhas cepas preferidas, mas este Luccarelli eu considero uma exceção e uma surpresa muito agradável.

Old Wines Luccarelli – Sava – Itália
Primitivo di Manduria – DOC - 2006
Alc. =14,5%

Abrimos o Luccarelli na presença de outros vinhos italianos de peso, um premiado Amarone estava por lá, e o cara segurou a barra legal. Um 2006 muito pronto, equilibrado, boa estrutura, uma complexidade incomum em um Primitivo, um final marcante fácil de ser lembrado, um vinho muito gostoso, agradou a todos.
Comprei na loja Vino em Curitiba, faz tempo, paguei na época R$ 130,00, e degustamos em um jantar divino promovido pela minha amiga Flavia Bahls....

“Nunc est bibendum”: recomendo este Primitivo sem medo de ser feliz, os anos passados fizeram muito bem para ele.
Até breve, Bacco a seu dispor.

obs: Importado pela Casa Flora Ltda

segunda-feira, 1 de julho de 2013

IndigNAÇÃO - Um brinde!

“ Um papo que pretende ser pura diversão, se agregar “bons vinhos” e “boas companhias” então tudo fica perfeito”, está lá no alto do blog, não abro mão do conceito, e depois de 136 postagens vejo que não excitei um segundo sequer, não desviei um milímetro........é isso aí e pronto.

Mas aí então o Brasil “acorda”! e os sonolentos de plantão foram pegos de surpresa.....me sinto na obrigação de refletir a respeito.
Não é fácil interpretar o movimento das ruas, não vi, ouvi, ou li até agora uma síntese que me agradasse, uma verdadeira tese de doutorado, para historiadores, sociólogos, antropólogos, ...o que seja.
Mas tem uma classe que entendeu menos ainda, a dos políticos, é só prestar atenção nos micos que andam pagando desde o início dos protestos.
Vejamos a definição clássica de “democracia”, a palavra que eles mais gostam de utilizar em momentos como o atual : “ regime de governo em que o poder de tomar decisões políticas está com os cidadãos ( o povo ! ), direta ou indiretamente, por meio de representantes eleitos.
Pelo que parece, para esta grande massa que tomou as ruas, os seus atuais representantes eleitos em um regime democrático simplesmente não servem mais, há muito tempo a grande maioria deles se esqueceu de quem tem o poder de tomar decisões,...... o povo é claro.!
Eles estão obsoletos!
Um olhar mais atento para as ruas mostra a vontade de mudar, a vontade de melhorar, a vontade de se orgulhar, a vontade de amar este país sem restrições.....
Nem partidos, nem ONG’s, nem nada, é a população que se coloca como o maior agente de mudança, ousadia, inocência, sonhos, determinação, coragem, chegando antes de paradigmas e preconceitos... e muita criatividade a serviço das suas idéias e ambições, que tal o minimalista “IndigNAÇÃO”, desfilando livre, leve e solto, para quem quisesse ver e entender, precisava dizer algo mais?!

“Nunc est bibendum”, um brinde aos brasileiros que acordaram este país.
Até breve, Bacco a seu dispor.