quinta-feira, 5 de setembro de 2013

DDD - Bacco nº16 - Vinificação em Tinto - Parte II


Dúvidas Devidamente Degustadas

 Açúcar +(leveduras) = Álcool Etílico + (CO2 & Calor),está explicado a “Fermentação do Mosto”, mas não se deixe iludir por esta aparente simplicidade, é aqui que o enólogo de atitudes aquele que assume riscos, esconde seus mais profundos segredos, e ao mesmo tempo exibe sua sabedoria.
Leveduras produzidas em laboratório ou selvagens habitantes da própria fruta, cubas abertas de carvalho ou vasos de concreto revestido, quem sabe ainda tanques de inox ultra modernos, com controle automático de temperatura!
Que tal uma maceração pré-fermentativa, deixar o mosto descansando em contato com suas cascas à baixa temperatura por até 7 dias, uma busca de cor, sabor e aromas. Vai também uma maceração pós-fermentativa, outra vez casca e mosto-vinho em contato, agora até por quatro semanas!
As práticas enológicas, as lícitas bem dizendo, estão aí para ajudar o enólogo a produzir o vinho dos seus sonhos, e dos nossos também.
Continuando em direção ao “olimpo”!
 
Descuba : A Fermentação geralmente termina com o fim do açúcar no mosto, o teor máximo de álcool produzido pelas leveduras antes destas morrerem é da ordem de 15%, aí começa a descuba, a separação do mosto-vinho das suas partes sólidas. O nobre líquido chamado também de “vinho flor” segue seu caminho em um novo tanque para ser estabilizado e clarificado, os sólidos são prensados e o resultado disso é um vinho comum ou uma grapa ou bagaceira.
 
Estabilização : Consiste no tempo de espera para que o jovem vinho em repouso deixe suas pequenas partículas sólidas irem se depositando vagarosamente no fundo do tanque. De tanto em tanto ele precisa mudar de tanque, umas 3 vezes pelo menos, e a borra depositada é separada, o enólogo chama isso de “trasfega do vinho”, um processo que pode durar cerca de 6 meses!, é isso aí, um longo trabalho dentro da vinícola.
Para os vinhos mais simples o processo é acelerado utilizando-se centrifugas, há quem acredite que essa atitude prejudica a qualidade final do vinho, eu sou um deles.............
Este é o momento de falarmos sobre a “malolática” , relevante, apreciada,  e às vezes controversa.
 
Conversão Malolática :  nome do acontecimento de uma segunda fermentação após a primeira que chamamos de “alcoólica”,  neste caso, bactérias e não leveduras, transformam o ácido málico, agressivo ao paladar em ácido lático, mais gostosinho! Ela pode ocorrer logo após a fermentação alcoólica, antes de “descubar” o vinho, ou após a "trasfega", quando o vinho já está nas suas novas cubas.
Vinhos tintos de qualidade passam pela conversão, alguns brancos também, ela aporta novos aromas e sabores aos vinhos, aqueles lácteos e amanteigados.Quando executada em cubas de carvalho pode até acrescentar notas de chocolate e de especiarias doces ao vinho, uma delícia!
Como nada é perfeito neste mundo, a conversão reduz os sabores frutados, e a acidez do mosto, uma bobeira do enólogo e pronto, o resultado é um vinho sem vida, enjoativo, difícil de se beber até o seu final. Muito cuidado nessa hora!

“Nunc est bibendum”, vamos aguardar o próximo passo, o Corte!
Até breve, Bacco a seu dispor
 
Ref: José Osvaldo Albano do Amarante, Dirceu Vianna Junior, José Ivan Santos, Euclides Penedo Borges.........

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