domingo, 19 de agosto de 2012

Qual é a cara do vinho espanhol???

Sempre que o assunto é vinho europeu, qualquer que seja o tema, minha impressão é de que com a França na liderança, Itália e Espanha correm por fora para saber quem tem o privilégio de ser vice.


Não sei, ainda acho que a Itália segue firme na segunda posição, mais atenta com a liderança dos franceses do que com a concorrência dos espanhóis, sei não, sei não....
Hoje em dia, quase tudo o que se fala ( e se bebe ) sobre o atual vinho espanhol é no mínimo positivo.
Segundo Hugh Johnson, a Espanha vinícola vem se reinventando, e de produtor de vinhos anônimos até meados de 70, hoje já alcança credibilidade no mercado e apresenta vinhos de qualidade, usando e abusando das suas castas nativas, das novas tecnologias disponíveis, e das quebras de determinados paradigmas.
Ainda segundo Hugh a retomada do “sentimento de identidade regional” ( era pós Franco ) responde por este novo cenário.
Acho que faz todo sentido em um país de “autonomias marcantes”, País Basco, Catalunha, Galícia, ...Andaluzia.
A diversidade de cepas autóctones não é tão significativa quanto na Itália, mas tem lá seu peso e significado na personalidade do atual vinho espanhol, Albariño, Cariñena, Airén (+ plantada na Espanha), Mencía, Graciano, Viura, Verdejo, Macabeo, Palomino, Pedro Ximenez, e naturalmente a Tempranillo!
O diversificado clima espanhol é outro fator preponderante no estilo dos vinhos de cada região, o Oeste sofre a influência do Atlântico, as zonas Central e Setentrional têm um clima mais Continental com verões quentes e invernos frios, já a costa da Catalunha desfruta de um clima Mediterrâneo....
O tal do rendimento hl/ha ( hectolitros por hectare) por aqui é baixíssimo, 25 contra 70 na França por exemplo, os motivos são entre outros, cepas muito velhas, o clima rude, tornando a vida da uva difícil, a regulamentação,..etc, na maioria das vezes este baixo rendimento é benéfico para a qualidade final do vinho, ponto para a Espanha!
Por falar em regulamentação, segue firme na cultura enológica espanhola a visão de que não faz sentido vender vinhos que não estejam prontos para o consumo, a responsabilidade de cuidar dos vinhos até sua maturidade é do produtor.
O resultado desta premissa é que a classificação de Gran Reservas, Reservas, Crianzas e Jovens é para valer, não havendo espaços para abusos, improvisações ou modismos, ponto para a Espanha!
Um Gran Reserva tinto estagia por 60 meses antes de ser colocado no mercado, 18 em barricas e o restante na garrafa e ponto final, não se discute mais.
Os vinhos Jovens são os únicos “sin crianza” ( sem amadurecimento), o que não significa má qualidade, apenas leveza e indicação para um consumo rápido após sua elaboração.
Por essas e outras, dizer que o vinho espanhol é sinônimo de Rioja ( muitos ainda acham isso), é no mínimo uma simplificação perigosa, beirando a ingenuidade...

“Nunc est bibendum”, salve Toro, Rias Baixas, Priorato, Penedés, Ribeira Del Duero......
Até breve, Bacco a seu dispor......

Thanks: Viotti, Johnson, Grande Larousse....





Nenhum comentário:

Postar um comentário