quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Uma Saga Brasileira !



Salve Cabral, 500 anos de história........
Isso já foi dito antes, “é mais difícil falar sobre o vinho brasileiro do que qualquer outro, de qualquer nacionalidade”
Eu mesmo confesso que tenho sentimentos contraditórios, e uma percepção difusa sobre eles.
Às vezes elogio, às vezes critico, quase sempre acho caro.
Este aparente paradoxo pode até ter nome e sobrenome : “puro preconceito”, sei lá ? será ? quem vai saber?
A imagem do vinho brasileiro perante seus próprios apreciadores não é boa, é ruim, e não sei se os produtores concordam com isso, aí pode morar o perigo.
Apesar do salto de qualidade do produto nos últimos anos, parece que o marketing do setor ainda não resolveu a questão.
O vinho brasileiro nunca foi tão bom quanto é hoje,e isso é fato.
E a tendência continua positiva, e isso é bom.
Mas o caminho a ser percorrido até um imprescindível novo patamar de reconhecimento é longo, muito longo, e cheio de obstáculos, é preciso muito cuidado, muita dedicação, muita atitude, coragem,...etc,etc, quer uma “canjinha”?
Cabral em 1500 trouxe o vinho com ele, ofereceu aos nossos índios antes mesmo de desembarcar, estes não gostaram nem um pouco, preferiam o seu à base de mandioca , mastigada pelas virgens da tribo. ( o cauim )
Martin Afonso em 1532 trouxe viníferas da ilha da Madeira, junto veio Brás Cubas, viticultor no Douro, Cubas fundou Santos e o primeiro vinhedo plantado alí mesmo no úmido e quente litoral, primeiro de muitos fracassos.
Cubas atravessou a serra e tentou de novo em São Paulo, não deu outra, fracasso novamente.
Com a descoberta do ouro por volta de 1720, não sobrou um só cidadão interessado em cultivar uvas, e a coisa parou de vez.
Sobraram os jesuítas que precisavam do vinho para a liturgia, e no sul do país eles até que tinham algum sucesso, muito pouco.
E aí veio a Coroa e proibiu a Colônia de produzir qualquer coisa que não fosse para atender as necessidades da metrópole (1785),e o vinho com certeza não era uma delas.
Este decreto foi assinado por D.Maria I, “A rainha Louca” !!
Nesta época todo vinho do Porto que os ingleses não conseguiam consumir, vinha para o Brasil, querendo ou não !
Para vermos alguma luz no fim do túnel, tivemos que esperar pela independência do Brasil (1822 certo !)
Fora alguns poucos vinhedos de uva “Isabel” em São Paulo, nada aconteceu até a chegada dos imigrantes italianos por volta de 1870!
Estes trouxeram mais do que vinhas, trouxeram a cultura do vinho como alimento, como parte das suas refeições diárias, o caminho estava aberto novamente.
Quatro séculos, 400 anos haviam se passado e nós estávamos apenas recomeçando, do zero! Que Saga!
Acho que podemos dizer que a “indústria vinícola brasileira” como nós a conhecemos hoje, nasceu com estes bravos italianos do Vêneto, da Lombardia e do Trento.
Eles se dividiram entre a região de São Paulo, mais uma vez!,e graças ao bom Deus a Serra Gaúcha (ufa!).
E diga se de passagem, compraram e não ganharam as terras para serem cultivadas ( não havia o MST nesta época ), e pasmem, não eram as melhores, estas já estavam com os alemães que haviam chegado lá pelas bandas do sul alguns anos antes.
Para piorar, as finas e delicadas viníferas européias saudosas do seu clima nativo, simplesmente negaram fogo.
Antes de bater o desespero de não haver vinhos para preencher a alegria dos corações dos imigrantes, lá vem os alemães novamente e apresentam aos desesperados italianos a uva americana Isabel, perfeitamente adaptada, robusta, e produtiva, a verdadeira salvação da lavoura.
Nascia o “vinho da colônia”, suave, docinho, gosto de uva, ....morando até hoje no coração dos gaúchos, maiores consumidores de vinho do Brasil.
É companheiro, o vinho de Isabel ( e de Niágara, Catawba, Concord, Bordô,Bonarda.....) foi e ainda é o responsável pela existência da cultura do vinho entre nós, este é o seu grande legado.
Outra vez, que Saga !, me aguardem, eu volto logo para a segunda parte.
“Nunc est bibendum”, um Sangue de Boi per favore..
Bacco a seu dispor................

Thanks, novamente Viotti.

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