quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Dão;Bairrada;Setúbal;Tejo;Lisboa;pá!!!


“Sei que há léguas a nos separar, tanto mar, tanto mar.....
Sei também como é preciso, pá, navegar, navegar......
Canta a primavera, pá, cá estou carente...........
manda novamente algum cheirinho de alecrim”

“Tanto Mar” – Chico Buarque de Holanda – 1975

Conforme prometido domingo passado, de volta ao nosso passeio pelas regiões vinícolas de Portugal, avante !
Este país pequeno em território, mas com um vasto repertório de uvas e vinhos, e regiões únicas, cada qual com suas características próprias, pá.
Dão, é região, das mais tradicionais de Portugal, e de bons vinhos também, por aqui já foi sinônimo de vinho português, vamos abrir um Dão, saudoso Dão Grão Vasco, é o patrício emigrante com saudades da terrinha e dos amigos de além mar!
A segunda região mais antiga do país já esteve melhor na foto, quando os muitos pequenos viticultores se reuniram em cooperativas, o foco foi para a quantidade, e a qualidade foi para o “beléleu”
Porém as coisas por lá estão mudando, assim como em todo Portugal, empresas e produtores privados estão assumindo a responsabilidade de trazer de volta a qualidade para os vinhos do Dão, potencial é que não falta, solo e clima de primeira linha.
Os melhores tintos têm Touriga Nacional (nascida no Dão) e Alfrocheiro na composição, os melhores brancos são de Encruzado, entre os melhores brancos lusitanos.
Se você cruzar com um tinto elaborado com uvas Jaen, arrisque, pode ser uma boa surpresa.
Estando no Dão, visite a Universidade de Coimbra.
Bairrada, o nome vem de barro mesmo, só demarcada em 1979, é considerada por alguns patrícios a mais portuguesa das regiões vinícolas do país, uns enxergam aqui uma vantagem, outros não,pá.
Bairrada me lembra pato, não o próprio, mas o Luís e sua filha Filipa Pato, produtores excepcionais, guerreiros indomáveis, Luís é o guardião da Baga, uma uva com potencial de trazer muita luz para a região e o país, mas é preciso estar de olhos abertos para tal.
É na Bairrada que o Mateus Rosé é produzido, mas pode esquecer essa. É a terra dos espumantes também, bons espumantes.
Estando lá, peça um tinto de Baga para acompanhar seu imperdível “leitão da Bairrada”.(que tal um Luis Pato Vinhas Velhas 2007 – 100% Baga, ou um Felipa Pato Ensaios 2009)
Península de Setúbal, região do famoso e muito, mas muito doce Moscatel de Setúbal, único a fazer bonito frente aos “beijos de freira”, “papos de anjo”, “orelhas de abade”, “ovos moles”, “baba de camelo”, “arrufadas” ...etc, todos à base de ovos, todos muitíssimos doces, todos representantes da chamada doçaria conventual portuguesa (as freiras sabiam o que estavam fazendo, e bebendo, pá ).
O Moscatel de Setúbal é primo do Porto e do Madeira, e só é menos conhecido do que o primeiro, porque os ingleses não foram até o sul de Portugal.
Além do Moscatel, experimente um vinho da Bacalhôa Vinhos, a que melhor domina castas francesas em terras lusitanas.
Se a Bairrada tem o Mateus Rosé, Setúbal não fica atrás, tem o Periquita ! bem conhecido por aqui, né não ?
Tejo é o novo nome da região antigamente conhecida como Ribatejo . Vinhos do Tejo, ficou bonito, ganhou nome de rio famoso (olha as aulas de História aí ), marketing de qualidade, agora então vamos beber para conferir a quantas anda a qualidade dos seus vinhos, é o que interessa ao final das contas.
Vinhos de Lisboa, outra mudança esperta, Estremadura o nome antigo não ajudava muito ajudava ?
Mas aqui já temos o que elogiar, tem os vinhos da Quinta do Monte d’Oiro e os da Quinta da Chocapalha, ambos charmosos e elegantes.
É a região lusa que mais sofre influência de castas estrangeiras, razão para cortes curiosos entre uvas francesas e portuguesas, sem igual .
Agora sim companheiro, nosso passeio por Portugal está terminando, espero que eu tenha pelo menos incentivado você a dar mais atenção aos vinhos da terrinha, pá.
Coincidência ou não, desde começamos este passeio com “Coração Lusitano” no final de Maio, Portugal , sua cultura, seus vinhos, suas qualidades, são os líderes de audiência nas nossas revistas especializadas, e em muitos enoblogs, parece que eu não estava enganado !
Qualquer dia destes eu volto, só para falar do menosprezado Madeira
Vou embora mais deixo aqui duas dicas daqueles vinhos que alguns chamam “vinho de batalha”, vinho do dia a dia, outros de “bom & barato”, outros ainda de “custo & benefício”, que seja, lá vai, Rapariga da Quinta, e o Monte Velho, ambos 2008, dois alentejanos da gema !

“Nunc est bibendum”, tchau!
Bacco a seu dispor...............

Thanks : Viotti............

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