domingo, 24 de março de 2013

Rapidinha - Breve história do Vinho XIII

Tem por fruto rubis,
Carregada de cachos que encantam o olhar
De lápis-lazúli são seus galhos
Deita frutos à vista desejáveis [....]
(1.800 a.C.)

Diferentemente da sua história, um épico de adorações, louvações, emoções, paixões, declarações, ou simplesmente testemunhos da presença do vinho em cada momento da antiguidade, um legado principalmente de egípcios, gregos e romanos, não sabemos realmente qual era o “gosto verdadeiro” do vinho antigo.
Vestígios de vinho foram encontrados em jarras datadas de 3.000 a.C, sabe-se que muito antes por volta de 5.600 a.C a produção vinícola na região do Crescente Fértil era uma realidade dominada pelos povos locais. (cap.II)
Já na nesta época o vinho percorria longas distâncias até seu local de consumo, pensando em técnicas de conservação conhecidas até então, dá para imaginar em que estado ele chegava!
Ânforas era tudo que tinham para transportar e guardar a bebida.
O hábito de acrescentar ervas, mel, tudo mais que se encontrasse, explica de certa forma qual seria o gosto do vinho após meses de viagem entre a sua origem na Mesopotâmia até o Mediterrâneo. (cap.V e VII)
Difícil de acreditar que uma bebida tão frágil em sua composição original ocupasse desde cedo o lugar da cerveja, mais fácil de produzir, mais fácil de guardar, mais barata para se beber, ..é preciso respeitar o poder desta bebida e sua evolução no decorrer da História!
Voltando ao gosto, os gregos e romanos abusavam da doçura em seus vinhos, talvez um fator de qualidade da época, quanto mais doce melhor. Dominavam a técnica de “secar” as uvas antes da fermentação, aumentando o teor de açúcar das mesmas, depois ainda acrescentavam mosto fervido e mel, muito mel, há receitas sugerindo vinho e mel na mesma proporção, vinho ou xarope?!
O hábito de misturar o vinho com água, em muitas ocasiões água do mar, salgada e quente, pode ser explicado como uma maneira de deixar o vinho menos enjoativo, mais frutado ao cortar o açúcar, e mais ácido também, ok faz sentido, mas seguramente nada parecido com o que temos hoje, com certeza.
Outras técnicas de preservação como a adição de ervas, temperos e resina ( Retsina grego !) determinavam as características aromáticas e gustativas da bebida da época, por gosto ou necessidade, ou ambos.
Talvez seja possível concluir que o vinho preferido dos nobres e poderosos era mais concentrado e doce do que o atual, mais próximo de um Porto, um Jerez,..um Tokay,....já o da população em geral por razões óbvias deveria ser ralinho e meio azedo. (cap.X)
É muito difícil reconstituir sabores a partir das descrições de fontes históricas, se os antigos que se dedicavam a comentar os seus vinhos tivessem um décimo da criatividade, e também da cara de pau em alguns casos, dos nossos críticos atuais, talvez fosse possível determinar melhor o gosto e as preferências da época, pelo menos parte dos nossos exageros de hoje, poderiam ser úteis aos econômicos mestres do passado.
“Nunc est bibendum”, abra um Tokay Essenczia e sinta-se na Grécia antiga
Até breve, Bacco a seu dispor

Ref : Hugh Johnson, Rod Philips



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