segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Itália - Chianti e o Galo Negro


“ A única maneira de conhecer a fundo a Itália, seu povo, tradições, seu espírito e cultura populares é através dos seus vinhedos e vinhos” – Lamberto Paronneto - enólogo


Todo apreciador de Chianti, e acredite são muitos, conhece de alguma maneira ou outra a lenda do Galo Negro.
Aqueles que não conhecem tão bem tanto o Chianti, quanto a lenda, chegou a hora.
Ela já foi contada por inúmeros personagens e de diversas maneiras, até porque data do século XIII, vou escolher uma recente, publicada pelo Dr Sérgio de Paula Santos em seu “Os caminhos de Baco" – 1984
“ As cidades-estado de Siena e Florença guerreavam-se há anos pela posse das terras que as separam, quando foi proposto um acordo. Dois cavaleiros sairiam de suas respectivas cidades em direção à outra. O ponto onde se encontrassem seria reconhecido como a linha demarcatória entre as duas cidades. Partiriam ao raiar do dia, ao primeiro canto do galo. Os florentinos escolheram uma ave negra, magra, e faminta. O galo de Siena era forte, robusto, e bem alimentado. Na manhã da disputa o galo negro faminto como estava, acordou bem mais cedo que o bem nutrido de Siena, o cavaleiro de Florença partiu logo e veio a encontrar o de Siena quase nos muros de sua própria cidade, e aí é até hoje o limite entre as duas regiões.” (Terry Robards, cronista do New York Times Magazine )
Obs : Os sovinas florentinos, nem o galo eles alimentavam, levaram a melhor frente aos opulentos de Siena.....
O Galo Negro tornou-se o emblema de Florença, e aparece no gargalo das garrafas de Chianti Clássico, visto como um símbolo de qualidade do produto.
Lendas à parte, Florença, Siena, além de Pisa, Montepulciano, Arezzo, Luca, e San Gimignano, são a mais pura tradução do que é a Toscana, um cenário perfeito para grandes vinhos, o Chianti inclusive.
O Chianti é provavelmente um dos vinhos mais conhecidos do mundo, seja por conhecedores ou leigos, desde a famosa garrafinha bojuda forrada de palha trançada conhecida por “fiasco”, estão lembrados ? então agora esqueçam, até os modernos, longevos e excelentes Riserva Chianti Clássico estes guardem nas suas mentes para sempre.
O Chianti comum é a tradução literal das trattorias italianas e suas massas simples quase sempre com muito molho de tomate, barato e honesto ele cumpre o seu papel.
Um Riserva Chianti Clássico de um bom produtor, com 100% de uva Sangiovese ou com alguma mistura (20%) de Canaiolo, Colorino, e até as internacionais Cabernet e Merlot, está entre os melhores vinhos do mundo.
O Clássico do rótulo se refere à zona original do Chianti delimitada em 1716 ! onde se produz o Chianti Clássico, ok?
Existem outras 6 zonas demarcadas de Chianti, o Chianti Rufina, o Colli Senesi, o Colli Fiorentini, o Colline Pisane, o Colli Arentini, e o Chianti Montalbano.
Na Itália dos vinhos, nada é muito simples e fácil de entender, rótulos e legislação ( VdT, IGT, DOC, DOCG ??) estão aí para demonstrar isso, acontece que Plínio, Cícero, Virgílio, Galeno, Petrônio, grandes filosofos latinos amantes do vinho italiano nunca se preocuparam muito com coisas desta natureza, você também assim como eles não precisa disso para gostar dos vinhos........basta fazer como os italianos de hoje, que melhor do que ninguém sabem como conviver com eles no seu dia a dia.
O Chianti se confunde com a Toscana, sua paisagem, arquitetura e agricultura seculares, é seu símbolo maior, mas a Toscana moderna vai além do Chianti, como veremos na sequência

“Nunc est bibendum”, um Chianti para acompanhar minha macarronada ao sugo por favor
Até breve, Bacco a seu dispor

Obs : thanks, Viotti, Jancis, Sérgio de Paula Santos, Gasnier.....

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