Tem gente que liga a África do Sul ao “apartheid” (Soweto!), outros aos “leões” (parque Kruger !), eu prefiro os vinhos (Stellenbosh)....
A África do Sul é o país vinícola do Novo Mundo com mais cara de Velho Mundo, e nós vamos ver isso na seqüência.

É dele a versão original do lendário “Vin de Constance” o doce Moscatel da nobreza, Napoleão, Frederico da Prússia, Otto von Bismark, a monarquia da Casa de Windsor, todos se encantavam ( e bebiam ) com ele.
A próxima ajuda aos vinhos africanos veio da França, protestantes (hunguenotes) franceses fugindo da perseguição dos católicos se estabeleceram na região hoje conhecida como Franschhoek, o recanto francês. A vida seguiu calma até que estes holandeses e franceses calvinistas, origem dos atuais “africâners” e do idioma de mesmo nome, resolveram cutucar o Império Britânico com a vara curta, almejavam a independência, mas não deu certo, foram duas guerras em 1881 e 1899, razão de sobra para desorganizar por completo a indústria vinícola do país, resultado, a África do Sul abriu o século XX produzindo muito vinho, de uma qualidade só, a ordinária.
“Kooperative Wijnbouwers Verenigning van Zuid-Africa Beperkt’, graças a deus mais conhecida como KWV, a coisa por lá estava tão feia, que até uma cooperativa foi capaz de colocar um pouco de ordem na casa.
A ultra conservadora KWV fundada em 1918 não trouxe propriamente qualidade para o setor, definitivamente não é o papel das cooperativas mundo afora, mas trouxe estabilidade, fundamental para aquele momento.
Duas alegrias, em 1918 com a fundação e em 1997 com a privatização, um passo interessante dentro do cenário de democratização do vinho sul africano.
Mas o pesadelo não tinha acabado, a discriminação racial marca do regime do “apartheid” (literalmente “desenvolvimento em separado” vejam só !!!) gerava sérias sanções econômicas e inúmeros boicotes internacionais, seria um golpe mortal na industria do vinho não fosse a eleição de um senhor que é uma simpatia só, seu nome Nelson Rolihahla, o Mandela!
A verdade é que a moderna África do Sul vinícola tem menos de 15 anos, e seu desenvolvimento pode ser usado de exemplo para muitos, inclusive para nós.....voltamos em breve.
“Nunc est bibendum”, “Não há caminho fácil para a liberdade”, Nelson Mandela.
Até breve, Bacco a seu dispor
Ref: Hugh Johnson, Jancis Robinson, André Dominé, Eduardo Viotti….