sábado, 31 de dezembro de 2011

POP!.....TIN...TIN.....SUCESSO!


“Nas vitórias é merecido, nas derrotas é necessário” – Napoleão Bonaparte
O “vinho das borbulhas”, aquele que alegra mentes e corações, champagne (só) para os franceses, cava para os espanhóis, sekt para os alemães, asti, procecco, para os italianos, espumante para muitos inclusive nós brazucas, bem que merecia mais.
O papel de coadjuvante nas comemorações é uma tremenda injustiça com um dos mais finos e elegantes vinhos do mundo
Em qualquer reunião de final de ano, festa, festinha ou festão,lá está ele sendo maltratado pelo leigo cidadão, mal guardado, aberto de forma incorreta, servido em copos errados, bebido sem a menor atenção, um verdadeiro figurante.
Não sou contra a alegria de viver, sentimento comum nestes momentos especiais, muito pelo contrário, e o vinho espumante tem tudo a ver com a alegria em todas as suas dimensões.
Acontece que não vejo motivo para não se respeitar uma das bebidas mais complexas e difíceis de serem produzidas, pergunte a um produtor francês para você ver.
Há quem use copo de plástico! ou quem acha que está em um “pódium” da F1, sacolejando a coitada para lá e para cá, abra uma cidra então companheiro, dá na mesma, também faz “pop”!
O legal de tudo isso é que há algum tempo, através de um esforço organizado de produtores, comerciantes, críticos, apreciadores, entre tantos, o espumante está deixando de ser apenas a bebida oficial das ocasiões festivas.
Está perdendo também aquele jeitão de elitista, de ser companhia só para quem já passou dos 40, para ocupar o seu devido lugar, a de um vinho completo, um vinho gourmet, um dos vinhos mais versáteis quando se trata de acompanhar uma comida, das ostras de entrada ao mousse de chocolate de sobremesa.
E melhor ainda é que ele está aqui pertinho da gente, acessível, bom e barato, o Brasil se não é vai ser, em pouco tempo, o melhor produtor de vinho espumante de qualidade do mundo, já que o original é de outro planeta.
A verdadeira vocação da Serra Gaúcha está no vinho espumante, e aos poucos nós e todo o resto estamos reconhecendo isso, a última etapa para o sucesso “retumbante” do espumante nacional
“Nunc est bibendum”"Beber champagne é como beber estrelas – Dom Pérignon"
A
té breve, Bacco a seu dispor.....um Feliz Ano Novo, beba mais espumante em 2012, em qualquer lugar, em qualquer situação.

Thanks : Sérgio Inglez,Vinho Magazine, Larrousse......

sábado, 24 de dezembro de 2011

DDD_BACCO nº7 - Quercus.?!


Dúvidas Devidamente Degustadas

Madeiiiiiraaaaaa!

Bacco, pergunta gera nova pergunta, beber ou guardar tem relação com madeira? Porque carvalho? Qual a diferença entre o francês e o americano?O que eles acrescentam ao vinho?..........coisa e tal.
Muita calma neste momento, vejamos.....
Porque o carvalho, porque o Gordo & Magro, porque Pelé & Coutinho, porque Lennon & McCartney, porque Romeu & Julieta, Bia & Maru (ops!), podemos até tentar explicar mas é perda de tempo.......concorda?
Melhor é reconhecer e aproveitar
O Vinho & Carvalho têm este mesmo nível de cumplicidade.
O vinho se abre se entrega, cresce, amadurece, o carvalho oxigena, engrandece, aromatiza, perfuma, enobrece, ensina a envelhecer com dignidade.
Nossa atitude frente a um vinho cuja história de vida apresenta um intenso, íntimo, e bem sucedido relacionamento com o carvalho, é de total reverência.
A oportunidade de poder confrontar com seu aroma, seu perfume, seu corpo, sua textura, sua complexidade de sabores, sua elegância do começo ao fim da taça, é um privilégio para os curiosos como você, amigo perguntador.
Sabemos que nas mais conhecidas e famosas duplas da história, a competição interna sempre existiu, funcionando como mola propulsora para o sucesso, para o bem ou para o mal.
Entre o Vinho & Carvalho não poderia ser diferente, e neste caso cabe ao mestre vinhateiro com sua competência e sabedoria saber extrair o potencial de cada um e principalmente dosar as vaidades de ambos.
Quando isso acontece a bebida que se apresenta na sua taça é digna dos deuses, pode acreditar.
"Nunc est bibendum”, salve o “chêne rouvre francês”, o carvalho que melhor entende os temperamentais vinhos jovens.
Até breve, Bacco a seu dispor

Ref : “Os segredos do vinho” - José Osvaldo Albano do Amarante , respostas objetivas para todas as suas dúvidas e perguntas sobre madeira e vinho .

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

DDD-BACCO Nº6


Dúvidas Devidamente Degustadas

E aí ! bebo ou guardo, guardo ou bebo?
Uma paradinha no passeio pela Itália para uma conversinha a respeito de uma dúvida de um nobre colega seguidor do Bacco...mais uma dúvida devidamente degustada.
Dizem que o vinho quanto mais velho melhor!
Será que bebo ou guardo?
Assunto muito discutido, algumas vezes confuso
Você quer uma única resposta, assim na bucha, beba! e logo! e pronto......
Acontece o seguinte, quase a totalidade dos vinhos tranqüilos, tintos, brancos, rosés, não têm a propriedade de “envelhecer com nobreza” isolado dentro de uma garrafa de vidro, em um ambiente “anaeróbico”.
Todos estes começam a declinar assim que engarrafados, o apogeu se deu antes,sinto muito.....
Amadurecer e envelhecer na conversa enológica são coisas distintas, e fazem a diferença entre beber e ou (a)guardar.
Eu acho que pode-se dizer que apenas os vinhos colocados corretamente para amadurecer, têm a capacidade de envelhecer sem se degradar,isso por um determinado tempo que varia em função de inúmeros fatores.ok?
Amadurecer significa um estágio (às vezes por anos) que o vinho passa em um tonel de madeira, onde ele tem a oportunidade de ficar em contato com o oxigênio que migra pelos poros do carvalho)
Como além deste ($$$) caro repouso do guerreiro, cuidados extras nos vinhedos e técnicas avançadas de vinificação são necessárias para se produzir um “vinho de guarda” é de se esperar que ele não seja barato, e não é mesmo, não tem jeito.
Na falta de outra informação às vezes difícil de ser encontrada por alguém que está mais preocupado em saborear bons vinhos do que qualquer outra coisa,o preço é um bom indicador.
Ele ajuda você desconfiar se aquele vinho que você pagou “quarentão” tem ou não a capacidade de envelhecer bem, temo que não companheiro.
Vale a pena também uma leitura cuidadosa do rótulo, indicações de “amadurecimento” às vezes estão lá, tipo 18 meses em carvalho francês novo...etc
Aliás, hoje em dia, tempos modernos (e infelizmente apressados) os produtores estão se especializando em colocar nos mercados, vinhos absolutamente prontos para serem bebidos, alguns ótimos, muitos sem a capacidade de melhorar com o tempo.
Para a grande totalidade dos brancos não espere mais de 1 ano, máximo 2 e olhe lá, safra de 2009 ! , peça desconto para a loja.
Para a imensa maioria dos tintos, máximo de 3 anos, quem sabe 4 com boa vontade, mas veja bem, esteja certo que este vinho está perdendo e não ganhando qualidade com o tempo
Os ícones do Novo Mundo, sei lá o que é ícone para você, têm uma vidinha evolutiva antes do declínio um pouco maior, 5, 6 anos para os brancos e 8,10 anos para os tintos. Os vendedores aproveitam isso, e cobram mais caro por safras mais antigas, na maioria das vezes eu refugo, impossível saber se ele evoluiu bem mesmo.........
O diabo é que a gente quando acha que evolui no mundo do vinho, acaba investindo em uma adega, e aí começa a “guardar” vinhos mais para compensar o investimento, nem sempre para melhorar o vinho comprado, a culpa por surpresas desagradáveis é sua, não é da adega, muito menos do vinho, fique experto !!
Grande vinhos europeus, este sim, os grandes, outra vez, sei lá o que é grande vinho europeu para você, têm a capacidade de envelhecer com uma nobreza inigualável.
E então, vai beber ou vai guardar ?
“Nunc est bibendum”, um branco refrescante, safra 2011 por favor....
Até breve, Bacco a seu dispor.

Thanks : Dirceu Vianna Jr, José Ivan Santos......

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Itália - O sul histórico


Foi lá onde tudo começou!.........., muita história, muita tradição.
Os gregos desembarcaram na Sicília no século 8 a.C, e o vinho desde então tem sido uma fonte importante de renda e um certo conforto para as famílias do sul, quase sempre pequenos agricultores donos de não mais de 1ha!


A viticultura no sul da Itália e nas ilhas, apesar de alguns progressos tecnológicos, ainda é uma atividade econômica de subsistência.
A realidade? 80% da colheita continua sendo processada em imensas cooperativas que vendem o vinho por atacado, algo que definitivamente não combina com qualidade.
Meu preconceito com relação a cooperativas continua aguçado..., continuo em tratamento.
Mas nem tudo está perdido ou é uma lástima, o clima mais do que ideal da região, em conjunto com uma grande variedade de uvas nativas, resulta em um tremendo potencial, que aos poucos está sendo menos esnobado, e melhor compreendido.
Além das ilhas, Sicília e Sardenha, a Córsega ali ao lado é francesa, olha a geografia!o sul vinícola é representado pela Púglia, Campânia, Basilicata, e Calábria, as duas últimas ainda sem muita expressão a não ser pela curiosidade regional
A Campânia além de alguns bons vinhos, destaque para o tinto Taurasi de uva nativa Aglianico, tem a costa Amalfitana, Nápoles, a pizza napolitana, a tarantela, a bela ilha de Capri, o Vesúvio, as ruínas de Pompéia, e já teve o Falernum, o vinho mais conceituado do Império Romano.
Para quem gosta de brancos, dois muito pouco conhecidos por aqui, os fresquinhos Greco di Tufo e Fiano di Avellino.
Em um barzinho de frente para o mar azul da baía de Nápoles, eles são incomparáveis!!
A Púglia, em especial a península de Salento, uma espécie de Central Valley da Califórnia, esta na boca do povo, definitivamente na moda, e a maior responsável é a uva Primitivo, tanto pelo seu bom potencial como pelo seu histórico, croata de origem, irmã gêmea da Zinfadel...etc
O sucesso da Primitivo tem ajudado a outra tinta de Salento, a Negroamaro, também em evidência nas rodinhas de enófilos.
Eu particularmente acho que em termos da Itália de hoje, vale a pena arriscar e fugir do óbvio, Toscana & Piemonte, e vivenciar as experiências e os progressos da Púglia e da Sicília, esta muito bem representada pela família Planeta, entusiasta na pesquisa de uvas nativas, e seus vinhos do mesmo nome.
Porque não dar um tempo nas uvas de sempre, esquecer um pouco a Chardonnay, a Cabernet Sauvignon, a Merlot, etc, o sul da Itália é um lugar ideal para isso, na próxima vez que for beber um italiano, peça um de Aglianico, Pedirosso, Fiano, Greco,..etc

“Nunc est bibendum”, - “Imagine all the people........”JL
Até breve, Bacco a seu dispor
obs :”trulli”, tradicionais casas da Púglia (foto ao lado)

Thanks : Gasnier, Viotti, Jancis.............................John Lennon

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Vêneto - Romeu, Julieta, e Amarone!


“Se minha mão profana o relicário, em remissão aceito a penitência : meu lábio peregrino solitário, demonstrará com sobra, reverência” – Romeu

“Ofendeis vossa mão bom peregrino, que se mostrou devota e reverente. Nas mãos do santo pega o paladino. Este é o beijo mais santo e conveniente” – Julieta



Quase tudo no Vêneto tem o poder de nos remeter ao romântico, de nos fazer pensar no amor, assim é com Veneza suas praças e canais, com Verona seus Romeus e suas Julietas, mas quando pensamos nos vinhos, infelizmente são poucos os que têm o poder de nos encantar.
Bardolino, Valpolicella e o branco Soave dominam a região, a maior área plantada da Itália, e bem poucos podem ser considerados acima da média quando o tema é qualidade.
"O excesso de produção a que eles são submetidos, é como escavar um buraco para si em que todos cabem com folga".
São os vinhos italianos mais exportados para o mundo, razão para serem os mais conhecidos e até apreciados aqui entre nós, quem já não pediu um Valpolicella em uma trattoria paulistana......
Ele pode ser Clássico e Superiore, mas na verdade não muda muito, continua sendo um vinho simples, magro, e infelizmente de qualidade muito variável.
O Bardolino é ainda mais simples, alguns o comparam com o Beaujolais francês, exagero, o que vale à pena mesmo é conhecer a região onde ele é elaborado, às margens do belíssimo Lago de Garda.
O Soave bem que merecia uma melhor reputação, sua uva a Garganega tem potencial para isso, mas o já mencionado excesso de produção na grande maioria dos seus vinhedos, contribui para um vinho diluído, aguado, com um mínimo de presença.
Alguns poucos produtores mais cuidadosos são responsáveis por alguns poucos “Soave Clássico Superiore” estes sim ,macios, com algum corpo e sabor, se for de Soave gaste um pouco mais e escolha um desses.
O Reccioto di Soave é um vinho doce, de sobremesa, e tem potencial para agradar paladares mais refinados, talvez o melhor da extensa família Soave.
Aí vem o exclusivo Amarone e as coisas começam a mudar de rumo, é hora de voltar a sonhar com o amor de Romeu por Julieta, com um romântico passeio de gôndola pelos canais de Veneza, com a beleza do Lago de Garda, e respirar toda arte e cultura que a região nos oferece.
O mais nobre vinho do Vêneto de sabor e paladar únicos, produzido a partir da excelente Corvina, com ajuda da Rondinella e da Mollinara, é um dos vinhos mais apreciados e respeitados do mundo.
Seguindo uma tradição das colinas de Verona que vem desde o período bizantino, as uvas são passificadas (secas ao ar) e atacadas pela podridão nobre (botrytis), resultando em um vinho vigoroso, alcoólico, encorpado, presente, de personalidade marcante.
Uma versão mais simples e menos cara do “Amarone” é o “Valpolicella Ripasso” que durante sua vinificação se beneficia do “mosto” do primeiro, e por isso apresenta uma complexidade maior do que o restante da família do mesmo nome.
Acreditem, o Vêneto não para por aí, e nos apresenta também diretamente de Treviso, região de Conegliano e Valdobbiadene o “famigerado” Procecco!
Trata-se do italiano efervescente, sinônimo de espumante para alguns , mais conhecido mundo afora, atualmente presente em qualquer lançamento de coleção de moda, agrada por ser leve, fresco, e descompromissado e desagrada pelas mesmíssimas razões, nestas ocasiões eu recomendo esquecer o preconceito e ficar com um bom espumante nacional.
Fim do (longo) passeio, seguimos para o sul ao encontro da Primitivo.
“Nunc est bibendum”, bem vindo “Amarone della Valpolicella”
Até breve, Bacco a seu dispor.
Obs : foto do balcão da casa de Julieta em Verona, ela é ficção mas a casa existe ! Salve Shakespeare !

Thanks : Jancis,Viotti,Larousse,Gasnier,Amarante...

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Toscana - Brunellos....e Brunellos!


Os vinhos são como os homens, com o tempo os maus azedam e os bons apuram ( Cícero, filósofo romano – 106 a.C – 43 a.C)


A história do Brunello é antiga, por volta de 1888, Ferrucio Biondi-Santi produziu um vinho feito com um clone selecionado da uva Sangiovese, a Brunello.
O resultado foi um vinho potente, denso, escuro, muito em função da uva escolhida, e do ambiente natural onde ela foi cultivada
Anos, lendas, e muitas histórias depois, algumas nem tão auspiciosas assim, o Brunello tornou-se um ícone italiano e sonho de consumo de muito enófilo apaixonado pelo seu estilo vigoroso, meio assim tipo lutador do UFC....
Até meados de 80, Montalcino era uma das mais pobres vilas montanhosas do sul da Toscana, tudo mudou quando o mundo voltou a prestar atenção naquele vinho escuro, encorpado, carregado de sabor, textura, e de alto impacto (UFC, entendeu ?)
Passados mais de um século, os Biondi-Santi continuam lá, mas agora com mais companhia, talvez até com mais do que devia
O entorno de Montalcino cresceu mais do que precisava, e o número de produtores com segundas intenções também, e hoje o resultado mais evidente desde cenário é a existência de Brunellos e... Brunellos, alguns primorosos, caríssimos, mas fantásticos, muitos outros não merecem sequer nossa atenção.
A única solução para não errar é conhecer o histórico e a reputação do produtor, dá um certo trabalho mas vale a pena.
Os bons e modernos Brunellos são menos tânicos, menos superextraídos, menos macerados, o que significa entre outras coisas, que eles saem das adegas mais prontos para serem consumidos.
Traduzindo isso melhor, não precisamos aguardar 20 anos para beber um Brunello com taninos polimerizados, finos e elegantes, agora só 5 !
O Brunello tem um primo, o Rosso, também de Montalcino, e seria injusto chamá-lo de “primo pobre”, ele é mais leve, mais simples e mais pronto para ser bebido, mas tem independência e personalidade própria, e em muitos casos apresenta um melhor custo-benefício, algo que não podemos deixar de levar em consideração.
Minha sugestão para quem não conhece o Brunello é beber alguns Rossos antes. (o paladar agradece e bolso também).
A Toscana dos Etruscos (Etrúria), anexada ao Império Romano no século III a.C, é considerada uma das regiões do mundo com maior documentação disponível à respeito de tradições e costumes vinícolas.
Hoje abriga cerca de 50 denominações distintas, e além dos Chianti e Brunellos, e os “Super Tuscans” podemos destacar também Carmignano, a menor DOCG da Toscana e uma das mais antigas do mundo, Nóbile di Montepulciano, outra linda cidadezinha entrincheirada em uma colina, e para não ficar sem citar um vinho branco, Vernaccia di San Gimignano, esta com suas célebres torres.
Por último o Vin Santo, fruto de uma tradição cara a todos os toscanos, um vinho passito, ou seja de uvas passas, geralmente brancas e originalmente doce embora hoje há secos também.
Depois de um Vin Santo com biscoitos de amêndoa (cantucci), nos despedimos da Toscana rumo ao Vêneto, onde Romeu e Julieta nos aguardam com um inenarrável Amarone !
“Nunc est bibendum”, salve Cícero !
Até breve, Bacco a seu dispor

Thanks : Jancis, Viotti, Larrouse, Adega, .....

domingo, 27 de novembro de 2011

Toscana - Além do Chianti


“Ver um agricultor toscano a fazer um ricotta fresco, com as suas vacas no estábulo ao lado, as cebolas do ano passado e os tomates do último verão pendurados nas vigas ao lado de prosciutto feito em casa, é começar a entender a auto-suficiência”


O Chianti e a Toscana são celebridades únicas que de tão íntimas até se confundem, mas quando o assunto é vinho, certamente ela a Toscana berço da Renascença, além de arte, construções históricas, cultura e tradição, nos presenteia também com o Brunello, o Vino Nóbile di Montepulciano, o Carmignano, o Morellino de Scansano, e mais recentemente com os Supertoscanos, sobre estes que vamos parlar súbito....
Os Supertoscanos (adoro este nome) nasceram nobres e trazem consigo a áurea de “rebeldes com causa”, o que de certa forma atrai simpatias (e anti..) desde o primeiro momento (hay govierno soy contra....)
A nobreza vem dos pioneiros visionários, Mario Incisa della Rocheta (Sassicaia!) e Marquês Antinori(Tignanello!), seguidos posteriormente de outros, Fontodi ( Fraccianello) Setti Ponti (Oreno).....etc
Limitados e principalmente frustrados pelas regras (ultrapassadas) impostas pelas “Denominações de Origem” (DOC), optaram pela “revolução” e partiram para a criação de uma nova linhagem de vinhos de alta qualidade.
Naturalmente deixaram certas tradições de lado, optaram por novas tecnologias, e fundamentalmente se apoiaram em castas nobres francesas como Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc e Merlot,...etc,tudo isso no coração da Itália!
As DOC(G) foram abandonadas sem dó nem piedade, a competição e principalmente a sobrevivência eram temas mais urgentes, e estes vinhos passaram a ser reconhecidos pela nova denominação IGT, (Indicação Geográfica Típica) não raro com uma imagem moderna, elitista, quase sempre associada a preços altos
A qualidade está lá , isso não se discute, Sassicaia, Tignanello, Ornellaia, Solaia, Flaccianello, Satta, Oreno, Guado al Tasso..., mas o termo supertoscano ( cunhado pelos americanos ) associado à um marketing para lá de inteligente foram decisivos para a colocação destes vinhos no lado “top” do mercado.
Do ponto de vista restrito de valor ($), todos estes “super-toscanos” também são “super-avaliados”, bom para o produtor, ruim para nosso bolso.
Para a Itália vinícola, conservadora e tradicionalista por excelência, não deve ter sido fácil entender muito menos aceitar, como na Enotria, na Terra do Vinho, berço da rainha Sangiovese e outras centenas de castas nativas, um vinho feito apenas de Cabernet Sauvignon e Cabernet Franc atingisse a expressão que o Sassicaia atingiu.
Mais um vinho estilo “Bordeaux” para americano rico, chinês idem, contribuição “parkerniana”, diriam os mais radicais......
Não sou italiano, algum sanguinho de uma avó talvez e só (saudades vó Leopolda Sartori), mas eu acho que consigo entender um pouco a angústia e o desalento que deve se instalar naquele produtor fiel à suas tradições, pouco afeito aos caminhos tortuosos e agressivos do “enobusiness”, c’est la vie !, ops, scuse.
Ok, polêmicas à parte, até podemos sonhar, mas não podemos esquecer as regras de um mercado difícil, competitivo, onde o vinho que se vende e pelo preço que se vende é aquele que o cliente gosta e está disposto a pagar por ele, paciência...
Não me vejo como um xiita, e conheço meu gosto,mas me sinto particularmente mais confortável, em paz comigo mesmo, ao degustar um Chianti 100% Sangiovese quando me proponho a beber um vinho italiano, um legítimo toscano.
A boa notícia para os defensores da tradição, do terroir,...etc, é que em Bolgheri e Marema, na costa toscana, berço dos supertoscanos, os mais eficientes enólogos já conseguem excelentes resultados com cortes de Cabernet e Sangiovese e até mesmo com 100% de Sangiovese.
Os deuses lá no Olimpo estão mais calmos......................................
“Nunc est bibendum”, viva a Toscana
Até breve, Bacco a seu dispor...........

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Itália - Chianti e o Galo Negro


“ A única maneira de conhecer a fundo a Itália, seu povo, tradições, seu espírito e cultura populares é através dos seus vinhedos e vinhos” – Lamberto Paronneto - enólogo


Todo apreciador de Chianti, e acredite são muitos, conhece de alguma maneira ou outra a lenda do Galo Negro.
Aqueles que não conhecem tão bem tanto o Chianti, quanto a lenda, chegou a hora.
Ela já foi contada por inúmeros personagens e de diversas maneiras, até porque data do século XIII, vou escolher uma recente, publicada pelo Dr Sérgio de Paula Santos em seu “Os caminhos de Baco" – 1984
“ As cidades-estado de Siena e Florença guerreavam-se há anos pela posse das terras que as separam, quando foi proposto um acordo. Dois cavaleiros sairiam de suas respectivas cidades em direção à outra. O ponto onde se encontrassem seria reconhecido como a linha demarcatória entre as duas cidades. Partiriam ao raiar do dia, ao primeiro canto do galo. Os florentinos escolheram uma ave negra, magra, e faminta. O galo de Siena era forte, robusto, e bem alimentado. Na manhã da disputa o galo negro faminto como estava, acordou bem mais cedo que o bem nutrido de Siena, o cavaleiro de Florença partiu logo e veio a encontrar o de Siena quase nos muros de sua própria cidade, e aí é até hoje o limite entre as duas regiões.” (Terry Robards, cronista do New York Times Magazine )
Obs : Os sovinas florentinos, nem o galo eles alimentavam, levaram a melhor frente aos opulentos de Siena.....
O Galo Negro tornou-se o emblema de Florença, e aparece no gargalo das garrafas de Chianti Clássico, visto como um símbolo de qualidade do produto.
Lendas à parte, Florença, Siena, além de Pisa, Montepulciano, Arezzo, Luca, e San Gimignano, são a mais pura tradução do que é a Toscana, um cenário perfeito para grandes vinhos, o Chianti inclusive.
O Chianti é provavelmente um dos vinhos mais conhecidos do mundo, seja por conhecedores ou leigos, desde a famosa garrafinha bojuda forrada de palha trançada conhecida por “fiasco”, estão lembrados ? então agora esqueçam, até os modernos, longevos e excelentes Riserva Chianti Clássico estes guardem nas suas mentes para sempre.
O Chianti comum é a tradução literal das trattorias italianas e suas massas simples quase sempre com muito molho de tomate, barato e honesto ele cumpre o seu papel.
Um Riserva Chianti Clássico de um bom produtor, com 100% de uva Sangiovese ou com alguma mistura (20%) de Canaiolo, Colorino, e até as internacionais Cabernet e Merlot, está entre os melhores vinhos do mundo.
O Clássico do rótulo se refere à zona original do Chianti delimitada em 1716 ! onde se produz o Chianti Clássico, ok?
Existem outras 6 zonas demarcadas de Chianti, o Chianti Rufina, o Colli Senesi, o Colli Fiorentini, o Colline Pisane, o Colli Arentini, e o Chianti Montalbano.
Na Itália dos vinhos, nada é muito simples e fácil de entender, rótulos e legislação ( VdT, IGT, DOC, DOCG ??) estão aí para demonstrar isso, acontece que Plínio, Cícero, Virgílio, Galeno, Petrônio, grandes filosofos latinos amantes do vinho italiano nunca se preocuparam muito com coisas desta natureza, você também assim como eles não precisa disso para gostar dos vinhos........basta fazer como os italianos de hoje, que melhor do que ninguém sabem como conviver com eles no seu dia a dia.
O Chianti se confunde com a Toscana, sua paisagem, arquitetura e agricultura seculares, é seu símbolo maior, mas a Toscana moderna vai além do Chianti, como veremos na sequência

“Nunc est bibendum”, um Chianti para acompanhar minha macarronada ao sugo por favor
Até breve, Bacco a seu dispor

Obs : thanks, Viotti, Jancis, Sérgio de Paula Santos, Gasnier.....

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Enotria - A Itália merece...


Baco deus do vinho era romano,...... não por acaso!

Se eu tivesse que associar uma única expressão para definir o vinho italiano eu escolheria “festa”
Todos nós conhecemos seja de onde for, seja de que maneira for, um italiano falante, cheio de gestos, eloqüente, teatral, quase sempre dramático,um exagero em pessoa, um mestre em tratar as coisas com o máximo de espetacularidade !
Com o seu vinho não é diferente, a relação é passional mesmo, e vem de muito longe, podemos contar 3 mil anos de história ligada à vinicultura, em nenhum outro lugar do mundo, o vinho está tão fortemente ligado à cultura popular de um povo como o italiano.
Para ele vinho é alimento, não pode faltar nunca em uma refeição, a qualquer hora, se for com a família então, talvez até por isso eles tenham os vinhos mais gastronômicos que se conhece.
“Vino da manggiare”, é na mesa farta que o vinho italiano tem sua melhor chance de mostrar algum valor, esta é a concepção italiana para enologia.
“L’abbinamento” é a palavra italiana que explica o feliz casamento da comida com o vinho, esta paixão nos rendeu além dos vinhos, o espaguete, o penne, o risoto, a polenta, o parma, o parmesão, a pizza....!!
A Itália inteira produz vinho (literalmente), de todos os tipos, em quantidades gigantescas, e de muitas maneiras, em cada região uma história, uma cultura, uma tradição.
Depois da queda do Império Romano em 476 dC, a Itália permaneceu politicamente fragmentada até 1861, e é esta a melhor explicação para a força das suas tradições locais, para a imensa variedade de uvas nativas regionais, estilo dos vinhos e técnicas de produção.
Foi a Itália a responsável por espalhar a cultura do vinho para o mundo ocidental, primeiro a expansionista Roma Imperial e seus domínios, e bem depois as levas de imigrantes para o Novo Mundo
De americanos a brasileiros, todos desenvolveram o hábito de beber vinho com os imigrantes italianos, o vinho brasileiro deve muito a eles.
Muito além da qualidade dos vinhos italianos, contestada por muitos, não sem razões para isso, ao lado de alguns poucos ícones, a maioria é corrente de produção massiva, porém qualquer enófilo que se preze tem como obrigação respeitar o importante papel que Itália representou e ainda representa no mundo do vinho, sob qualquer ponto de vista.
Não há outra razão senão esta para que os gregos cobertos da sua conhecida sabedoria a chamavam de Enotria, a Terra do Vinho !
Fundamentalmente, esta é a minha maior motivação quando resolvo escolher um tinto italiano para me fazer companhia.
“Nunc est bibendum”, que Baco aí ao lado te proteja
Até breve, nos vemos no Piemonte, Toscana, Vêneto...... Bacco a seu dispor.......

Thanks : Viotti, Gasnier, Jancis.....

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Papo com Bacco 1 ano - Tempo de lembranças


Sentado sozinho haveria melhor lugar
O meu vinho bebo sozinho
Ninguém a me incomodar
E eu nas idéias a viajar
(Goethe)

Caramba um ano! precisamente no dia sete de novembro do ano passado, depois de algumas idas e vindas, muitas dúvidas, receio, medo mesmo, eu colocava o blog no ar.
Quarenta e três postagens depois, um pouco mais de três mil acessos (se cuide Justin Bieber!), uma curtição só, muito bom, muito bom mesmo.
Peço licença para lembrar, comemorar e agradecer, o que de certa forma me leva até onde tudo começou...
“1975”, até então um grande bebedor de whisky barato (quase sempre bem escoltado pelo amigos “Celinho” e “Ivete”), recém formado, recém casado, filha recém chegada (Tati, muito bem vinda), justificativas mais do que aceitas para o “barato” aí de cima, correto ?
E não é que do nada, um belo dia surge lá em casa meu “irmão Caião” todo pimpão, baita bigodão, empunhando um exemplar espanhol, “Visconde de Ayala”,(influência do sangue da Regita acho) com o discurso na ponta da língua “chique é vinho e não whisky”.
Como naquela época recusar uma bebida, nem que fosse vinho, podia ser considerado pecado mortal, nós traçamos o tal Visconde...mas ficou nisso.
Foram necessários pelo menos mais 10 anos para que eu voltasse a prestar atenção nos vinhos, outros tempos,.... whisky de melhor qualidade, novos sócios (grande Wellington), .....mas a verdade é que o vinho estava definitivamente entrando na minha vida, ainda que eu não tivesse a percepção que tenho hoje sobre isso.
Junto com ele, um novo e grande amigo, verdadeiro parceiro das horas de Bacco, passados 25 anos, religiosamente eu e meu amigo Afonso nos reunimos para degustar um vinho, sempre na excelente companhia das nossas poderosas consultoras Bia e Andrea.
Muito além da comida, bom vinho se harmoniza com boas amizades, preste bem atenção nisso....
Já disse aqui mais de uma vez, o vinho é muito mais do que uma simples bebida, é história, é geografia, é cultura, é tradição, ele nos torna mais sábios, felizes aqueles que reconhecem isso (valeu Sergio de Paula Santos, que Deus te abençoe )
Muito obrigado a todos que me incentivam e que me dão imenso prazer ao participarem de um “Papo com Bacco”
“Nunc est bibendum”,mas não se esqueça, beba com moderação....
Até breve, Bacco a seu dispor...........

Obs: Acabo de voltar de um curso da “The Wine School”, aprender nunca é demais, mas seu estiver me tornando um enochato o culpado é o bigodudo aí do lado (Caio - 20/Jul/74)

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Bendita Harmonização - Pegando Leve (a pedidos)


“Vinho e Comida evoluíram juntos ao longo dos séculos, razão suficiente para respeitarmos algumas premissas básicas de harmonização”
Nota : mas sem deixar que elas nos dominem e tornem o prazer de comer e beber em um ato burocrático, mudo, menos colorido....ok?

Não há no mundo bebida que apresente um vínculo tão forte com cultura e história como o vinho, não há outro produto no mundo que expresse melhor suas origens culturais e geográficas
E é através desta onipresença do vinho na história e na cultura das civilizações, na sua capacidade única de personificar uma região ou uma época que nasce a primeira e mais fundamental regra ( não gosto muito desta palavra ) da harmonização
“Conheça um pouco da história e da cultura e respeite a sabedoria local, e aí então siga seus hábitos alimentares : o melhor vinho para a receita da região é o vinho da região. (simples assim)
Estes vinhos próprios(estates) são um verdadeiro reflexo de sua terra e cultura
São vinhos que além de discussões apaixonadas, guardam para si uma lealdade genuína por parte do seu povo.
É com base neste conceito que as chamadas “harmonizações clássicas” se sustentam, cada país tem sua listinha básica
É claro que, o que estamos falando aqui tem tudo a ver com o Velho Mundo, em especial França, Itália, Portugal e Espanha, força motriz da tradição enogastronômica do velho continente.
Em comparação com a Europa, história e tradições no Novo Mundo ainda estão sendo escritas, mas quase todos nós já sabemos por exemplo que com um bom “bife de ancho”, nada melhor do que um Malbecão encorpadão, não é não ?
Então, ao ir a um restaurante típico, pense em um vinho típico, se pedir um prato simples, peça um vinho simples, se optar por um prato mais elaborado , abra a oportunidade de beber um vinho de mais classe, claro que quanto melhor você “entender” o que está comendo ( modo de preparo ), mais fácil vai ser escolher o vinho, e pode acreditar, quando você acerta, não tem preço.
O caminho contrário funciona assim, se você já escolheu um vinho comprovadamente de alta qualidade, peça o que quiser para comer que ele agüenta.
Repetindo meu último “post”, tente, arrisque, erre, acerte, mas siga em frente, privilégio mesmo é você, (de frente para um prato de comida e uma taça de vinho), estar pronto para perceber, sentir, viver, a história, a cultura, e as tradições seculares, que fazem parte deste universo.
“Nunc est bibendum”, Pão & Vinho.... uma benção de Deus
Até breve, Bacco a seu dispor...

Thanks : Vincent Gasnier...

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

A Ditadura da Harmonização - Diretas já!


Às vezes eu acabo não sabendo se saímos para beber, comer, curtir, ou para... harmonizar!!??

Hoje estou aqui para dizer que há muito exagero, muita balela, e até muito exibicionismo, tudo em nome e honra da bendita “harmonização”
Abaixo a tirania da harmonização, já comi o que não queria para ajustar a comida ao vinho, já bebi o que não gostava para fazer o caminho contrário.
Já me vi em um restaurante com tantas taças na minha frente que mal enxergava a minha companhia do outro lado da mesa !!
Diretas já!
O vinho certo para a comida certa é uma fonte enorme de prazer, ninguém discorda, mas quem é que determina o certo e o errado aqui cara pálida ??
Que vinho beber?, suas preocupações com as escolhas em um “jantarzinho em casa” são as mesmas que em um restaurante cheio e com o Maitre no seu cangote? Não !, mas deveria ser, qual é a diferença ?
“O certo para a carne que você escolheu é um Bordeaux tinto da Margem Esquerda”,preciosismo imenso, pura besteira, relaxe.....não é assim que a coisa funciona.
Paradigmas demais, papos científicos demais, jogo social demais, fique longe disso
Exerça o seu poder de escolha, se você acha que vai ficar bom, que você vai gostar da combinação, vá em frente, sem medo de ser feliz, este é o melhor começo.
E se der errado ? bom se você e só você percebeu isso, mais ninguém de plantão para dar palpite, maravilha, aprendeu mais uma, cresceu, evoluiu,........beleza mesmo, siga adiante.
Lembre-se “aprenda com os erros e jamais pare de errar” de um tal de Steve Jobs.
Se você assim como eu acredita que o melhor companheiro de uma boa carne, de uma boa massa, de um ótimo peixe, de um belo queijo, é um bom vinho, o vinho certo, o vinho quase certo, aquele vinho que você acha que é o certo, não importa, use e abuse da sua liberdade de escolha.
Depois de um tempo sem você perceber, aquelas suas decisões puramente intuitivas estarão algo mais balizadas, é você aperfeiçoando a arte de degustar, não só o vinho e nem a comida isoladamente, mas ambos em conjunto.
É como você já conhecesse as tais regrinhas básicas para uma boa combinação entre vinho e comida.
Tudo isso fruto do resultado dos seus erros, alguns micos, mas também da sua ousadia e coragem, da sua atitude, parabéns.
Aí meu amigo, é só desfrutar do imenso prazer que só uma comida e um vinho em plena sintonia, cada um privilegiando o potencial do outro, aquela sinergia para poucos, pode oferecer.

“Nunc est bibendum”, Diretas já
Ate breve, Bacco a seu dispor............

domingo, 9 de outubro de 2011

"5 malbec's do peru!"


Durante este tempo todo, Bacco por razões que até ele desconhece, evitou comentar aqui no seu espaço predileto, sua participação como confrade da “Bacco Ubriaco”
Mas o encontro festivo de nº200, talvez até pela marca, merece ser compartilhado com vocês
Lá fomos nós confrades para um “jantar harmonizado” tendo pela frente 5 Malbec’s de respeito, dá só uma olhada:
Cobos Malbec 2005, Perdriel Mendoza, 15%, fantástico, mastigável, gastronômico até a alma, taninos educadíssimos, 15% de álcool bem distribuídos, com potencial para enfrentar qualquer prato que viesse pela frente.
Nicolas Catena Zapata 2006, Luján de Cuyo Mendoza, 14,8%, elegantíssimo, um legítimo Catena, orgulho argentino, escurão, potente, encorpado, sem deixar de ser sedoso, aveludado, um final longo que fica guardado na memória por muito tempo.
Achaval Ferrer 2008, Luján de Cuyo Mendoza, 13,5%, vinho conhecido, premiado, elogiado pelos especialistas, sem dúvida outro legítimo top Malbec, porém a esperada explosão de aromas, aquela complexidade no paladar, não aconteceu, desconfio que abrimos muito cedo este 2008, mesmo assim mostrou sua origem nobre.
AVE Gran Reserva 2007, Perdriel Mendoza, 14,8%, não é a primeira vez que este Malbec surpreende, vinho correto, equilibrado, boa tipicidade, fácil de gostar, bem mais barato do que os 3 aí de cima, harmonizou muito bem com os pratos servidos.
Finca El Origem Gran Reserva 2008, Valle Del Uco, 14,8%, não é que decepcionou, bom vinho, tudo no seu lugar, mas apresentou uma simplicidade exagerada em se tratando de um Gran Reserva, meio tímido não se mostrou inteiramente para nós.
Quanto aos pratos, veja a lista de opções e o tamanho do desafio destes vinhos, todos apreciados a cegas
Entradas : Salada Verde com queijo de cabra, Carpaccio de Surubim, Espetinho de Kobe
Pratos: Stinco de Javali com risoto de lingüiça húngara, Entrecote maturado ao molho de trufas negras e purê de mandioquinha, Confit de pato ao molho poivre, Ravióli de Muzzarela e tomates frescos
Sobremesa : Creppe de nutella
Os 5 Malbec’s, cada um da sua maneira e com as suas qualidades individuais deram conta do recado com sobras, os 3 primeiros podem ser considerados caros (acima de R$300,00), os outros 2 custam um pouco menos de R$100,00, “tipo Best-Buy”
A festiva de nº 200 da Bacco Ubriaco vai deixar saudades..........
Explicando o “do Peru” do título para a geração Steve Jobs :top de linha, sensacional, fora de série, líder de mercado, único, the best, assim tipo iWine” ...............
“Nunc est bibendum”, thanks Steve...bye.
Até breve, Bacco a seu dispor

Thanks : Confrades.......................

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Uma Saga Brasileira - The End


Ok companheiros, em primeiro lugar para aqueles que acharam tempo, tiveram paciência e talvez algo mais, para seguir os capítulos (5) desta que considero uma verdadeira saga, registro aqui os meus mais sinceros agradecimentos.
Repetindo Hugh “ Sem geografia o vinho é incompreensível, sem história é incolor,sem sabor característico não faz sentido, e sem viagens ele parece irreal” (Hugh Johnson- escritor & crítico)
Esperando que a motivação de vocês pelo vinho nacional tenha aumentado na mesma proporção que o preconceito tenha diminuído, me despeço do tema, prometendo voltar em breve.
Deixo aqui uma relação de nossos bons vinhos, aqueles que já tomei e gostei, ou aqueles indicados por um amigo apreciador que respeita o vinho nacional.


Vinhos Espumantes : Sem dúvida o vinho nacional mais característico da Serra Gaúcha é o espumante, considerado o melhor da América do Sul, e respeitado mundo afora, o futuro promissor da região.
Cave Geisse, Salton Reserva Ouro, Salton (ótimo custo x benefício), Família Valduga 130, Cave Pericó (SC), Miolo Millésime, Chandon Réserve.

Vinhos Brancos Secos : Não tenho o mesmo entusiasmo pelos nossos brancos atuais, espero ansioso pelo progresso dos brancos da Serra Catarinense.
Villa Francioni Sauvignon Blanc, Núbio Sauvignon Blanc, Quinta Santa Maria Chardonnay, Villaggio Grando Sauvignon Blanc, Villa Francioni Chardonnay

Vinhos Tintos Finos : minha atual classificação de qualidade para nossos tintos é a seguinte, 1 - regulares e bons, a imensa maioria dos nossos vinhos está aí, desde os mais simples e baratos até alguns caros e pretensiosos, 2 – muito bons e ótimos, ainda são poucos e às vezes, raros difíceis de encontrar, 3 – excelentes, bem, prefiro esperar mais um pouco.................
Vamos então aos meus bons e ótimos : Miolo Lote 43, Salton Talento, Quinta do Seival Castas Portuguesas, Miolo Terroir, Salton Desejo, Villa Francioni Joaquim, Quinta do Seival Cabernet Sauvignon, Pizzato DNA 99, Pizzato Reserva Merlot, Quinta da Neve Cabernet Sauvignon, Don Laurindo Gran Reserva Tannat, Dal Pizzol 200 anos Touriga Nacional, Fortaleza do Seival Tempranillo, Villaggio Grando Merlot, RAR Merlot, Villa Francioni CS/Me/CF/Mal, Villaggio Grando Cabernet Sauvignon, Storia Gran Reserva Merlot (Casa Valduga)..........e mais alguns poucos que não me lembro no momento
Obs : a safra do vinho faz a diferença entre um bom e um ótimo, conheça as melhores safras nacionais, leia rótulos......
“Nunc est bibendum”, salve Hugh Johnson................
Até breve, Bacco a seu dispor.............................

Thanks, Adega, José Amarante,...

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Uma Saga Brasileira - Prá frente Brasil,il,il,il....!


“A hora é agora, ............Brasil mostra a sua cara.” (viva Cazuza)

Definitivamente estamos no caminho da nossa “maioridade vitivinícola,” Miolo, Salton, Pizzato, Lídio, Argenta, Valduga, Carrau,Geisse,...., já carregam esta responsabilidade nas costas, outros estão a caminho.
A direção eles já encontraram, qualidade, qualidade, e qualidade.
Esta é a única garantia de sucesso em um mercado que deseja e precisa ser competitivo, respeitado pelos seus clientes e aberto à concorrência.
As melhores regiões (infelizmente sem as vantagens naturais de Chile e Argentina), as melhores cepas, as melhores tecnologias, as melhores consultorias, o melhor marketing, as principais tarefas de casa estão sendo feitas com seriedade, afinco, disciplina, tenacidade, coragem e atitude de sobra.
Não adianta plantar em tudo que é lugar, vinho fino de qualidade só com gaúchos e catarinas, o resto é figuração
Não adianta plantar de tudo um pouco, uva, clima, e solo precisam da máxima harmonia entre eles, (um casamento a 3 perfeito, impossível, será?) tecnologia ajuda é claro, conhecimento nem se fala, mas o bom vinho nasce no campo e ponto final.
O conhecimento deve ser buscado onde ele estiver, exige humildade, não é fácil.
Paradigmas e tradições devem ter espaço reduzido, mais difícil ainda!
Sendo assim então, vejamos :
A Serra Gaúcha (Vale dos Vinhedos) ainda é o nosso principal e mais conhecido pólo vitivinícola, é o melhor, não creio, e não estou só, ok, está implantado, é uma denominação de origem, a nossa primeira, legal mesmo, tem história, tem tradição, mas tem potencial para chegar lá, infelizmente creio que não. Ela não atende muito bem a algumas leis fundamentais que regem “um terroir perfeito para o vinho perfeito” (um capítulo à parte), exige muito do homem, da tecnologia, ....e até da sorte, assim não dá.
O pessoal mencionado lá em cima parece que já percebeu isso, e muitos estão olhando com mais carinho para a Fronteira Gaúcha, ali mais perto do disciplinados uruguaios (Campanha e Serra do Sudeste), onde aí sim parece que podemos chegar lá, escolhida por razões técnicas e não históricas sem os paradigmas e tradições tão caras aos gaúchos da Serra.
É também a vez dos “catarinas”, sob o guarda-chuva da Acavits (Associação Catarinense de Produtores de Vinhos Finos de Altitude), eles também estão dando demonstrações concretas de que conhecem os seus desafios.
O potencial da região é grande ( São Joaquim, Campos Novos e Caçador ), um “terroir de altitude”, 100% de “videiras viníferas” plantadas entre 900 e 1400m acima do nível do mar.
Clima mais seco que o gaúcho na época da colheita, gradiente térmico de mais de 10ºC entre dia e noite, bom, muito bom, as uvas agradecem (boa sanidade dos cachos, maturação correta)
Aqui vai uma palhinha, a eternamente famosa e classuda, porém cheia de preguiça quando se trata de amadurecer, a Cabernet Sauvignon se adapta melhor aqui do que na Serra Gaúcha, onde ainda é a variedade mais plantada. Interessante né?
A Pinot Noir é outra que gosta muito da região, que por sinal tem potencial para produzir em um futuro breve o melhor Sauvignon Blanc do continente.
Comparada com as regiões vinícolas do Velho Mundo, podemos dizer que Santa Catarina ainda nem ultrapassou a fase da fralda, mamadeira, e chupeta (assim como o Enrico meu neto!), mas já produz alguns dos melhores vinhos brasileiros do presente, um enorme potencial sem dúvida (assim como o Enrico meu neto!)
Entre os destaques, Villa Francioni, Pericó, Quinta da Neve, Suzim, Sanjo, Panceri, e Villaggio Grando, fique atento a este pessoal, eu estou atento (e bebendo seus vinhos sempre que possível)
Bacco,e o Vale do São Francisco ?, quente meu amigo, muito quente, um suador danado, quem sabe um espumante feito com uva Moscatel, docinho e levinho,.. e só.
Só mais uma coisinha, safra é coisa séria, umas são boas, outras ruins, umas poucas, excepcionais, por aqui a de 2005 foi uma dessas. Habitue-se a ler rótulos, ajuda muito...................
“Nunc est bibendum”, um brazuca da safra 2005,please. )
Até breve, Bacco a seu dispor.........

Thanks : Viotti, José Amarante, Larousse.....

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Uma Saga Brasileira - Mil vezes Merlot!


“O espírito é variável como o vento....
Mais coerente é o corpo, e mais discreto......
Mudaste muitas vezes de pensamento......
Mas nunca de teu vinho predileto....”
(Álvares de Azevedo,escritor – 1831- 1852)


Não são poucas as vozes especialistas que elogiam o espumante brasileiro, e ele é bom mesmo. (esqueçam o Prosecco por favor.)É aquela questão do tal de “terroir”, o produtor atento observa que uva, solo e clima se entendem bem, se aproveita de todas as maneiras desta harmonia e elabora um vinho de qualidade.
É mais ou menos assim em qualquer parte do mundo, parece simples mas não é não.
Tem muita gente também que diz , por isso ou por aquilo, que a vocação do Brasil é o vinho branco.
Bem, como diria um velho conhecido “há controvérsias”
O fato é que nosso vinho branco continua sendo um desconhecido e está muito longe do reconhecimento que o espumante já alcançou, aqui e lá fora.
Outra questão é a seguinte, em qualquer pesquisa que se faça sobre preferências, 80% no mínimo afirmam que preferem o vinho tinto !?
Tem mais, o espumante por melhor que seja, continua sendo uma bebida digamos assim, “temática”, com forte vocação para marcar presença em celebrações, e o vinho branco continua sendo uma bebida de poucos apreciadores, em qualquer lugar do mundo
O que fazer então? simples : vinho tinto de qualidade!
E aí de novo, aquelas mesmas vozes especialistas lá do início, dizem que a uva de melhor comportamento lá pelas bandas do sul é a Merlot.
Que dela resultam vinhos macios, aveludados, frutados, com taninos educados, de média acidez, final elegante, gastronômicos, tudo de bom...
E para comprovar esta tese, basta prestar um pouco de atenção a qualquer degustação, premiação, o que seja, de “melhores tintos nacionais”, 9 entre 10 ou são elaborados com uma mistura de uvas onde a Merlot tem participação relevante no resultado final, ou são mesmo varietais de Merlot.
O que será que estamos esperando para transformar a Merlot na casta emblemática do Brasil? Assim como o Chile fez com a Carmènére, a Argentina com a Malbec, o Uruguai com a Tannat, e em menor proporção mas não menos evidente, a Austrália com a Shiraz, a Nova Zelândia com a Sauvignon Blanc, e a África do Sul com a Pinotage. Todos exemplos de sucesso de marketing e mais importante, de vendas, pode conferir.
Todos eles assim como nós, também produzem seus “vinhos de corte”, eu até diria que é uma tendência em detrimento do mono-varietal, mas quase nunca se esquecem de dar um espaço importante na mistura para sua uva ícone.
Até mesmo entre os europeus, mais acostumados com a origem do vinho do que a casta em si, temos Portugal discutindo se faz o mesmo com a sua Touriga Nacional.
Tempranillo lembra o que?, Espanha, certo parabéns e Riesling, Alemanha, certo muito bem outra vez, então quem gosta de Tempranillo compra o quê, vinho espanhol, e quem gosta de Riesling, vinho alemão, legal né?
E olha que a Merlot está dando sopa, os USA depois de Sideways a trocaram pela Pinot Noir, o Chile aos poucos vem aceitando que seu terroir não é o melhor para ela, fazem coisa melhor com a Cabernet, e com a própria Carmènére, os Merlot argentinos (Patagônia) não entusiasmam, e assim por diante.
Então novamente, raios me partam, porque ainda não colocamos a Merlot no seu devido lugar, e não partimos para obter o reconhecimento que nosso vinho tinto já faz por merecer há algum tempo.
Será que aquele já mencionado espírito de associatividade dos nossos amigos gaúchos e suas incontáveis associações atrapalha mais do que ajuda neste caso, cada uma cuidando dos seus próprios interesses e das suas próprias inseguranças....será?
Como sempre qualquer coisa só vai para frente quando todos dão a sua contribuição, e também mais uma vez posso dizer que nossa parte até que não é lá das mais duras, na próxima vez que for beber um tinto, seja onde for, peça um Merlot brasileiro, na seguinte indique para seu amigo, e assim por diante, fácil né ?
“Viva nosso vinho brasileiro! viva nossa Merlot!” (bem, espero que os bons marqueteiros tenham idéias melhores que eu....)

“Nunc est bibendum”, um Merlot brasuca por favor...
Até breve, Bacco a seu dispor.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Uma Saga Brasileira - Séc-XXI


“Desde Getúlio que não temos um presidente da República que goste de vinho – de cachaça tivemos um monte”

Entramos no século XXI, podemos dizer que a indústria esta aí, pronta, o país vai bem obrigado, o consumo de vinho entre nós já é mais do que modismo, é prazer, quase hábito, mas ainda estamos longe do necessário reconhecimento interno e externo.
É elogiável o que conseguimos nos últimos anos, até bons vinhos nós já temos, o desafio agora é conquistar o Mercado, é seduzir o Cliente, o duro é que o brasileiro acha que já nasce sabendo como fazer isso.............é mole?
Nós já bebemos tanto vinho quanto o Cazaquistão e o Usbequistão, e já ultrapassamos o Quirguistão e o Azerbaidjão, e vamos em busca da Bósnia, da Armênia e do Paraguai!
Dá para sentir o tamanho do desafio?!
“A união faz a força”, ok, legal, funciona em muitos casos, mas dá uma olhadinha nisso : Afavin, Agavi, Aprobelo, Apromontes, Aprovale, Asprovinho, Aviga, Embrapa - Uva&Vinho, Fecovinho, Ibravin,Uvibra...............ufa!, só na Serra Gaúcha, uau!
A visão de “associatividade” até pode ser útil para estabelecer uma estratégia de mercado forte e objetiva, e nós precisamos disso, mas o exagero pode gerar perda de foco (ou bagunça mesmo)
Neste momento é bom lembrar quem de fato é a concorrência, os hermanos com seus malbecs, os chilenos com sua carmenere, os uruguaios com sua tannat, os australianos com seus shiraz, os europeus com todos estes e muito mais, enfim, certo?
E o preço companheiro, o vinho nacional é caro “prá-chuchú”!
Ok, temos os tributos, a carga é grande mesmo, neste caso nas próximas eleições vote em alguém que goste de vinho...
Um político americano trabalhando pela indicação do seu partido para ser o oponente do Obama no ano que vem, colocou em destaque no currículo, “ quando jovem foi animador de torcida”, grande atributo para uma presidência concorda ? que tal nosso candidato declarar-se um “enoblogueiro apaixonado”,pode dar voto!
A sério, tem também a questão do “quanto você está disposto a pagar pelo produto”, e se o custo & benefício for interessante, se o preço & qualidade for transparente, se a oferta for grande, se você se sente respeitado pelos produtores, se seus amigos estão comprando (e bebendo claro), aí você também chega lá.
A hora é essa, tem mais grana circulando, mais gente preparada para o consumo em geral, mais gente interessada no vinho, mais gente pronta para vencer o preconceito, desde é claro que os bons vinhos que estão chegando, mantenham (e até melhorem) a sua qualidade, isso é imprescindível,imperativo,obrigatório, ok?
Governo, entidades, cooperativas, produtores, distribuidores, pontos de venda, marqueteiros, críticos, sommeliers, cada um destes tem suas responsabilidades específicas no sucesso ou não do vinho nacional, quanto a nós a tarefa é mais fácil, é só beber!
Aproveitando a oportunidade, estes são alguns tintos nacionais que gosto e bebo : Salton Talento, Quinta do Seival Castas Portuguesas, Lote 43, Joaquim, Miolo Merlot Terroir, Salton Desejo Merlot, Pizzato Merlot, Quinta da Neve Cabernet Sauvignon.
Quebrando preconceitos dois vinhos de uma cooperativa, o Aurora Reserva Merlot e o Aurora Millésime Cabernet Sauvignon

"Nunc est bibendum", inspire-se na foto ao lado.......
Bacco a seu dispor

Thanks : Cabral (citação inicial), Viotti, Adega, Wine, Atlas Mundial,...........

domingo, 28 de agosto de 2011

Uma Saga Brasileira - Século XX


“Caminhante não há caminho, se faz caminho ao andar”
Antonio Machado – poeta espanhol 1875-1939

Depois de 400 anos de muitas idas e vindas, sem chegar a praticamente lugar nenhum, o nosso vinho começou a andar e assim fazer o seu caminho, do conhecido jeitinho brasileiro naturalmente!
Por volta de 1910 com a ajuda do governo os pequenos produtores começaram a ser organizar em cooperativas, estes queriam progredir, o governo começar a cobrar tributos!
Dois anos depois eram mais de 30 cooperativas, nasce então a pomposa “Federação das Cooperativas do Rio Grande do Sul”
Nasce e morre sem dizer para o que veio, e os produtores se dispersam novamente, cada um assumindo para si a responsabilidade de ser ele a salvação da lavoura.
O “vinho da colônia” espalhava todo seu charme, o famoso garrafão (5.lts) de vinho de mesa, feito com uvas americanas Isabel (foto ao lado ) era quem dava as cartas no mercado.
As cooperativas voltaram mais uma vez, algumas existem até hoje, a Aurora é uma das mais conhecidas, uma das maiores, e dona do Sangue de Boi.
Ainda hoje apesar de também produzir vinhos finos, vem do vinho de garrafão a parte mais expressiva do faturamento da Aurora, assim como de muitas outras cooperativas do sul.
Só o Brasil produz vinhos a partir de uvas rústicas americanas não viníferas, na Europa é proibido por lei!
Acontece que por aqui, para a maioria dos vinhateiros gaúchos, é este o vinho que compõe a base dos seus negócios, mais que isso, da sua sobrevivência. Dá para proibir sem oferecer uma alternativa?
Nos anos 50 “chique no último” eram os varietais da Granja União, e o brasileiro, até mesmo sem perceber, aprendia a pedir um Cabernet Franc, um Merlot, um Riesling Itálico, vinhos consumidos em ambientes sofisticados, mas sem incomodar a liderança do Sangue de Boi da Aurora e outros populares menos votados.
Então apareceu o marketing e viva ! sua primeira ação foi inventar nomes estrangeiros, Château Duvalier,Clos de Nobles, Conde Foucauld, Katzwein, Château D’Argent....., já a qualidade!?
Nos anos 70 o cenário era o seguinte : vinho de mesa ordinário consumido sem preocupação alguma, cooperativas voltadas mais para a produtividade e menos para a qualidade, e o grandes grupos internacionais chegando com as mesmas intenções,..Heublein, Seagran, Almadén,.... etc. Triste, muito triste.
De qualquer forma, para o bem ou para o mal, foram os investimentos destes grandes grupos, os responsáveis por mais uma onda de otimismo no setor, levando alguns corajosos empreendedores a acreditarem que o “vinho fino moderno” poderia ser a nova base da industria vinícola brasileira, em detrimento do velho, querido, mas ordinário “vinho de garrafão”
E é assim que começamos um novo século, o XXI, o século da esperança, Miolo, Salton, Pizzato,Valduga, e muitos outros, estão aí para concretizá-la.
Para quem já esperou 500 anos, porque não acreditar!
“Nunc est bibendum”, até o século XXI
Bacco a seu dispor..............................

Thanks, Viotti,Adega,.......

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Uma Saga Brasileira !



Salve Cabral, 500 anos de história........
Isso já foi dito antes, “é mais difícil falar sobre o vinho brasileiro do que qualquer outro, de qualquer nacionalidade”
Eu mesmo confesso que tenho sentimentos contraditórios, e uma percepção difusa sobre eles.
Às vezes elogio, às vezes critico, quase sempre acho caro.
Este aparente paradoxo pode até ter nome e sobrenome : “puro preconceito”, sei lá ? será ? quem vai saber?
A imagem do vinho brasileiro perante seus próprios apreciadores não é boa, é ruim, e não sei se os produtores concordam com isso, aí pode morar o perigo.
Apesar do salto de qualidade do produto nos últimos anos, parece que o marketing do setor ainda não resolveu a questão.
O vinho brasileiro nunca foi tão bom quanto é hoje,e isso é fato.
E a tendência continua positiva, e isso é bom.
Mas o caminho a ser percorrido até um imprescindível novo patamar de reconhecimento é longo, muito longo, e cheio de obstáculos, é preciso muito cuidado, muita dedicação, muita atitude, coragem,...etc,etc, quer uma “canjinha”?
Cabral em 1500 trouxe o vinho com ele, ofereceu aos nossos índios antes mesmo de desembarcar, estes não gostaram nem um pouco, preferiam o seu à base de mandioca , mastigada pelas virgens da tribo. ( o cauim )
Martin Afonso em 1532 trouxe viníferas da ilha da Madeira, junto veio Brás Cubas, viticultor no Douro, Cubas fundou Santos e o primeiro vinhedo plantado alí mesmo no úmido e quente litoral, primeiro de muitos fracassos.
Cubas atravessou a serra e tentou de novo em São Paulo, não deu outra, fracasso novamente.
Com a descoberta do ouro por volta de 1720, não sobrou um só cidadão interessado em cultivar uvas, e a coisa parou de vez.
Sobraram os jesuítas que precisavam do vinho para a liturgia, e no sul do país eles até que tinham algum sucesso, muito pouco.
E aí veio a Coroa e proibiu a Colônia de produzir qualquer coisa que não fosse para atender as necessidades da metrópole (1785),e o vinho com certeza não era uma delas.
Este decreto foi assinado por D.Maria I, “A rainha Louca” !!
Nesta época todo vinho do Porto que os ingleses não conseguiam consumir, vinha para o Brasil, querendo ou não !
Para vermos alguma luz no fim do túnel, tivemos que esperar pela independência do Brasil (1822 certo !)
Fora alguns poucos vinhedos de uva “Isabel” em São Paulo, nada aconteceu até a chegada dos imigrantes italianos por volta de 1870!
Estes trouxeram mais do que vinhas, trouxeram a cultura do vinho como alimento, como parte das suas refeições diárias, o caminho estava aberto novamente.
Quatro séculos, 400 anos haviam se passado e nós estávamos apenas recomeçando, do zero! Que Saga!
Acho que podemos dizer que a “indústria vinícola brasileira” como nós a conhecemos hoje, nasceu com estes bravos italianos do Vêneto, da Lombardia e do Trento.
Eles se dividiram entre a região de São Paulo, mais uma vez!,e graças ao bom Deus a Serra Gaúcha (ufa!).
E diga se de passagem, compraram e não ganharam as terras para serem cultivadas ( não havia o MST nesta época ), e pasmem, não eram as melhores, estas já estavam com os alemães que haviam chegado lá pelas bandas do sul alguns anos antes.
Para piorar, as finas e delicadas viníferas européias saudosas do seu clima nativo, simplesmente negaram fogo.
Antes de bater o desespero de não haver vinhos para preencher a alegria dos corações dos imigrantes, lá vem os alemães novamente e apresentam aos desesperados italianos a uva americana Isabel, perfeitamente adaptada, robusta, e produtiva, a verdadeira salvação da lavoura.
Nascia o “vinho da colônia”, suave, docinho, gosto de uva, ....morando até hoje no coração dos gaúchos, maiores consumidores de vinho do Brasil.
É companheiro, o vinho de Isabel ( e de Niágara, Catawba, Concord, Bordô,Bonarda.....) foi e ainda é o responsável pela existência da cultura do vinho entre nós, este é o seu grande legado.
Outra vez, que Saga !, me aguardem, eu volto logo para a segunda parte.
“Nunc est bibendum”, um Sangue de Boi per favore..
Bacco a seu dispor................

Thanks, novamente Viotti.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Dão;Bairrada;Setúbal;Tejo;Lisboa;pá!!!


“Sei que há léguas a nos separar, tanto mar, tanto mar.....
Sei também como é preciso, pá, navegar, navegar......
Canta a primavera, pá, cá estou carente...........
manda novamente algum cheirinho de alecrim”

“Tanto Mar” – Chico Buarque de Holanda – 1975

Conforme prometido domingo passado, de volta ao nosso passeio pelas regiões vinícolas de Portugal, avante !
Este país pequeno em território, mas com um vasto repertório de uvas e vinhos, e regiões únicas, cada qual com suas características próprias, pá.
Dão, é região, das mais tradicionais de Portugal, e de bons vinhos também, por aqui já foi sinônimo de vinho português, vamos abrir um Dão, saudoso Dão Grão Vasco, é o patrício emigrante com saudades da terrinha e dos amigos de além mar!
A segunda região mais antiga do país já esteve melhor na foto, quando os muitos pequenos viticultores se reuniram em cooperativas, o foco foi para a quantidade, e a qualidade foi para o “beléleu”
Porém as coisas por lá estão mudando, assim como em todo Portugal, empresas e produtores privados estão assumindo a responsabilidade de trazer de volta a qualidade para os vinhos do Dão, potencial é que não falta, solo e clima de primeira linha.
Os melhores tintos têm Touriga Nacional (nascida no Dão) e Alfrocheiro na composição, os melhores brancos são de Encruzado, entre os melhores brancos lusitanos.
Se você cruzar com um tinto elaborado com uvas Jaen, arrisque, pode ser uma boa surpresa.
Estando no Dão, visite a Universidade de Coimbra.
Bairrada, o nome vem de barro mesmo, só demarcada em 1979, é considerada por alguns patrícios a mais portuguesa das regiões vinícolas do país, uns enxergam aqui uma vantagem, outros não,pá.
Bairrada me lembra pato, não o próprio, mas o Luís e sua filha Filipa Pato, produtores excepcionais, guerreiros indomáveis, Luís é o guardião da Baga, uma uva com potencial de trazer muita luz para a região e o país, mas é preciso estar de olhos abertos para tal.
É na Bairrada que o Mateus Rosé é produzido, mas pode esquecer essa. É a terra dos espumantes também, bons espumantes.
Estando lá, peça um tinto de Baga para acompanhar seu imperdível “leitão da Bairrada”.(que tal um Luis Pato Vinhas Velhas 2007 – 100% Baga, ou um Felipa Pato Ensaios 2009)
Península de Setúbal, região do famoso e muito, mas muito doce Moscatel de Setúbal, único a fazer bonito frente aos “beijos de freira”, “papos de anjo”, “orelhas de abade”, “ovos moles”, “baba de camelo”, “arrufadas” ...etc, todos à base de ovos, todos muitíssimos doces, todos representantes da chamada doçaria conventual portuguesa (as freiras sabiam o que estavam fazendo, e bebendo, pá ).
O Moscatel de Setúbal é primo do Porto e do Madeira, e só é menos conhecido do que o primeiro, porque os ingleses não foram até o sul de Portugal.
Além do Moscatel, experimente um vinho da Bacalhôa Vinhos, a que melhor domina castas francesas em terras lusitanas.
Se a Bairrada tem o Mateus Rosé, Setúbal não fica atrás, tem o Periquita ! bem conhecido por aqui, né não ?
Tejo é o novo nome da região antigamente conhecida como Ribatejo . Vinhos do Tejo, ficou bonito, ganhou nome de rio famoso (olha as aulas de História aí ), marketing de qualidade, agora então vamos beber para conferir a quantas anda a qualidade dos seus vinhos, é o que interessa ao final das contas.
Vinhos de Lisboa, outra mudança esperta, Estremadura o nome antigo não ajudava muito ajudava ?
Mas aqui já temos o que elogiar, tem os vinhos da Quinta do Monte d’Oiro e os da Quinta da Chocapalha, ambos charmosos e elegantes.
É a região lusa que mais sofre influência de castas estrangeiras, razão para cortes curiosos entre uvas francesas e portuguesas, sem igual .
Agora sim companheiro, nosso passeio por Portugal está terminando, espero que eu tenha pelo menos incentivado você a dar mais atenção aos vinhos da terrinha, pá.
Coincidência ou não, desde começamos este passeio com “Coração Lusitano” no final de Maio, Portugal , sua cultura, seus vinhos, suas qualidades, são os líderes de audiência nas nossas revistas especializadas, e em muitos enoblogs, parece que eu não estava enganado !
Qualquer dia destes eu volto, só para falar do menosprezado Madeira
Vou embora mais deixo aqui duas dicas daqueles vinhos que alguns chamam “vinho de batalha”, vinho do dia a dia, outros de “bom & barato”, outros ainda de “custo & benefício”, que seja, lá vai, Rapariga da Quinta, e o Monte Velho, ambos 2008, dois alentejanos da gema !

“Nunc est bibendum”, tchau!
Bacco a seu dispor...............

Thanks : Viotti............

domingo, 14 de agosto de 2011

Até breve Portugal!


“ao gozo segue a dor, e o gozo a esta
Ora o vinho bebemos porque é festa
Ora o vinho bebemos porque há dor
Mas de um e de outro vinho nada resta”

Fernando Pessoa

De volta a Portugal para dizer até breve......mas já com saudades.
Depois do Douro (os dois), Vinhos Verdes , Alentejo, e antes do Dão, Bairrada, Setúbal, e demais regiões, quero falar um pouco sobre o sentimento que se instalou em mim sobre o Portugal dos dias de hoje.
Neste meu retiro lusitano, lendo, estudando, conhecendo, e bebendo seus vinhos, de alguma forma cheguei muito mais perto de Portugal agora do que naqueles tempos idos, onde tínhamos que aprender sobre o país e seus personagens, do descobrimento à proclamação da república, nas intermináveis aulas de História da professora Januária ( saudades da Janú ).
Conheci Cabral, Caminha, Cubas, o Brás, o Infante, o Anhanguera, a dupla Nóbrega e Anchieta, Afonso de Souza, o Martin, D. João, a louca D.Maria, os Pedros, Isabel e seu Conde, o velho Bonifácio, e tantos outros, sem adquirir o devido respeito ou admiração por qualquer um deles, ou pela sua trajetória. ( mea culpa !?)
Quantas vezes me peguei torcendo pelos holandeses.
Passados quase meio século daqueles dias de colégio Olavo Bilac (salve prof. Everardo), este meu nascente interesse pelo mundo do vinho e tudo mais que ele agrega, colocou Portugal ,os portugueses, e uma parte das suas tradições e cultura no meu caminho novamente.
E junto com esta experiência um sentimento gostoso de admiração (até então inédita), ungido pelo esforço conjunto de uma nação para colocar a marca Portugal em evidência, numa clara intenção de se mostrar para o mundo como um país produtor de vinhos de qualidade. (.....“Wines of Portugal, uma iniciativa de 75 milhões de euros para promover o vinho nacional fora do espaço comunitário,.......)Repetindo a “wine master” Jancis Robinson, o mundo do vinho de hoje é muito mais do que história e tradição, as pessoas bebem só o que gostam, só pagam pelo que realmente acham que vale, e exigem qualidade, e me parece que nossos patrícios estão atentos para isso.
O vinho europeu de melhor relação qualidade preço vem de Portugal.
Para mim em especial, o prazer que sinto hoje ao beber um vinho português extrapola sua qualidade intrínseca, ele vem carregado de um sentimento diferente, de uma emoção nova de estar (re) descobrindo quem justamente nos descobriu, são nossos profundos e históricos laços culturais aflorando de uma maneira distinta, uma admiração emotiva que me enche a alma.
Bacco, e o Dão, Bairrada, Setubal, Tejo, como é que fica ?
Paciência, vai ter que ficar para a próxima, são muitas as emoções ( epa! )
“A emoção da admiração é a base do nosso desenvolvimento como pessoa” – de uma psicóloga que admiro muito
“Nunc est bibendum”
Bacco a seu dispor...........................

Thanks : (saudoso) Sergio de Paula Santos,Jancis,....Táta (!)

domingo, 7 de agosto de 2011

FATOR SAÚDE-( Reloaded)




saúde,cheers,santé,prost,salud,evviva..........!

Mesmo que não houvesse uma única pesquisa sequer sobre a relação do vinho com a nossa saúde, e há muitas acredite, ainda assim eu encontro mil razões para tal.
Você quer coisa melhor para a sua saúde do que a presença constante da boa companhia, a proximidade com aquela velha e eterna amizade, o ritual da confraternização, o jantarzinho a dois à luz de velas, a ida àquele restaurante fantástico, a comemoração com quem amamos, ou pela boa surpresa que não esperávamos, o sossego do leão, aquele momento só seu, você consigo mesmo, (não confunda com solidão por favor), aquela leveza da alma, aquela risada gostosa, uma mais que provável contribuição da segunda taça !.......
Todos estes são momentos de felicidade, uma saudável felicidade, e em muitos deles, a bebida, o vinho em especial, está lá emprestando sua agradável companhia, presente, não onipresente, já falei isso antes.
Preste atenção, em que situação um bom vinho vem à sua mente, e com que pretexto ele se insere no cenário desenhado por você, qual o papel que cabe a ele ? Captou?
Ok, antes de voltar para o início deste texto e para as tais pesquisas, veja o que o vinho tem e que faz parte da nossa dieta normal, água, açúcares, vitaminas, B1,B2,B6,B12, A,e C, mais potássio, cálcio, fósforo, zinco..etc e claro álcool etílico, portanto não esqueça nunca a moderação.
Embora o vinho não costuma ser a bebida de referência da imensa maioria dos alcoólatras, “take care yourself”
Aliás, vinho e moderação andam juntos há muito tempo , em todo o mundo apreciador da bebida, o consumo “per capita” nas últimas décadas caiu pela metade, a famosa troca do muito pelo só apenas o bom
O provador de vinho prima pela busca da qualidade em detrimento da quantidade, aliás uma característica inerente aos bons bebedores de vinho !
E as pesquisas Bacco??, ok,ok, elas estão aí, e a medida que estes estudos vão sendo realizados por cientistas de todo o mundo, o vinho vai subindo na consideração médica.
Hoje a classe médica acredita que o vinho quando consumido moderadamente é benéfico à saúde,ele atua como ansiolítico, como vaso-supressor,como diluente do mau colesterol e combate os radicais livres.
Tem mais, os tais “polifenóis do vinho” protegem o coração, o fígado, e podem ajudar no combate ao Alzheimer ( eu particularmente nunca esqueço de tomar a minha taça !)
Acha que acaba por aqui, então segura essa, o “Journal Sexual Medicine” publicou recentemente um estudo italiano que aponta o maior libido sexual nas mulheres que bebem vinho regularmente . Participaram do estudo cerca de 800 mulheres italianas entre 18 e 60! A região pesquisada foi a de Florença e o vinho de referência o Chianti, claro. ( bom vinho por sinal ! )
Satisfeito com essa companheiro, então abra sua garrafa e “viva as italianas”!

“Nunc est bibendum”, um Chianti per favore !
Bacco a seu dispor

Thanks : José Ivan Santos, Revista de Vinhos, blog: Bebideria – Tragos e Causos

Obs : esta belezura de cerejeira está em frente à minha varanda, lá embaixo na pracinha, qualidade de vida companheiro...................
Obs : Postado originalmente em Ago/2011

domingo, 31 de julho de 2011

DDD-BACCO nº5


Dúvidas Devidamente Degustadas

AOC, DOC, What???

É chato eu sei, algumas vezes até “muito chato” concordo plenamente, e pior, confuso, complicado, cansativo, enervante, e sei lá mais o que, tudo que você quiser.
Acontece que para apreciarmos melhor e principalmente aproveitarmos melhor o vinho que bebemos (e pagamos $$$$!), é bom entender um pouco sobre legislação, sobre siglas, sobre rótulos, e tudo mais neste sentido.
É companheiro ler é preciso, agora faça um esforço e leia até o fim este “post”, pode valer à pena.
Eu vou tentar me manter sério (e sóbrio).
Tudo começa com as demarcações das áreas, as chamadas Denominações de Origem – “DO”. ( O “C” significa controlada, Denominação de Origem Controlada ).
Os franceses donos da legislação mais completa, complexa, e copiada do mundo, chamam de Apelação de Origem Controlada (AOC).
O objetivo principal das denominações é o de proteger a qualidade do vinho e os interesses do consumidor, delimitando as regiões de produção, regulamentando as obrigações e os direitos do produtor.
Além de demarcar a área que tem o direito de usar determinado nome do rótulo, também prevê as uvas que podem ser utilizadas, tipo de plantio, produção máxima de uva por hectare, regras na vinificação, tempo de guarda em barril e garrafas, etc, etc.
Criar uma DO não é uma tarefa fácil, ela agrega inúmeras implicações de ordem, técnica, cultural, humana, e infelizmente política também.
O Velho Mundo saiu na frente, (tendo Portugal como pioneiro, 1756 imagina!), e por causa disso apresenta uma legislação mais abrangente e completa, sem deixar de ser complexa.
O Novo Mundo apesar dos progressos ainda não está no mesmo nível dos grandes e tradicionais produtores da Europa, e vai demorar um pouco mais.
Infelizmente a relação “DOC x Qualidade do Vinho” é menos verdadeira que a relação “DOC x Preço do Vinho”, ou seja nem sempre ter DOC mencionado no rótulo significa qualidade superior, mas sempre vai significar preço superior.
São as forças ocultas das leis do mercado, do marketing, e da política (sempre ela).
Este é o preço a ser pago, mas de qualquer forma ainda podemos e devemos acreditar que as Denominações, as Apelações, as Indicações Geográficas, as Indicações de Procedência, e tudo mais, têm sim um padrão qualitativo inserido na iniciativa.
Cada país, apesar de algumas semelhanças, pode e tem suas regras próprias, e não vai ser aqui que vamos aos detalhes (salve!).
No geral, os vinhos AOC, DOC, DO , são os vinhos superiores daquele país, portanto de melhor qualidade e maior preço.
As regras para as Indicações são um pouco mais flexíveis, o que faz com que os vinhos IG, IGT, IP, quanto à sua qualidade, sejam classificados de modo geral (e precificados) pouco abaixo dos superiores.
Fugindo da rigidez das DO’s, e buscando liberdade de criação e inovação, muitos vinhos de excelente qualidade meio que se escondem nas Indicações Geográficas, é o caso dos IGT’s “Super Toscanos”, dos Regionais Alentejanos, e de alguns outros.
Em muitas ocasiões, a relação preço x qualidade é mais atraente em um IGT do que em um DOC, porém só bebendo é que se comprova, ruim né ?
Duas outras menções comuns em muitos rótulos caberia um comentário genérico aqui, antes de voltarmos ao que interessa, beber o vinho!
Varietal: para exibir no rótulo o nome da uva do qual é feito, ele precisa ter pelo menos entre 75% e 85% de vinho daquela uva em sua composição. (varia um pouco de país para país)
Reserva: geralmente tem relação com a vinificação e com o tempo que o vinho permanece na adega (barril e ou garrafa), ganhando complexidade, antes de ser comercializado (paga-se um preço por isso)
Reservado: não quer dizer nada, absolutamente nada !!!
Ok, chega de papo, o melhor entendimento sobre as leis que regem a produção do vinho acaba vindo naturalmente, na medida em que o apreciador vai se tornando um enófilo de verdade, e aí ele tem mais oportunidades de se beneficiar deste e de outros conhecimentos.
Obrigado pela paciência.
“Nunc est bibendum”, um DOC Reserva por favor............
Até breve, Bacco a sua disposição.

Thanks : Adega, Viotti..........................
OBS: “Vale dos Vinhedos” na Serra Gaúcha é a primeira “Denominação de Origem” brasileira.

domingo, 24 de julho de 2011

E pizza mano!?


Como é que fica ?
“Valeu irmão, esfria, vamos chegar lá.”

Está certo, acho que me empolguei um pouco com “Queijos & Vinhos”, um entusiasmo extra, quase uma apologia à dupla, acho ela divina, mas claro que não é a única dupla de “super heróis da enogastronomia”, tem muitas outras por aí, inúmeras.
Quando se trata de Comida &Vinho o céu é o limite (lá vou eu de novo.....)
Tem muita técnica e muito conhecimento nisso, mas papos sobre harmonização algumas vezes acabam virando verdadeiros tratados filosóficos.
Outro dia alguém usou (e abusou) da matemática para explicar o resultado de uma harmonização entre Comida & Vinho.
Seguinte, preste bem atenção no raciocínio do eleito.....
Quando a combinação é perfeita é como se 1 + 1 fosse igual a 3 ! uau ! (pobre professor Ramiro....)
Quando a combinação é correta é como se 1 + 1 fosse igual a 2 ! ufa ainda bem....e
Quando a combinação não funciona é como se 1+1 fosse menor do que 2 ! de novo !
Traduzindo a matemática do tal eleito, o que ele quis dizer é o seguinte:
1 + 1 = 3 quando o prato e o vinho combinam perfeitamente, os dois aumentam de valor, os dois melhoram, um contribui para que o outro se supere e vice x versa, uma combinação vitoriosa.
1 + 1 = 2 quando o prato e o vinho não brigam, não se estranham, tipo cada um na sua, ambos mantém sua integridade original, ambos mantém sua proposta inicial, menos mal.
1 + 1 < 2, quando algo de errado aconteceu, a dupla desafinou, não se entendeu, partiu literalmente para a ignorância, e neste caso um deles infelizmente vai se dar mal.
É preciso levar o texto acima na boa, a verdade verdadeira é que quando você pede um prato, escolhe um vinho para acompanhá-lo e os dois se comportam como se conhecessem há séculos, pimba ! como diz um conhecido meu “ uma explosão de sabores”
E a pizza mano ?
Ok, lá vai, doa a quem doer, nem pizza com guaraná,(boa propaganda certo?) nem pizza com chopp, (mania, hábito,..qualquer coisa) pizza combina mesmo é com vinho.
Legal mano, eu até já andava esperto para isso, mas que vinho?
Dando um desconto para a verdadeira história, pizza é sinônimo de Itália, (alguns acham que é de São Paulo) e até por isso a combinação mais genérica seria com um bom vinho italiano, o Chianti sai na liderança, um vinho com enorme capacidade de se combinar com massas e molhos vermelhos, mas tem também o Dolcetto, o Nero D’Avola, o Valpolicella, o Bardolino.....
Aliás, o Dolcetto D’Alba vem da mesma região onde dizem, foi fundada a primeira pizzaria da história “Port’Alba” ( a segunda foi no Brás certo mano ?)
Hoje em dia, 90% do vinho bebido em todo o mundo é novo, (o mundo tem pressa! ) ou seja, é do ano da colheita, jovem e robusto, fresco e bem vivo, explodindo aromas primários e se você ainda não tem aquele vinho para chamar de seu, e sem medo de atropelar a matemática ( 1+1=2 certo?) escolha um com este perfil para acompanhar sua pizza predileta.(post Qual seu perfil "the end", lembra?)
Pegou essa mano ?
Na próxima ida à sua pizzaria predileta, com os amigos, família, sempre em boa companhia, não deixe por menos, convide um bom vinho para fazer parte da festa......

“Nunc est bibendum”, hoje pizza com vinho tinto, valeu mano......................................................................
Bacco a seu dispor..........................
Thanks : Wine (A essência do vinho), Adega,.............Amy Winehouse(!)