domingo, 31 de julho de 2011

DDD-BACCO nº5


Dúvidas Devidamente Degustadas

AOC, DOC, What???

É chato eu sei, algumas vezes até “muito chato” concordo plenamente, e pior, confuso, complicado, cansativo, enervante, e sei lá mais o que, tudo que você quiser.
Acontece que para apreciarmos melhor e principalmente aproveitarmos melhor o vinho que bebemos (e pagamos $$$$!), é bom entender um pouco sobre legislação, sobre siglas, sobre rótulos, e tudo mais neste sentido.
É companheiro ler é preciso, agora faça um esforço e leia até o fim este “post”, pode valer à pena.
Eu vou tentar me manter sério (e sóbrio).
Tudo começa com as demarcações das áreas, as chamadas Denominações de Origem – “DO”. ( O “C” significa controlada, Denominação de Origem Controlada ).
Os franceses donos da legislação mais completa, complexa, e copiada do mundo, chamam de Apelação de Origem Controlada (AOC).
O objetivo principal das denominações é o de proteger a qualidade do vinho e os interesses do consumidor, delimitando as regiões de produção, regulamentando as obrigações e os direitos do produtor.
Além de demarcar a área que tem o direito de usar determinado nome do rótulo, também prevê as uvas que podem ser utilizadas, tipo de plantio, produção máxima de uva por hectare, regras na vinificação, tempo de guarda em barril e garrafas, etc, etc.
Criar uma DO não é uma tarefa fácil, ela agrega inúmeras implicações de ordem, técnica, cultural, humana, e infelizmente política também.
O Velho Mundo saiu na frente, (tendo Portugal como pioneiro, 1756 imagina!), e por causa disso apresenta uma legislação mais abrangente e completa, sem deixar de ser complexa.
O Novo Mundo apesar dos progressos ainda não está no mesmo nível dos grandes e tradicionais produtores da Europa, e vai demorar um pouco mais.
Infelizmente a relação “DOC x Qualidade do Vinho” é menos verdadeira que a relação “DOC x Preço do Vinho”, ou seja nem sempre ter DOC mencionado no rótulo significa qualidade superior, mas sempre vai significar preço superior.
São as forças ocultas das leis do mercado, do marketing, e da política (sempre ela).
Este é o preço a ser pago, mas de qualquer forma ainda podemos e devemos acreditar que as Denominações, as Apelações, as Indicações Geográficas, as Indicações de Procedência, e tudo mais, têm sim um padrão qualitativo inserido na iniciativa.
Cada país, apesar de algumas semelhanças, pode e tem suas regras próprias, e não vai ser aqui que vamos aos detalhes (salve!).
No geral, os vinhos AOC, DOC, DO , são os vinhos superiores daquele país, portanto de melhor qualidade e maior preço.
As regras para as Indicações são um pouco mais flexíveis, o que faz com que os vinhos IG, IGT, IP, quanto à sua qualidade, sejam classificados de modo geral (e precificados) pouco abaixo dos superiores.
Fugindo da rigidez das DO’s, e buscando liberdade de criação e inovação, muitos vinhos de excelente qualidade meio que se escondem nas Indicações Geográficas, é o caso dos IGT’s “Super Toscanos”, dos Regionais Alentejanos, e de alguns outros.
Em muitas ocasiões, a relação preço x qualidade é mais atraente em um IGT do que em um DOC, porém só bebendo é que se comprova, ruim né ?
Duas outras menções comuns em muitos rótulos caberia um comentário genérico aqui, antes de voltarmos ao que interessa, beber o vinho!
Varietal: para exibir no rótulo o nome da uva do qual é feito, ele precisa ter pelo menos entre 75% e 85% de vinho daquela uva em sua composição. (varia um pouco de país para país)
Reserva: geralmente tem relação com a vinificação e com o tempo que o vinho permanece na adega (barril e ou garrafa), ganhando complexidade, antes de ser comercializado (paga-se um preço por isso)
Reservado: não quer dizer nada, absolutamente nada !!!
Ok, chega de papo, o melhor entendimento sobre as leis que regem a produção do vinho acaba vindo naturalmente, na medida em que o apreciador vai se tornando um enófilo de verdade, e aí ele tem mais oportunidades de se beneficiar deste e de outros conhecimentos.
Obrigado pela paciência.
“Nunc est bibendum”, um DOC Reserva por favor............
Até breve, Bacco a sua disposição.

Thanks : Adega, Viotti..........................
OBS: “Vale dos Vinhedos” na Serra Gaúcha é a primeira “Denominação de Origem” brasileira.

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