domingo, 25 de novembro de 2012

DDD-Bacco nº11-Onde mesmo cresce a videira? II


Dúvidas Devidamente Degustadas

É a temperatura mais ainda do que a boa disponibilidade de luz solar quem determina o “varietal” que vai poder ou não prosperar rumo ao sucesso em uma determinada região.
A temperatura tem impacto relevante em cada etapa do ciclo de crescimento de uma videira.
Em regiões mais frias os brotos aparecem mais tarde, encurtando a temporada de crescimento, prejudicando a maturação da uva.
Uvas “preguiçosas” geralmente tintas, não devem se dar muito bem por aqui.
Quando estas uvas não amadurecem legal, seus vinhos são do tipo “herbáceos”, gosto de folhagem, de grama, de verde em geral, e raspam fácil, fácil, nas gargantas menos avisadas........., bem pouco agradável.
Com temperaturas baixas durante a maturação as uvas retém mais ácidos e acumulam menos açúcar.
Por outro lado, nas condições mais quentes, a brotação ocorre mais cedo, o tempo para amadurecer fica maior e a maturação mais acelerada, quase sempre com certa perda de acidez, porém com taninos mais maduros e sabores mais desenvolvidos, mais complexos, bom isso!
É bem por aí, razão para as brancas que não precisam de taninos maduros mas sim de boa acidez, preferirem as temperaturas mais amenas, mais frias, e as tintas se sentirem mais em casa quando a temperatura é mais alta. Legal, vale como regra geral.................
A latitude do vinhedo tem tudo a ver com seu ciclo de crescimento, quanto mais longe do equador mais baixas as temperaturas médias, nasce aqui a premissa de que bons vinhedos estão entre 30º e 50º de latitude ao norte ou ao sul da linha do equador. Viu aí!
Para não ser tão rígido assim precisamos levar em consideração alguns outros fatores que podem alterar esta matemática, quebrar este paradigma.......
Altitude, quanto mais alto mais fresco, algo como 0,6ºC a cada 100m, único motivo por exemplo para se plantar uvas e fazer bons vinhos em Cafayate na Argentina
Correntes Oceânicas, elas podem esquentar ou esfriar o ar que está por cima, alterando o clima natural de algumas regiões do planeta, bom exemplo vem da quente África do Sul, que possui seu “ar condicionado” exclusivo, a corrente de Benguela
Neblina, onde e quando ocorre a temperatura permanece mais baixa até que ela suba, Casablanca no Chile agradece à ela quase todos os dias da sua vida.
Solo, claro que não poderia deixar de ter grande influência, os formados por pedras e rochas por exemplo ajudam a manter um calorzinho confortável e fundamental próximo aos cachos e assim contribuir para a uva amadurecer como precisa.
Orientação, nas colinas as uvas plantadas orientadas para o equador recebem mais calor, em um clima frio esta posição faz a diferença, “Chablis” na França, “Mosel” na Alemanha, ...e assim por diante....
Mais uma vez, é toda esta complexidade e variedade de fatores que contribuem para o charme da vinicultura, e claro do vinho que bebemos....

“Nunc est bibendum”, bendita temperatura..........., saúde!
Até breve, Bacco a seu dispor

Ref: WSET – Understanding Style & Quality









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