segunda-feira, 30 de julho de 2012

Espanha, Olé...!!!

“Um militar espanhol com suposta participação na destruição de Guernica diante do famoso quadro teria perguntado a Picasso, foi você que fez isso? Não foi o senhor respondeu o pintor”

A Espanha está entre os 3 maiores produtores de vinho do mundo, é o segundo maior exportador só atrás da França,tem uma história vinícola riquíssima, repleta de simbologias e tradições que perduram até os dias de hoje, mas pelo menos no meu íntimo vive um paradoxo.
Pergunte a um simples mortal apreciador de bons vinhos qual o melhor vinho da Espanha, e ele logo dirá, Vega Sicília é claro, e o segundo? hum..... pera aí,........não sei não me lembro!
É claro que eu não estou dizendo que a Espanha é um país de um vinho só, um absurdo, a realidade é outra bem diferente, mas que a dificuldade existe ela existe , ...pelo menos na minha mente......., e na sua não ? pois então a partir de agora vamos tentar superar isso definitivamente, sem medo de ser feliz, sem muito sofrimento e de preferência na presença de bons vinhos espanhóis.
A Espanha é um país em que para qualquer direção que se olhe o que se vê é uma imagem muito forte , toureiros e touradas, flamengo e castanholas, separatismo basco, línguas e dialetos em profusão, paella!!, e mais, Cervantes, Gaudí, Picasso e Miró, Dalí e Buñuel, Almodóvar e Garcia Lorca, Plácido Domingo e Carreras............... o Barça, Alonso, Nadal, ufa !!!!
No mundo do vinho não é muito diferente, o terceiro maior país da Europa em extensão tem vinhedos plantados por todo seu território, é a nação com a maior área de vinhedos do globo, são 1,16 milhão de hectares de vinhas!!!
Razão mais do que suficiente para termos vinhas desde em semi desertos áridos e quentes até regiões frias e úmidas, e por conseqüência uma grande diversidade de estilos
Vamos atrás destes vinhos, região por região, contando com a ajuda dos universitários, até breve então

“Nunc est bibendum”, nos vemos na Rioja......
Até breve, Bacco a seu dispor...............

Ref : Viotti, Amarante, Jancis, Hugh, José Ivan Santos,....

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Rapidinha - Breve história do Vinho VII

Quando você pergunta para o importador porque o vinho chega tão caro em nossas mesas ele normalmente sai com essa : além dos impostos, tem também os riscos de uma logística complicada de um produto altamente perecível. Dá uma olhadinha no que descreveu nosso amigo Heródoto, uma aula “babilônica” de criatividade.


“ Os barcos que descem o rio até a Babilônia são redondos e feitos inteiramente de couro. Com os salgueiros da Armênia, ao norte da Babilônia, fabricam as balizas da armação, sobre elas estendem o couro, pelo exterior, para que sirva de casco, não fazendo distinção entre proa e popa.Tais embarcações construídas à imitação de escudos, são em seguida carregadas com junco e usadas para transportar rio abaixo pipas de vinho feitas com lenho da palmeira. Todas levam um asno a bordo, as maiores até mais de um, pois quando chegam à Babilônia e entregam sua carga, vendem as balizas e o junco, carregam o asno com o couro e começam o caminho de volta por terra para a Armênia, já que não conseguem subir o rio e vencer a correnteza contrária. Uma vez chegando ao destino, começam tudo de novo.” - (  Herótodo, historiador grego – 500 a.C ! )
A Mesopotâmia em 3.000 a.C, mais ou menos o Iraque atual, devia beber muita cerveja, historiadores a consideram a Baviera da antiguidade, mas conheciam bem o vinho, ainda que raro, e as classes mais ricas das cidades de Ur, Kish e posteriormente Babilônia, o bebiam com muito prazer em várias ocasiões.
Situada entre os clássicos rios Eufrates e Tigre, plana, quentíssima, árida, certamente não produziam seu próprio vinho, ou pelo menos um que agradasse ao paladar dos nobres, então importar era a solução, e os Armênios estavam lá para isso, e com criatividade além de tudo.
Com raras exceções, o Líbano talvez a Turquia, todos sabemos que as fronteiras vinícolas estão bem longe do que é hoje o Oriente Médio, onde evidentemente além do Islã, as preocupações são outras...
“Nunc est bibendum”, que tal um Château Musar, direto do vale do Bekka!!
Até breve, Bacco a seu dispor.........

Ref: Hugh Johnson – “A história do Vinho”





domingo, 15 de julho de 2012

Rapidinha - Breve história do Vinho VI

Egito – No tempo dos Faraós

“Os egípcios enterravam seus mortos com comida e bebida para sobreviverem no além, onde esperavam receber os amigos”

Devemos aos egípcios grande parte do conhecimento que temos sobre a cultura do vinho de 3 a 5 mil anos atrás.
Não foram eles os primeiros a produzir vinho, isso já sabemos, mas foram eles os primeiros a registrar e celebrar através das suas famosas e inequívocas pinturas a história de amor e devoção por sua viticultura.
Amor, respeito, devoção e também muito conhecimento, isso há 5.000 anos companheiro!
Dominavam a tecnologia como poucos, do plantio à produção, distinguiam qualidades de vinho com a mesma segurança de um Robert Parker, ou Jancis Robinson....
Os principais e mais impressionantes registros estão concentrados nos túmulos dos reis, nobres, sacerdotes, altos funcionários, autoridades, e até de humildes artesãos.
No túmulo de Scorpion I um dos primeiros reis egípcios foram encontradas centenas de jarras que deveriam conter vinho, algo como 4.500 litros ! ( 3.150 a.C)
Uma das mais interessantes coleções de vinhos egípcios foi encontrada na tumba de Tutancâmon, rei em 1.348 a.C e morto apenas 9 anos depois, as jarras, cerca de 3 dúzias continham selos com local de origem, ano da colheita e o nome do produtor ??!!!!
Só por estarem em companhia de tão nobre personalidade, podemos supor que estes vinhos eram os melhores que os egípcios produziam
Sabemos muito ou nada sobre seus vinhos, depende do ponto de vista do observador.
Sabemos onde e de que forma eles produziam, como o nomeavam, armazenavam, serviam, e bebiam, mas não sabemos seu gosto???
Reproduzir o vinho do Egito Antigo não é difícil, tal o número de informações que temos, e o resultado não seria um vinho de qualidade, tal qual a realidade de hoje do Egito moderno, ele certamente não pode ser reconhecido como um produtor de vinhos de qualidade.
Na contrapartida desta conclusão com base apenas nos conhecimentos técnicos, não podemos desconsiderar o peso e a importância de uma cultura como a egípcia que descrevia o vinho como bom, ótimo, às vezes excelente até, e que lhes proporcionava tanto prazer ao ser consumido, simplesmente uma questão de respeito e ponto final.
Inúmeras pinturas expressam o prazer que sentiam ao beber, geralmente as cenas de banquetes eram serenas, elegantes e decorativas, com cenas explícitas de um relacionamento cordial entre os presentes, homens e mulheres.
O prestígio da bebida pode ser medido também pelo seu uso ritual, como oferenda aos deuses e aos mortos, nenhuma outra bebida fazia parte destes rituais.
Está em Lúxor a antiga capital, em cujo apogeu foi considerada a maior cidade do mundo, a maior parte dos registros da produção e dos padrões de consumo daquela época.

“Nunc est bibendum” Salve Osíris, Deus da vida após a morte, Senhor do vinho que jorra, Senhor da embriaguez no festim.....
Até breve, Bacco a seu dispor

Ref : “A história do vinho” – Hugh Johnson ; Breve história do Vinho – Rod Philips.

sábado, 7 de julho de 2012

Rapidinha - Breve história do Vinho V

Vino, wein, wijana, wajnu, woino......vinho em itálico, germânico, anatólio, proto semítico, e indo-europeu, parecidos não é, coincidência, parece que não.

E o cataclísmico “Dilúvio” pode explicar, olha o Dilúvio aí outra vez minha gente! ( Bíblia, Épico de Gilgamesh..)
Há cerca de 5.600 a.C o que hoje é o Mar Negro, outrora era um lago de água doce, pequeno, mas que abrigava ao redor das suas férteis margens diferentes povos com culturas e idiomas próprios.
Um verdadeiro oásis no meio de uma região reconhecidamente árida.
Em um determinado momento da história, seu vizinho maior, mais forte e, crucial, situado em um nível mais alto do que o pequeno lago resolveu invadi-lo sem a menor cerimônia, sem aviso prévio, o Mediterrâneo avançou sem pedir licença, morria aí o doce pequeno lago, nascia o salgado grande Mar Negro, acho que é a melhor explicação para o Dilúvio.
Os sobreviventes da inundação migraram para todas as direções e não só levaram nas suas memórias o relato da grande catástrofe traduzida nas suas mais diversas versões, como seu idioma, sua cultura e também seu conhecimento sobre o vinho!
À partir deste cenário a história do vinho começa a ser contada com as primeiras descobertas nas zonas montanhosas do Crescente Fértil. (cap. II)
Não sabemos muito sobre a evolução à partir daí, mas é certo que as decisões humanas e o meio ambiente foram determinantes, evidências mostram que em 3.000 a.C embora o clima fosse diferente em relação aos dias atuais ( mais úmido ) os limites ecológicos da viticultura já eram muito parecidos com os de hoje.
Como seria o vinho daquela época? e o paladar das pessoas?, os primeiros deviam ser menos alcoólicos, uvas silvestres têm metade do açúcar das cultivadas, eram misturados com ervas, mel,..??, sobraram apenas as ânforas para nos contar a história.
O palatável de 3.000 a.C seria intragável hoje? Muito provável..., mas era Vinho isso é o que importava no momento, a viticultura já naquela época podia ser considerada uma atividade complexa que comportava decisões sociais, econômicas e principalmente culturais.

“Nunc est bibendum”, saúde!
Até breve, Bacco a seu dispor
Ref : ‘Uma Breve História do Vinho” – Rod Philips