terça-feira, 12 de julho de 2011

Um caso de amor.......



Amor a primeira vista ?

Sem sombra de dúvida, uma região sofrida, e ao mesmo tempo desafiadora.....
Considerada uma das mais pobres do país.
Enorme (30% do país) e desabitada (5% do país).
Vista por lá como terra dos caipiras e matutos (lá também tem disso..).
Uma forte cultura popular.
Com paradigmas de sobra, e sonhos de menos (povo simples e tranqüilo).
Uma planície sem fim e por isso dona de um clima improvável.
De Pombal (o Marquês) a Salazar (o Ditador), séculos de dificuldades....
Contabiliza ao longo destes (muitos) anos de história, mais de um fracasso na tentativa de se tornar uma região vitivinícola reconhecida,dentro e fora do país......
Muito além do rio Tejo............... O “ALENTEJO!”
“Quando o viajante acordou e abriu a janela do quarto, o mundo estava criado. Era cedo, ainda vinha longe o sol. Nenhum lugar pode ser mais serenamente belo, nenhum o será com meios mais comuns, terra larga, árvores, silêncio” – José Saramago
Pois é, e então, porque, raios me partam, em se tratando de vinhos portugueses, como eu posso explicar minha preferência pelos vinhos alentejanos........
Um caso de amor, simples assim.............
Segundo a Dama dos Champagnes, “na industria vinícola, difíceis são os primeiros 200 anos”, o que dizer de uma que tem apenas 22 anos (data da demarcação).
Produtores dinâmicos com “veia empresarial”, mas desde o início comprometidos com a qualidade.
Modernidades bem aceitas e tecnologias bem empregadas.
Um corte de uvas adaptadas ao terroir de enorme potencial ( Aragonês,Trincadeira e Castelão).
Uma grande ajuda da Alicante Bouschet..(é preciso reconhecer).
Quebra de paradigmas com o cultivo de francesas (Syrah & Cabernet Sauvignon) no país da diversidade de castas nativas....
Este me parece ser o caminho de sucesso do Alentejo e dos seus vinhos em particular............
Mais uma boa organização (CVRA) apoiando os produtores, além de um marketing correto, necessário diga-se de passagem.
E não menos, ter o Brasil como parceiro importante.
Segundo um texto da The Wine Economist, o sucesso de uma região está associado à construção de uma narrativa, o Alentejo está construindo a sua, baseada na elegância e no frescor, vinhos prontos para serem apreciados......( e bebidos !).
Confesso que no momento tenho me dedicado a degustar portugueses até em detrimento de outros, (a Bia já está perdendo a paciência) e confesso mais ainda, de cada 3 portugas, 2 são alentejanos.
Um caso de amor, simples assim.............
“Nunc est bibendum”, um regional alentejano por favor.
Bacco a seu dispor...........................
Respeitando o gosto de cada um, e a subjetividade das escolhas, arrisco algumas sugestões alentejanas para serem confrontadas pelos mais diversos paladares (e bolsos)......Montes Claros Reserva, Altas Quintas Crescendo, Herdade São Miguel Reserva, Cortes de Cima Reserva, Chaminé, Herdade do Esporão Reserva, Herdade do Esporão Syrah, Herdade do Esporão Alicante Bouschet, Cartuxa, EA, Monte Velho, Alandra, Malhadinha, Monte do Pintor, Herdade do Mouchão, Dolium, Paulo Laureano Clássico, Tapada de Coelheiros....entre outros.

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