quinta-feira, 19 de setembro de 2013

EpC - "Esse é pra Casar"


“Bebe-se mais vinho tinto do que branco porque tem mais vinho branco ruim do que tinto” e tenho dito…….. A premissa de que é mais simples vinificar vinho branco é na verdade uma armadilha. Não é definitivamente o caso desse delicioso Sauvignon Blanc, de onde? de onde? adivinha? Nova Zelândia é claro.

Fallen Angel
Sauvignon Blanc – 2011
Marlborough – NZ
Alc.= 13,5% 

Um frescor impactante, uma salivação prazeirosa, uma “tímida” groselha no início, um “espaçoso abacaxi” daqueles amarelinhos, madurinhos, docinhos, gostosinhos no meio, e uma boca cítrica no final, tudo isso em harmonia com os 13,5% de álcool, um prazer só, do primeiro ao último gole, sem falar na provocação do nome, “Fallen Angel”, faça me o favor…………..
Indicação do meu amigo Bill lá do Mercado Muncipal de Curitiba, paguei R$ 110,00 em uma queima de estoque , (preço original R$ 150,00)  

"Nunc est bibendum", recomendar SB da NZ é brincadeira....
Até breve, Bacco a seu dispor
 

terça-feira, 17 de setembro de 2013

EpC - "Esse é pra Casar"


Faz tempo que o Douro não é só Porto, seus vinhos tranquilos estão cada vez melhores, muitos são ótimos, alguns excelentes eu diria, esse é o caso do Pintas Character 2009, uma obra prima da Wine & Soul.

Pintas Character – Portugal
Douro DOC 2009
Cima Gorgo – Vale do Pinhão
Alc. = 14,5%

Vinhas velhas, sinônimo de estrutura, mas este tem um estilo polido, um floral marcante oferecido pela Touriga Nacional, tinto escuro, tipo encorpadão, boca cheia, final macio e aveludado, que guarda só boas lembranças, além é claro do charme da “pisa a pé”.
Direto de Portugal, presente do Dr. Resende, que tomou o cuidado de passar receita : “pelo menos uma taça ao dia.”


“Nunc est bibendum”, mais um português fácil de se recomendar
Até breve, Bacco a seu dispor

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

DDD - Bacco nº17 Vinificação em Tinto - O corte.


Dúvidas Devidamente Degustadas

O que mais se houve em uma rodinha informal de papo sobre vinho é o seguinte; eu adoro Malbec, eu gosto de Carménère, já eu prefiro Cabernet....de acordo?
O esforço concentrado de chilenos e argentinos em valorizar suas castas emblemáticas, acentuou entre nós a cultura do vinho monovarietal, o vinho de uma uva só. Nada errado com isso.
Fixar e desenvolver uma uva é um trabalho realizado no campo, quase tudo que é relevante acontece no vinhedo.
Talvez a Borgonha seja o melhor exemplo de vocação pela terra, onde poucas variedades de uvas são cultivadas, e a natureza determina a qualidade final dos seus vinhos.
Alí perto em Bordeaux a coisa é diferente, um corte de uvas tem a responsabilidade de minimizar o impacto da natureza, nem sempre positivo.
O blend de uvas, a “assemblage” é o momento supremo do enólogo, a chance de mostrar maestria e talento.
Apesar da pretensa popularidade dos varietais entre nós, bons cortes estão aí à nossa disposição, o mesmo Novo Mundo que “cravou” o nome da uva no rótulo do seu vinho, e de certa forma facilitou nossa escolha, produz blends de altíssima qualidade.
O corte de Malbec com Cabernet Sauvignon resulta nos melhores vinhos argentinos, os super chilenos são vinhos de Cabernet e de mesclas dela com outras uvas, os australianos são mestres em combinar sua Shiraz com Cabernet Sauvingnon, ou com Grenache, os melhores sul africanos são de Cabernet Sauvignon mesclada com Merlot, Cabernet Franc,e Malbec ,e também com Pinotage e Shiraz (Cape Blend)
Os mais afamados tintos do mundo, carregam um trio de uvas na sua composição, o famoso corte bordalês composto de Cabernet Sauvignon, Merlot, e Cabernet Franc.(ver post a respeito)  
Então é isso, depois de todos os procedimentos anteriores na vinificação do vinho tinto, a arte da assemblage, da mistura, do blend, do corte, vem coroar todo o trabalho realizado na cantina e encher o enólogo de orgulho da sua obra prima.

“Nunc est bibendum”, um blend de respeito se traduz pela a soma das qualidades individuais das uvas utilizadas.
Até breve, Bacco a seu dispor

Ref : Dirceu Vianna Junior, José Ivan Santos, José Osvaldo Albano do Amarante....

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

DDD - Bacco nº16 - Vinificação em Tinto - Parte II


Dúvidas Devidamente Degustadas

 Açúcar +(leveduras) = Álcool Etílico + (CO2 & Calor),está explicado a “Fermentação do Mosto”, mas não se deixe iludir por esta aparente simplicidade, é aqui que o enólogo de atitudes aquele que assume riscos, esconde seus mais profundos segredos, e ao mesmo tempo exibe sua sabedoria.
Leveduras produzidas em laboratório ou selvagens habitantes da própria fruta, cubas abertas de carvalho ou vasos de concreto revestido, quem sabe ainda tanques de inox ultra modernos, com controle automático de temperatura!
Que tal uma maceração pré-fermentativa, deixar o mosto descansando em contato com suas cascas à baixa temperatura por até 7 dias, uma busca de cor, sabor e aromas. Vai também uma maceração pós-fermentativa, outra vez casca e mosto-vinho em contato, agora até por quatro semanas!
As práticas enológicas, as lícitas bem dizendo, estão aí para ajudar o enólogo a produzir o vinho dos seus sonhos, e dos nossos também.
Continuando em direção ao “olimpo”!
 
Descuba : A Fermentação geralmente termina com o fim do açúcar no mosto, o teor máximo de álcool produzido pelas leveduras antes destas morrerem é da ordem de 15%, aí começa a descuba, a separação do mosto-vinho das suas partes sólidas. O nobre líquido chamado também de “vinho flor” segue seu caminho em um novo tanque para ser estabilizado e clarificado, os sólidos são prensados e o resultado disso é um vinho comum ou uma grapa ou bagaceira.
 
Estabilização : Consiste no tempo de espera para que o jovem vinho em repouso deixe suas pequenas partículas sólidas irem se depositando vagarosamente no fundo do tanque. De tanto em tanto ele precisa mudar de tanque, umas 3 vezes pelo menos, e a borra depositada é separada, o enólogo chama isso de “trasfega do vinho”, um processo que pode durar cerca de 6 meses!, é isso aí, um longo trabalho dentro da vinícola.
Para os vinhos mais simples o processo é acelerado utilizando-se centrifugas, há quem acredite que essa atitude prejudica a qualidade final do vinho, eu sou um deles.............
Este é o momento de falarmos sobre a “malolática” , relevante, apreciada,  e às vezes controversa.
 
Conversão Malolática :  nome do acontecimento de uma segunda fermentação após a primeira que chamamos de “alcoólica”,  neste caso, bactérias e não leveduras, transformam o ácido málico, agressivo ao paladar em ácido lático, mais gostosinho! Ela pode ocorrer logo após a fermentação alcoólica, antes de “descubar” o vinho, ou após a "trasfega", quando o vinho já está nas suas novas cubas.
Vinhos tintos de qualidade passam pela conversão, alguns brancos também, ela aporta novos aromas e sabores aos vinhos, aqueles lácteos e amanteigados.Quando executada em cubas de carvalho pode até acrescentar notas de chocolate e de especiarias doces ao vinho, uma delícia!
Como nada é perfeito neste mundo, a conversão reduz os sabores frutados, e a acidez do mosto, uma bobeira do enólogo e pronto, o resultado é um vinho sem vida, enjoativo, difícil de se beber até o seu final. Muito cuidado nessa hora!

“Nunc est bibendum”, vamos aguardar o próximo passo, o Corte!
Até breve, Bacco a seu dispor
 
Ref: José Osvaldo Albano do Amarante, Dirceu Vianna Junior, José Ivan Santos, Euclides Penedo Borges.........