Depois de algum tempo envolvido (literalmente) com o WSET, já era hora de voltar para a Espanha, e já que estamos aqui, vamos até a Rioja, as três Alta, Baja, e Alavesa.
Atrás de cada grande região vinícola há sempre um grande rio, neste caso estamos falando do Ebro, é ele quem determina o ritmo das coisas por lá. A cidade de Logroño é a maior da região, mas Haro é o centro vinícola da Rioja.
Dando uma passadinha por lá, experimente um leitão desmamado acompanhado de um Rioja tradicional.
Em ordem de importância muitos consideram a Rioja como sendo a Bordeaux da Espanha, até pode ser, foi a primeira Denominação de Origem da Espanha, (1926) e também a primeira Denominação de Origem Qualificada (1991), parabéns para a Rioja, é também como Bordeaux, uma região de tintos (85%), embora também haja brancos, e sua uva símbolo, presente em 80% dos tintos é a Tempranillo, e para mim é aí que mora o perigo.....
Não acho que o potencial de uma Tempranillo esteja no mesmo nível de uma Cabernet Sauvignon ou mesmo de uma Merlot, o que certamente exige muito mais do produtor em todo o processo de elaboração do vinho para que o mesmo possa ser classificado ( e reconhecido) como um grande Rioja.
De uma maneira geral um tradicional Rioja, honesto, de bom preço, e de boa qualidade, é um vinho meio que “ralinho” e pode decepcionar, principalmente para os padrões do Novo Mundo.
Um Gran Reserva pode apresentar boa complexidade, e aquela textura aveludada, mas para isso teve que viver 24 meses dentro de uma barrica, outros 36 dentro de uma garrafa, e só sai de casa depois destes 60 meses, quando já se sente um adulto!
Nestes casos a Tempranillo cumpre o seu papel contribuindo para a elegância do vinho, mas ainda assim precisa de ajuda, da Garnacha (álcool e corpo ), da Mazuelo (cor, tanino, acidez ) e da Graciano (perfume).
Dizem as más línguas que por baixo dos panos, até a Cabernet Sauvignon dá seu ar das graças, sempre discreta pois não é aceita na Rioja.
Muitos acham que a melhor chance da Tempranillo honrar a fama de “rainha da Espanha” está na vizinha Ribeira Del Duero e não na aclamada Rioja, acho que eu concordo com isso....Vega, Pesquera....que tal?
O fato é que segundo Jancis Robinson hoje em dia a região sofre com a incerteza sobre o estilo dos seus vinhos, o Rioja, o vinho mais importante e mais famoso da Espanha ironicamente entra no séc. XXI buscando seu verdadeiro caráter.
Para quem sempre teve que lidar com as condições marginais do seu clima e portanto apto a enfrentar dificuldades de toda sorte, a chance de sucesso é grande, a nós simples mortais só nos resta torcer.... e beber, já que é bebendo que se aprende e se aprova.
“Nunc est bibendum”, um Rioja por favor
Até breve, Bacco a seu dispor
Ref : Viotti (foto), Jancis, Amarante, Hugh....
domingo, 7 de outubro de 2012
Bordeaux na Espanha???
Marcadores:
Ebro,
Garnacha,
Graciano,
Mazuelo,
Pesquera,
Rioja,
tempranillo,
Vega Cicília
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário