quinta-feira, 20 de junho de 2013

"Mama África"

Tem gente que liga a África do Sul ao “apartheid” (Soweto!), outros aos “leões” (parque Kruger !), eu prefiro os vinhos (Stellenbosh)....

A África do Sul é o país vinícola do Novo Mundo com mais cara de Velho Mundo, e nós vamos ver isso na seqüência.
Ela ingressou no mundo do vinho por volta de 1600 pelas mãos dos holandeses (bôeres) da Companhia das Indias Orientais, cuja falta de intimidade com a vinicultura era notória! Por sorte, pelo menos um dominava a matéria, mister Van der Stel, tanto fez que até ganhou homenagem, Stellenbosch (bosque do Stel) a mais promissora região vinícola do país homenageia o pioneiro.
É dele a versão original do lendário “Vin de Constance” o doce Moscatel da nobreza, Napoleão, Frederico da Prússia, Otto von Bismark, a monarquia da Casa de Windsor, todos se encantavam ( e bebiam ) com ele.
A próxima ajuda aos vinhos africanos veio da França, protestantes (hunguenotes) franceses fugindo da perseguição dos católicos se estabeleceram na região hoje conhecida como Franschhoek, o recanto francês. A vida seguiu calma até que estes holandeses e franceses calvinistas, origem dos atuais “africâners” e do idioma de mesmo nome, resolveram cutucar o Império Britânico com a vara curta, almejavam a independência, mas não deu certo, foram duas guerras em 1881 e 1899, razão de sobra para desorganizar por completo a indústria vinícola do país, resultado, a África do Sul abriu o século XX produzindo muito vinho, de uma qualidade só, a ordinária.
“Kooperative Wijnbouwers Verenigning van Zuid-Africa Beperkt’, graças a deus mais conhecida como KWV, a coisa por lá estava tão feia, que até uma cooperativa foi capaz de colocar um pouco de ordem na casa.
A ultra conservadora KWV fundada em 1918 não trouxe propriamente qualidade para o setor, definitivamente não é o papel das cooperativas mundo afora, mas trouxe estabilidade, fundamental para aquele momento.
Duas alegrias, em 1918 com a fundação e em 1997 com a privatização, um passo interessante dentro do cenário de democratização do vinho sul africano.
Mas o pesadelo não tinha acabado, a discriminação racial marca do regime do “apartheid” (literalmente “desenvolvimento em separado” vejam só !!!) gerava sérias sanções econômicas e inúmeros boicotes internacionais, seria um golpe mortal na industria do vinho não fosse a eleição de um senhor que é uma simpatia só, seu nome Nelson Rolihahla, o Mandela!
A verdade é que a moderna África do Sul vinícola tem menos de 15 anos, e seu desenvolvimento pode ser usado de exemplo para muitos, inclusive para nós.....voltamos em breve.

“Nunc est bibendum”, “Não há caminho fácil para a liberdade”, Nelson Mandela.
Até breve, Bacco a seu dispor

Ref: Hugh Johnson, Jancis Robinson, André Dominé, Eduardo Viotti….

Nenhum comentário:

Postar um comentário