quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Bendita Harmonização - Pegando Leve (a pedidos)


“Vinho e Comida evoluíram juntos ao longo dos séculos, razão suficiente para respeitarmos algumas premissas básicas de harmonização”
Nota : mas sem deixar que elas nos dominem e tornem o prazer de comer e beber em um ato burocrático, mudo, menos colorido....ok?

Não há no mundo bebida que apresente um vínculo tão forte com cultura e história como o vinho, não há outro produto no mundo que expresse melhor suas origens culturais e geográficas
E é através desta onipresença do vinho na história e na cultura das civilizações, na sua capacidade única de personificar uma região ou uma época que nasce a primeira e mais fundamental regra ( não gosto muito desta palavra ) da harmonização
“Conheça um pouco da história e da cultura e respeite a sabedoria local, e aí então siga seus hábitos alimentares : o melhor vinho para a receita da região é o vinho da região. (simples assim)
Estes vinhos próprios(estates) são um verdadeiro reflexo de sua terra e cultura
São vinhos que além de discussões apaixonadas, guardam para si uma lealdade genuína por parte do seu povo.
É com base neste conceito que as chamadas “harmonizações clássicas” se sustentam, cada país tem sua listinha básica
É claro que, o que estamos falando aqui tem tudo a ver com o Velho Mundo, em especial França, Itália, Portugal e Espanha, força motriz da tradição enogastronômica do velho continente.
Em comparação com a Europa, história e tradições no Novo Mundo ainda estão sendo escritas, mas quase todos nós já sabemos por exemplo que com um bom “bife de ancho”, nada melhor do que um Malbecão encorpadão, não é não ?
Então, ao ir a um restaurante típico, pense em um vinho típico, se pedir um prato simples, peça um vinho simples, se optar por um prato mais elaborado , abra a oportunidade de beber um vinho de mais classe, claro que quanto melhor você “entender” o que está comendo ( modo de preparo ), mais fácil vai ser escolher o vinho, e pode acreditar, quando você acerta, não tem preço.
O caminho contrário funciona assim, se você já escolheu um vinho comprovadamente de alta qualidade, peça o que quiser para comer que ele agüenta.
Repetindo meu último “post”, tente, arrisque, erre, acerte, mas siga em frente, privilégio mesmo é você, (de frente para um prato de comida e uma taça de vinho), estar pronto para perceber, sentir, viver, a história, a cultura, e as tradições seculares, que fazem parte deste universo.
“Nunc est bibendum”, Pão & Vinho.... uma benção de Deus
Até breve, Bacco a seu dispor...

Thanks : Vincent Gasnier...

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

A Ditadura da Harmonização - Diretas já!


Às vezes eu acabo não sabendo se saímos para beber, comer, curtir, ou para... harmonizar!!??

Hoje estou aqui para dizer que há muito exagero, muita balela, e até muito exibicionismo, tudo em nome e honra da bendita “harmonização”
Abaixo a tirania da harmonização, já comi o que não queria para ajustar a comida ao vinho, já bebi o que não gostava para fazer o caminho contrário.
Já me vi em um restaurante com tantas taças na minha frente que mal enxergava a minha companhia do outro lado da mesa !!
Diretas já!
O vinho certo para a comida certa é uma fonte enorme de prazer, ninguém discorda, mas quem é que determina o certo e o errado aqui cara pálida ??
Que vinho beber?, suas preocupações com as escolhas em um “jantarzinho em casa” são as mesmas que em um restaurante cheio e com o Maitre no seu cangote? Não !, mas deveria ser, qual é a diferença ?
“O certo para a carne que você escolheu é um Bordeaux tinto da Margem Esquerda”,preciosismo imenso, pura besteira, relaxe.....não é assim que a coisa funciona.
Paradigmas demais, papos científicos demais, jogo social demais, fique longe disso
Exerça o seu poder de escolha, se você acha que vai ficar bom, que você vai gostar da combinação, vá em frente, sem medo de ser feliz, este é o melhor começo.
E se der errado ? bom se você e só você percebeu isso, mais ninguém de plantão para dar palpite, maravilha, aprendeu mais uma, cresceu, evoluiu,........beleza mesmo, siga adiante.
Lembre-se “aprenda com os erros e jamais pare de errar” de um tal de Steve Jobs.
Se você assim como eu acredita que o melhor companheiro de uma boa carne, de uma boa massa, de um ótimo peixe, de um belo queijo, é um bom vinho, o vinho certo, o vinho quase certo, aquele vinho que você acha que é o certo, não importa, use e abuse da sua liberdade de escolha.
Depois de um tempo sem você perceber, aquelas suas decisões puramente intuitivas estarão algo mais balizadas, é você aperfeiçoando a arte de degustar, não só o vinho e nem a comida isoladamente, mas ambos em conjunto.
É como você já conhecesse as tais regrinhas básicas para uma boa combinação entre vinho e comida.
Tudo isso fruto do resultado dos seus erros, alguns micos, mas também da sua ousadia e coragem, da sua atitude, parabéns.
Aí meu amigo, é só desfrutar do imenso prazer que só uma comida e um vinho em plena sintonia, cada um privilegiando o potencial do outro, aquela sinergia para poucos, pode oferecer.

“Nunc est bibendum”, Diretas já
Ate breve, Bacco a seu dispor............

domingo, 9 de outubro de 2011

"5 malbec's do peru!"


Durante este tempo todo, Bacco por razões que até ele desconhece, evitou comentar aqui no seu espaço predileto, sua participação como confrade da “Bacco Ubriaco”
Mas o encontro festivo de nº200, talvez até pela marca, merece ser compartilhado com vocês
Lá fomos nós confrades para um “jantar harmonizado” tendo pela frente 5 Malbec’s de respeito, dá só uma olhada:
Cobos Malbec 2005, Perdriel Mendoza, 15%, fantástico, mastigável, gastronômico até a alma, taninos educadíssimos, 15% de álcool bem distribuídos, com potencial para enfrentar qualquer prato que viesse pela frente.
Nicolas Catena Zapata 2006, Luján de Cuyo Mendoza, 14,8%, elegantíssimo, um legítimo Catena, orgulho argentino, escurão, potente, encorpado, sem deixar de ser sedoso, aveludado, um final longo que fica guardado na memória por muito tempo.
Achaval Ferrer 2008, Luján de Cuyo Mendoza, 13,5%, vinho conhecido, premiado, elogiado pelos especialistas, sem dúvida outro legítimo top Malbec, porém a esperada explosão de aromas, aquela complexidade no paladar, não aconteceu, desconfio que abrimos muito cedo este 2008, mesmo assim mostrou sua origem nobre.
AVE Gran Reserva 2007, Perdriel Mendoza, 14,8%, não é a primeira vez que este Malbec surpreende, vinho correto, equilibrado, boa tipicidade, fácil de gostar, bem mais barato do que os 3 aí de cima, harmonizou muito bem com os pratos servidos.
Finca El Origem Gran Reserva 2008, Valle Del Uco, 14,8%, não é que decepcionou, bom vinho, tudo no seu lugar, mas apresentou uma simplicidade exagerada em se tratando de um Gran Reserva, meio tímido não se mostrou inteiramente para nós.
Quanto aos pratos, veja a lista de opções e o tamanho do desafio destes vinhos, todos apreciados a cegas
Entradas : Salada Verde com queijo de cabra, Carpaccio de Surubim, Espetinho de Kobe
Pratos: Stinco de Javali com risoto de lingüiça húngara, Entrecote maturado ao molho de trufas negras e purê de mandioquinha, Confit de pato ao molho poivre, Ravióli de Muzzarela e tomates frescos
Sobremesa : Creppe de nutella
Os 5 Malbec’s, cada um da sua maneira e com as suas qualidades individuais deram conta do recado com sobras, os 3 primeiros podem ser considerados caros (acima de R$300,00), os outros 2 custam um pouco menos de R$100,00, “tipo Best-Buy”
A festiva de nº 200 da Bacco Ubriaco vai deixar saudades..........
Explicando o “do Peru” do título para a geração Steve Jobs :top de linha, sensacional, fora de série, líder de mercado, único, the best, assim tipo iWine” ...............
“Nunc est bibendum”, thanks Steve...bye.
Até breve, Bacco a seu dispor

Thanks : Confrades.......................