sexta-feira, 30 de setembro de 2011
Uma Saga Brasileira - The End
Ok companheiros, em primeiro lugar para aqueles que acharam tempo, tiveram paciência e talvez algo mais, para seguir os capítulos (5) desta que considero uma verdadeira saga, registro aqui os meus mais sinceros agradecimentos.
Repetindo Hugh “ Sem geografia o vinho é incompreensível, sem história é incolor,sem sabor característico não faz sentido, e sem viagens ele parece irreal” (Hugh Johnson- escritor & crítico)
Esperando que a motivação de vocês pelo vinho nacional tenha aumentado na mesma proporção que o preconceito tenha diminuído, me despeço do tema, prometendo voltar em breve.
Deixo aqui uma relação de nossos bons vinhos, aqueles que já tomei e gostei, ou aqueles indicados por um amigo apreciador que respeita o vinho nacional.
Vinhos Espumantes : Sem dúvida o vinho nacional mais característico da Serra Gaúcha é o espumante, considerado o melhor da América do Sul, e respeitado mundo afora, o futuro promissor da região.
Cave Geisse, Salton Reserva Ouro, Salton (ótimo custo x benefício), Família Valduga 130, Cave Pericó (SC), Miolo Millésime, Chandon Réserve.
Vinhos Brancos Secos : Não tenho o mesmo entusiasmo pelos nossos brancos atuais, espero ansioso pelo progresso dos brancos da Serra Catarinense.
Villa Francioni Sauvignon Blanc, Núbio Sauvignon Blanc, Quinta Santa Maria Chardonnay, Villaggio Grando Sauvignon Blanc, Villa Francioni Chardonnay
Vinhos Tintos Finos : minha atual classificação de qualidade para nossos tintos é a seguinte, 1 - regulares e bons, a imensa maioria dos nossos vinhos está aí, desde os mais simples e baratos até alguns caros e pretensiosos, 2 – muito bons e ótimos, ainda são poucos e às vezes, raros difíceis de encontrar, 3 – excelentes, bem, prefiro esperar mais um pouco.................
Vamos então aos meus bons e ótimos : Miolo Lote 43, Salton Talento, Quinta do Seival Castas Portuguesas, Miolo Terroir, Salton Desejo, Villa Francioni Joaquim, Quinta do Seival Cabernet Sauvignon, Pizzato DNA 99, Pizzato Reserva Merlot, Quinta da Neve Cabernet Sauvignon, Don Laurindo Gran Reserva Tannat, Dal Pizzol 200 anos Touriga Nacional, Fortaleza do Seival Tempranillo, Villaggio Grando Merlot, RAR Merlot, Villa Francioni CS/Me/CF/Mal, Villaggio Grando Cabernet Sauvignon, Storia Gran Reserva Merlot (Casa Valduga)..........e mais alguns poucos que não me lembro no momento
Obs : a safra do vinho faz a diferença entre um bom e um ótimo, conheça as melhores safras nacionais, leia rótulos......
“Nunc est bibendum”, salve Hugh Johnson................
Até breve, Bacco a seu dispor.............................
Thanks, Adega, José Amarante,...
terça-feira, 27 de setembro de 2011
Uma Saga Brasileira - Prá frente Brasil,il,il,il....!
“A hora é agora, ............Brasil mostra a sua cara.” (viva Cazuza)
Definitivamente estamos no caminho da nossa “maioridade vitivinícola,” Miolo, Salton, Pizzato, Lídio, Argenta, Valduga, Carrau,Geisse,...., já carregam esta responsabilidade nas costas, outros estão a caminho.
A direção eles já encontraram, qualidade, qualidade, e qualidade.
Esta é a única garantia de sucesso em um mercado que deseja e precisa ser competitivo, respeitado pelos seus clientes e aberto à concorrência.
As melhores regiões (infelizmente sem as vantagens naturais de Chile e Argentina), as melhores cepas, as melhores tecnologias, as melhores consultorias, o melhor marketing, as principais tarefas de casa estão sendo feitas com seriedade, afinco, disciplina, tenacidade, coragem e atitude de sobra.
Não adianta plantar em tudo que é lugar, vinho fino de qualidade só com gaúchos e catarinas, o resto é figuração
Não adianta plantar de tudo um pouco, uva, clima, e solo precisam da máxima harmonia entre eles, (um casamento a 3 perfeito, impossível, será?) tecnologia ajuda é claro, conhecimento nem se fala, mas o bom vinho nasce no campo e ponto final.
O conhecimento deve ser buscado onde ele estiver, exige humildade, não é fácil.
Paradigmas e tradições devem ter espaço reduzido, mais difícil ainda!
Sendo assim então, vejamos :
A Serra Gaúcha (Vale dos Vinhedos) ainda é o nosso principal e mais conhecido pólo vitivinícola, é o melhor, não creio, e não estou só, ok, está implantado, é uma denominação de origem, a nossa primeira, legal mesmo, tem história, tem tradição, mas tem potencial para chegar lá, infelizmente creio que não. Ela não atende muito bem a algumas leis fundamentais que regem “um terroir perfeito para o vinho perfeito” (um capítulo à parte), exige muito do homem, da tecnologia, ....e até da sorte, assim não dá.
O pessoal mencionado lá em cima parece que já percebeu isso, e muitos estão olhando com mais carinho para a Fronteira Gaúcha, ali mais perto do disciplinados uruguaios (Campanha e Serra do Sudeste), onde aí sim parece que podemos chegar lá, escolhida por razões técnicas e não históricas sem os paradigmas e tradições tão caras aos gaúchos da Serra.
É também a vez dos “catarinas”, sob o guarda-chuva da Acavits (Associação Catarinense de Produtores de Vinhos Finos de Altitude), eles também estão dando demonstrações concretas de que conhecem os seus desafios.
O potencial da região é grande ( São Joaquim, Campos Novos e Caçador ), um “terroir de altitude”, 100% de “videiras viníferas” plantadas entre 900 e 1400m acima do nível do mar.
Clima mais seco que o gaúcho na época da colheita, gradiente térmico de mais de 10ºC entre dia e noite, bom, muito bom, as uvas agradecem (boa sanidade dos cachos, maturação correta)
Aqui vai uma palhinha, a eternamente famosa e classuda, porém cheia de preguiça quando se trata de amadurecer, a Cabernet Sauvignon se adapta melhor aqui do que na Serra Gaúcha, onde ainda é a variedade mais plantada. Interessante né?
A Pinot Noir é outra que gosta muito da região, que por sinal tem potencial para produzir em um futuro breve o melhor Sauvignon Blanc do continente.
Comparada com as regiões vinícolas do Velho Mundo, podemos dizer que Santa Catarina ainda nem ultrapassou a fase da fralda, mamadeira, e chupeta (assim como o Enrico meu neto!), mas já produz alguns dos melhores vinhos brasileiros do presente, um enorme potencial sem dúvida (assim como o Enrico meu neto!)
Entre os destaques, Villa Francioni, Pericó, Quinta da Neve, Suzim, Sanjo, Panceri, e Villaggio Grando, fique atento a este pessoal, eu estou atento (e bebendo seus vinhos sempre que possível)
Bacco,e o Vale do São Francisco ?, quente meu amigo, muito quente, um suador danado, quem sabe um espumante feito com uva Moscatel, docinho e levinho,.. e só.
Só mais uma coisinha, safra é coisa séria, umas são boas, outras ruins, umas poucas, excepcionais, por aqui a de 2005 foi uma dessas. Habitue-se a ler rótulos, ajuda muito...................
“Nunc est bibendum”, um brazuca da safra 2005,please. )
Até breve, Bacco a seu dispor.........
Thanks : Viotti, José Amarante, Larousse.....
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quarta-feira, 21 de setembro de 2011
Uma Saga Brasileira - Mil vezes Merlot!
“O espírito é variável como o vento....
Mais coerente é o corpo, e mais discreto......
Mudaste muitas vezes de pensamento......
Mas nunca de teu vinho predileto....”
(Álvares de Azevedo,escritor – 1831- 1852)
Não são poucas as vozes especialistas que elogiam o espumante brasileiro, e ele é bom mesmo. (esqueçam o Prosecco por favor.)É aquela questão do tal de “terroir”, o produtor atento observa que uva, solo e clima se entendem bem, se aproveita de todas as maneiras desta harmonia e elabora um vinho de qualidade.
É mais ou menos assim em qualquer parte do mundo, parece simples mas não é não.
Tem muita gente também que diz , por isso ou por aquilo, que a vocação do Brasil é o vinho branco.
Bem, como diria um velho conhecido “há controvérsias”
O fato é que nosso vinho branco continua sendo um desconhecido e está muito longe do reconhecimento que o espumante já alcançou, aqui e lá fora.
Outra questão é a seguinte, em qualquer pesquisa que se faça sobre preferências, 80% no mínimo afirmam que preferem o vinho tinto !?
Tem mais, o espumante por melhor que seja, continua sendo uma bebida digamos assim, “temática”, com forte vocação para marcar presença em celebrações, e o vinho branco continua sendo uma bebida de poucos apreciadores, em qualquer lugar do mundo
O que fazer então? simples : vinho tinto de qualidade!
E aí de novo, aquelas mesmas vozes especialistas lá do início, dizem que a uva de melhor comportamento lá pelas bandas do sul é a Merlot.
Que dela resultam vinhos macios, aveludados, frutados, com taninos educados, de média acidez, final elegante, gastronômicos, tudo de bom...
E para comprovar esta tese, basta prestar um pouco de atenção a qualquer degustação, premiação, o que seja, de “melhores tintos nacionais”, 9 entre 10 ou são elaborados com uma mistura de uvas onde a Merlot tem participação relevante no resultado final, ou são mesmo varietais de Merlot.
O que será que estamos esperando para transformar a Merlot na casta emblemática do Brasil? Assim como o Chile fez com a Carmènére, a Argentina com a Malbec, o Uruguai com a Tannat, e em menor proporção mas não menos evidente, a Austrália com a Shiraz, a Nova Zelândia com a Sauvignon Blanc, e a África do Sul com a Pinotage. Todos exemplos de sucesso de marketing e mais importante, de vendas, pode conferir.
Todos eles assim como nós, também produzem seus “vinhos de corte”, eu até diria que é uma tendência em detrimento do mono-varietal, mas quase nunca se esquecem de dar um espaço importante na mistura para sua uva ícone.
Até mesmo entre os europeus, mais acostumados com a origem do vinho do que a casta em si, temos Portugal discutindo se faz o mesmo com a sua Touriga Nacional.
Tempranillo lembra o que?, Espanha, certo parabéns e Riesling, Alemanha, certo muito bem outra vez, então quem gosta de Tempranillo compra o quê, vinho espanhol, e quem gosta de Riesling, vinho alemão, legal né?
E olha que a Merlot está dando sopa, os USA depois de Sideways a trocaram pela Pinot Noir, o Chile aos poucos vem aceitando que seu terroir não é o melhor para ela, fazem coisa melhor com a Cabernet, e com a própria Carmènére, os Merlot argentinos (Patagônia) não entusiasmam, e assim por diante.
Então novamente, raios me partam, porque ainda não colocamos a Merlot no seu devido lugar, e não partimos para obter o reconhecimento que nosso vinho tinto já faz por merecer há algum tempo.
Será que aquele já mencionado espírito de associatividade dos nossos amigos gaúchos e suas incontáveis associações atrapalha mais do que ajuda neste caso, cada uma cuidando dos seus próprios interesses e das suas próprias inseguranças....será?
Como sempre qualquer coisa só vai para frente quando todos dão a sua contribuição, e também mais uma vez posso dizer que nossa parte até que não é lá das mais duras, na próxima vez que for beber um tinto, seja onde for, peça um Merlot brasileiro, na seguinte indique para seu amigo, e assim por diante, fácil né ?
“Viva nosso vinho brasileiro! viva nossa Merlot!” (bem, espero que os bons marqueteiros tenham idéias melhores que eu....)
“Nunc est bibendum”, um Merlot brasuca por favor...
Até breve, Bacco a seu dispor.
quinta-feira, 1 de setembro de 2011
Uma Saga Brasileira - Séc-XXI
“Desde Getúlio que não temos um presidente da República que goste de vinho – de cachaça tivemos um monte”
Entramos no século XXI, podemos dizer que a indústria esta aí, pronta, o país vai bem obrigado, o consumo de vinho entre nós já é mais do que modismo, é prazer, quase hábito, mas ainda estamos longe do necessário reconhecimento interno e externo.
É elogiável o que conseguimos nos últimos anos, até bons vinhos nós já temos, o desafio agora é conquistar o Mercado, é seduzir o Cliente, o duro é que o brasileiro acha que já nasce sabendo como fazer isso.............é mole?
Nós já bebemos tanto vinho quanto o Cazaquistão e o Usbequistão, e já ultrapassamos o Quirguistão e o Azerbaidjão, e vamos em busca da Bósnia, da Armênia e do Paraguai!
Dá para sentir o tamanho do desafio?!
“A união faz a força”, ok, legal, funciona em muitos casos, mas dá uma olhadinha nisso : Afavin, Agavi, Aprobelo, Apromontes, Aprovale, Asprovinho, Aviga, Embrapa - Uva&Vinho, Fecovinho, Ibravin,Uvibra...............ufa!, só na Serra Gaúcha, uau!
A visão de “associatividade” até pode ser útil para estabelecer uma estratégia de mercado forte e objetiva, e nós precisamos disso, mas o exagero pode gerar perda de foco (ou bagunça mesmo)
Neste momento é bom lembrar quem de fato é a concorrência, os hermanos com seus malbecs, os chilenos com sua carmenere, os uruguaios com sua tannat, os australianos com seus shiraz, os europeus com todos estes e muito mais, enfim, certo?
E o preço companheiro, o vinho nacional é caro “prá-chuchú”!
Ok, temos os tributos, a carga é grande mesmo, neste caso nas próximas eleições vote em alguém que goste de vinho...
Um político americano trabalhando pela indicação do seu partido para ser o oponente do Obama no ano que vem, colocou em destaque no currículo, “ quando jovem foi animador de torcida”, grande atributo para uma presidência concorda ? que tal nosso candidato declarar-se um “enoblogueiro apaixonado”,pode dar voto!
A sério, tem também a questão do “quanto você está disposto a pagar pelo produto”, e se o custo & benefício for interessante, se o preço & qualidade for transparente, se a oferta for grande, se você se sente respeitado pelos produtores, se seus amigos estão comprando (e bebendo claro), aí você também chega lá.
A hora é essa, tem mais grana circulando, mais gente preparada para o consumo em geral, mais gente interessada no vinho, mais gente pronta para vencer o preconceito, desde é claro que os bons vinhos que estão chegando, mantenham (e até melhorem) a sua qualidade, isso é imprescindível,imperativo,obrigatório, ok?
Governo, entidades, cooperativas, produtores, distribuidores, pontos de venda, marqueteiros, críticos, sommeliers, cada um destes tem suas responsabilidades específicas no sucesso ou não do vinho nacional, quanto a nós a tarefa é mais fácil, é só beber!
Aproveitando a oportunidade, estes são alguns tintos nacionais que gosto e bebo : Salton Talento, Quinta do Seival Castas Portuguesas, Lote 43, Joaquim, Miolo Merlot Terroir, Salton Desejo Merlot, Pizzato Merlot, Quinta da Neve Cabernet Sauvignon.
Quebrando preconceitos dois vinhos de uma cooperativa, o Aurora Reserva Merlot e o Aurora Millésime Cabernet Sauvignon
"Nunc est bibendum", inspire-se na foto ao lado.......
Bacco a seu dispor
Thanks : Cabral (citação inicial), Viotti, Adega, Wine, Atlas Mundial,...........
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