sábado, 31 de agosto de 2013

DDD - Bacco Nº15 - Vinificação em Tinto?


Duvidas Devidamente Degustadas
 
 Você sabe mesmo como um vinho tinto é elaborado, ótimo então vamos juntos nessa, se discordar me avisa.
O termo que usamos para explicar o conjunto de operações necessárias para elaborar um vinho é "vinificação"
Você concorda comigo que existe “vinificação” e “vinificação”, ou seja mais de uma maneira de elaborar um vinho.
Tudo vai depender do vinho que queremos ter no final, e isso tem a ver com a quantidade de práticas enológicas que introduzimos no processo.
Vinhos simples aqueles leves, frutados, bem feitos, vinificação correta e simples e pronto.
Vinhos encorpados, complexos, bem feitos, vinificação correta, repleta de práticas enológicas e pronto.
Sentiu a diferença?
Mas pronto mesmo, calma quase lá, vinificar é combinar ciência com experiência e arte, então além da tecnologia, temos o ser humano,o homem! peça importante, eu diria que fundamental para o resultado final.
Experiência e arte no mundo do vinho passa de pai para filho, de geração para geração, acredite e preste atenção nisso, conhecendo a tradição da família  erramos menos, e conseqüentemente bebemos bons vinhos com mais freqüência.  
A boa tecnologia está aí e deve ser usada é claro, mas não devemos esquecer que o grande vinho se faz no vinhedo, as demais operações que vamos ver em seguida visam manter a qualidade da uva, resultado do empenho e conhecimento do viticultor, ele é o cara!

 Colheita : toda atenção voltada para a maturação correta das uvas, a tal maturação fenólica, evita o excessivo “gosto herbáceo” e “ boca amarrada”
Uva bem trabalhada é sinônimo de vinho redondo e macio, o oposto representa vinho duro e áspero. Vinhos nobres têm suas uvas selecionadas à mão, e de preferência colhidas na fresca da noite.

 Desengaço : Separar os bagos dos cabinhos, os tais engaços, é a garantia de que o vinho não vai ter excesso de taninos, o que seria desagradável para o paladar final, boca seca e gosto de muito verde, ninguém merece..........
Nada de mandar tudo junto para a próxima etapa, sem pressa, muita calma.

 Esmagamento: Apertar é necessário, mas atenção com muito carinho nesse momento por favor, isso obrigado, apenas rompa a minha casca e deixe meu  precioso líquido fluir...... ( qualquer analogia é bem vinda)
Chegou a  hora da casca, do mosto e das sementes, todo juntos, se encaminharem para os tanques, não gostamos muito das bombas que nos empurram, preferimos descer livremente aproveitando a tal lei da gravidade, pena que nem sempre é possível.
Prefirimos os tanques de inox, modernos bonitos, cheios de recursos, mas se não der, pode ser de concreto ou de madeira mesmo, uma chance para as tradições................

 Sulfitagem : Oba, uma dose de SO2 e adeus às bactérias, ok sem exagero, o suficiente para eu não ficar oxidado, aquele gostinho de biotônico....

 Tudo pronto para a Fermentação, após um duro, difícil, mas compensador trabalho no campo, uma colheita linda, a preparação cuidadosa, agora vamos em frente, os riscos são bem maiores, proporcionais aos resultados.
Mas esta é um história para o próximo capítulo.......................................

 
"Nunc est bibendum", abra um vinho tinto hoje.
Até breve, Bacco a seu dispor

 Ref: Dirceu Vianna Junior, José Ivan Santos..........

 

sábado, 24 de agosto de 2013

África do Sul - Regiões Vinícolas


É de 1973 a regulamentação das WO (Wine of Origin) as “denominações de origem” dos vinhos sul africanos. Mesmo não sendo, como não é, uma garantia total de qualidade, uma verdade em todos os países vinícolas, não deixa de ser uma referência, principalmente para quem não conhece mas quer se aventurar pelos vinhos de um país.
No caso específico da África do Sul,de um modo geral, com vinhos ainda pouco conhecidos por aqui, rótulos complicados (novidade!) e nomes esquisitos, a coisa pode ficar difícil, mas não uma razão para desistir, e as denominações podem funcionar como guias neste momento....
De uma maneira simples, podemos dizer que o mapa vinícola sul africano está dividido em regiões, distritos, e áreas (ward), do maior para o menor, do geral para o detalhe.
Maravilha, a partir daqui basta um pouco de atenção e algumas simples perguntas ao pessoal das lojas, e você está pronto para saber que:
A maior e principal região dos vinhos sul africanos atende pelo nome de “Coastal Region”, enorme, de frente para o mar, verdadeira testemunha do namoro entre o Atlântico e o Índico, nem sempre calmo é verdade, os navegadores portugueses que o digam, certo?
A cidade do Cabo é a referência desta região, e seus principais e mais tradicionais distritos atendem pelos nomes de Stellenbosch, e Paarl.
Que o distrito de Stellenbosch tem 7 áreas (wards) distintas, mas a força do seu nome é o bastante, e que Franchhoek e Wellington são as duas principais “wards” de Paarl.  
Ótimo, na próxima vez que você pensar em um vinho sul africano lembre-se disso, comece por uma destas regiões ,Stellenbosch ou Paarl.
Na primeira, terra de tintos, impera a Cabernet Sauvignon, ...na segunda o destaque entre as tintas fica com a Shiraz, mas aqui vale a pena experimentar um branco de Sauvignon Blanc, Chardonnay, ou Chenin Blanc.
A África vinícola é maior do que isso, mas eu garanto que já é um bom começo, e aí na medida que você for se ligando nos seus vinhos, visite os produzidos em Breede River Valley, Klein Karoo, e Olifants River.....

“Nunc est bibendum”, valeu?
Até breve, Bacco a seu dispor.

 Ref: José Osvaldo Albano do Amarante, Eduardo Viotti.....

 

domingo, 18 de agosto de 2013

EpC - "Esse é pra Casar"


Difícil encontrar um vinho europeu na faixa dos $50 que me chame a atenção, normalmente exageram na simplicidade e na falta de graça. As exceções de uma forma geral ficam com os portugueses, esse Touriga Nacional é um bom exemplo disso.  

 Quinta da Castainça
Touriga Nacional - 2009
Douro - DOC
Acl. = 14,5,%.

 
Uma casta nobre de alto potencial, uma região de muita tradição, e 12 meses de barricas francesas novas, são os principais avalistas deste vinho com tudo no lugar, boa acidez, os elevados 14,5% bem distribuídos, um vinho macio, com um final longo e agradável.
Comprei no Festval de Curitiba seguindo o conselho do meu amigo Carlos, o simpático lusitano responsável pela boa adega do supermercado, paguei menos de $50,00.

      
“Nunc est bibendum”, recomendo, um vinho gostoso e fácil de beber.
Até breve, Bacco a seu dispor.

 

sábado, 10 de agosto de 2013

Rapidinha - Breve história do Vinho XVI


Depois da queda, Carlos Magno!

 
Ok, o mundo do vinho tomou o maior susto com a queda do Império isso lá é verdade, mas seria injustiça responsabilizar a falta de “sensibilidade” e “fineza” dos invasores bárbaros com único fator preponderante das dificuldades que estavam por acontecer.
Registros da época mostram que os novos donos da Europa,  godos, visigodos, vikings,....normandos, etc,  não só tentaram preservar os vinhedos bem como em algumas situações até incentivaram o crescimento, espertos  esses tal de bárbaros!
Acho que coisa pode ser melhor explicada pela fragmentação do poder em lugar de um império uno.
Estamos falando de um período rico em guerras, invasões e conquistas aconteciam quase todos os dias, o poder pela dominação era a síntese do início da baixa Idade Média.
A cultura do vinho em todos os seus sentidos, do plantio ao consumo, da veneração ao simples comércio, sentia profundamente a falta de governo ou o excesso dele, uma característica da época.
Falta de governo atinge a tudo e a todos, disso nós sabemos bem, inclusive o vinho!
A luz que iluminou as “Trevas” veio com Carlos Magno, e seu Império Carolíngio.
A era carolíngia teve início com o rei franco Pepino o Breve, pai de Carlos Magno, Pepino estabeleceu em Aachen na Alemanha um reino unido e decididamente cristão, dois fatores importantes para a manutenção e o desenvolvimento dos vinhedos e do vinho em si.
O pragmático e conquistador Carlos Magno acrescentou toda Alemanha aos domínios francos ao dominar os saxões, transpôs os Alpes e anexou a Lombardia e Roma, cruzou os Pirineus e chegou até a Espanha onde enfrentou os mouros, Magno foi coroado pelo papa em 800 d.C, imperador do “Sacro Império Romano Germânico”
Entre verdades e lendas, algumas histórias envolvendo Carlos Magno estão relacionadas ao vinho, a criação dos primeiros vinhedos do Rheingau  (riesling!), as colinas de Corton na Borgonha onde teria mandado plantar uvas brancas ao invés de tintas para não sujar suas barbas!, isso pode ser história, mas o grande vinho Corton-Charlemagne certamente não é, ele está lá até hoje para provar isso.
Enfim podemos afirmar que, a cultura do vinho sobreviveu aos tempos difíceis da Idade Média em parte graças a Carlos Magno.

“Nunc est bibendum”, obrigado grande Imperador.
Até breve, Bacco a seu dispor

 Ref : Hugh Johnson, Rod Phillips........

 

 

 

domingo, 4 de agosto de 2013

Rapidinha - Breve história do Vinho - XV


Chegou a Idade das Trevas !?

 Foram necessários 14 capítulos e mais de um ano para chegarmos a um dos períodos mais críticos da rica história desta divina bebida, estamos na Idade Média, estamos na Idade das Trevas, e vamos permanecer por aqui por um tempo..........
No início da era cristã o vinho já tinha seu status consolidado, era um produto comercial rentável, ocupava toda a Europa da época, detinha uma importante posição cultural, e era visto como uma bebida mais do que agradável, capaz de proporcionar bem estar e facilitar as interações sociais.
A adoção do cristianismo como religião oficial do Império Romano acabou por consolidar o status do vinho, afinal ele representava nada mais nada menos do que o sangue de Cristo.
O colapso e a conseqüente ruína da parte ocidental do Império trouxe consigo, medo, incertezas, e muita desconfiança, seriam os invasores bárbaros capazes de entender o papel do vinho na cultura da época e sua importância social e econômica?
Os invasores de origem germânica traziam consigo além da fama de bárbaros impiedosos e cruéis, a de bons bebedores de cerveja!
Os romanos viam os antigos alemães como viciados em cerveja forte, uma bebida rústica, alcoólica, extraída com muito pouca arte e freqüentemente adulterada, portanto muito longe de poderem apreciar um bom vinho, a verdade mesmo é que o romanos foram destruídos, perderam, e como tal não poderiam admitir outro cenário, típico de perdedores em qualquer situação.
O engraçado de tudo isso é que mesmo deixando qualquer preconceito de lado, ainda hoje podemos conceber a imagem do italiano elegante no seu Armani apreciando seu fino Brunello em um local exclusivo de Roma ou Milão e do alemão enchendo a cara de cerveja na Hofbrauhaus de Munique por exemplo..
Brincadeiras à parte, o fato é que em pleno século XXI, tanto italianos como alemães produzem vinhos que são verdadeiras jóias.
Bem de volta ao século V a questão é a seguinte:, teriam  as tribos germânicas, classificadas como “bárbaras” pelos “civilizados” romanos,  o necessário discernimento para então  preservarem os vinhedos tão duramente por eles cultivados através dos séculos, ou seria o fim de uma história começada há milênios.

“Nunc est bibendum”, que tal um bom vinho enquanto espera para ver....
Até breve, Bacco a seu dispor.

Ref: Rod Phillips, Hugh Johnson...

foto : Minha homenagem aos bebedores de cerveja, essas eu trouxe de lá, 1985 eu acho.

 

 

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

EpC - "Esse é pra Casar"


Semana do Francisco no Rio, brilhante, muito o que comemorar, eu que não tenho preconceito com vinho brasileiro abri logo um “Francesco”, sugestivo não é não !. Poderia ter sido o vinho do Papa, não faria feio. Mais um bom trabalho da catarinense Villa Francioni, grande opção aos vinhos da Serra Gaúcha.

 Villa Francioni
Francesco - 2006
Acl. = 13,7,%.

 Um vinho com a capacidade de surpreender, elegante e ao mesmo tempo voluptuoso, “estruturado e preciso” no seu complexo corte de  Cabernet Sauvignon, Merlot, Cabernet Franc, Malbec e Syrah,  (uma feliz e pertinente observação no contra rótulo). Madeira presente, acidez no lugar certo, aromas intensos e desafiantes......
Vinho brasileiro bom de verdade, em linha com os importados, ainda são raros , e geralmente caros, este é ótimo e na minha humilde opinião, faz jus ao seu preço.
Comprei no Mercado Municipal de Curitiba ( Adega Brasil ), paguei R$ 76,00

“Nunc est bibendum”, recomendo sem medo de ser feliz, um 2006 inteiro, que ainda poderia ser guardado por mais tempo, uma demonstração da longevidade de alguns nacionais de qualidade.
Até breve, Bacco a seu dispor.