sábado, 24 de março de 2012
Desengano, Desalento, Decepção...
Não se trata de mais um DDD-BACCO, até que poderia ser, mas na realidade é Desânimo mesmo.........
Há mais de um ano, desde o início deste blog, jamais pensei em usá-lo para reclamar, denunciar, protestar, o que seja.....não é por aí.
Não pretendo me afastar do “papo que procura ser pura diversão e que agrega bons vinhos e bons amigos”, mas não resisto a comentar aqui a última dos nossos “guerreiros oportunistas”, os produtores brasileiros de vinho.???!!!Com licença............
Estes senhores procuraram o governo para pedir proteção contra o vinho importado, traduzindo o óbvio, mais imposto do que os singelos atuais 27%, e quem sabe restrição ao volume de importação (cotas por país), que tal?Até Baco não acredita!
Desengano, no passado o cenário de cotas estimulou corrupção (infelizmente ainda somos bons nisso), contrabando e ineficiência da indústria nacional, porque seria diferente agora?
Desalento, não consigo acreditar que protegidos por lei, seguros do controle sobre a concorrência, nossos produtores vão investir em qualidade, e vão sequer considerar em baixar os preços dos caros vinhos nacionais,você acredita?
Decepção, mais uma vez de cara com a dificuldade (ela é real), iniciativa privada e governo se associam na implementação de uma agenda restritiva e não positiva.
Porque não baixar impostos, melhorar linhas de crédito, apoiar programas de divulgação e distribuição do vinho nacional, você não concorda?
Esta não é a especialidade do governo, e nem parece que seja a vontade dos produtores, ambos estão procurando um caminho mais fácil.
Mais fácil sim, mas pode não dar certo companheiro, não acho que é o governo quem vai decidir sobre o vinho que eu, você ou quem quer que seja deva beber, correto?
E tem mais, é o seguinte : o orgulho que sentimos ao ver a industria crescer e oferecer bons vinhos, pode se transformar em antipatia com os produtores e ainda mais má vontade com seus produtos do que a atual, imagina!
Alguma dúvida que nós vamos na verdade acabar tomando mais vinhos argentinos ( protegidos pelo Mercosul) do que já tomamos??!!
Os hermanos nem acreditam no que está por acontecer, ganhar na loteria é muito bom!
Degustando toda esta “vínica polêmica”, porque não aproveitamos o momento, não para berrar contra mais uma iniciativa de “protecionismo burro e surreal”, e sim partir cada um com sua “cota” de responsabilidade para uma campanha de redução do preço final do vinho ao consumidor.
Vinho no Brasil é caro, venha de onde vier, e atinge diretamente o consumo.
Não passamos dos 2 litros anuais, enquanto argentinos, chilenos, uruguaios estão na casa dos 30, 40 litros anuais, dá só uma olhada no potencial de crescimento.
Porém desconfio que não vai ser com restrições que chegamos lá, prefiro acreditar em mais qualidade, presença forte, competitividade, e claro mais atitude do consumidor.
“Leve 1 pague 6”, veja um cálculo de um especialista publicado na imprensa nesta semana:
Vinho europeu na origem: 10 euros = R$ 25,00
Vinho europeu após : Frete, Aduana, II, IPI, PIS, COFINS, ICMS, Frete interno = R$50,00 ( exagero do governo )
Vinho europeu após : lucro da Importadora = R$ 100,00 (barbaridade do empresário )
Vinho europeu após : margem do supermercado = R$ 135,00
Vinho europeu após : margem do restaurante = R$ 150,00
Resultado, aquele vinho simples de 10 euros acabou virando impunemente um “europeu de respeito” nas prateleiras do supermercado ou um “ícone” de determinada região nas cartas dos restaurantes, e nós pagamos por isso.... mais atitude companheiro!
E os produtores brasileiros ao invés de ofertar seus vinhos a preços mais competitivos e assim ganhar mercado, ganhar escala, crescer, poder investir em tecnologia e qualidade, e crescer ainda mais, não, não, preferem pegar carona nestes preços irreais e o pior, muitas vezes sem poder apresentar a mesma qualidade, aí então só resta chorar e pedir proteção para o governo né não ?
Você quer um exemplo de uma agenda positiva, vamos lá :
1- Governo reduz impostos para o vinho nacional.
2- Governo aumenta linha de crédito para a industria do vinho, em especial para as pequenas vinícolas.
3- Governo, Entidades e Associações do ramo além de supermercados, desenvolvem um programa de divulgação e distribuição do vinho brasileiro.
4- Entidades , Associações e Produtores promovem seriamente o “enoturismo”.
5- Lojas especializadas abrem de verdade, espaço para o vinho brasileiro de qualidade.
6- Restaurantes aumentam a presença de vinho brasileiro nas suas cartas.
7- Importadores, comerciantes, restaurantes baixam suas margens de lucro. (tem que acreditar)
8- Menos Entidades e Associações (são tantas quanto partido político neste país) “penduradas” no segmento, mais foco no que importa.
9- Produtores investem em tecnologia e qualidade para valer.
10- E nós continuamos comprando e bebendo o que é realmente bom e vale mesmo a pena, sem preconceito...
Pode parecer óbvia, muitos já propuseram, muito pouco foi ou está sendo feito neste sentido.
Até pensei em não falar mais sobre vinhos nacionais, em retirar meus “posts” a respeito ( Uma Saga Brasileira ) , em não recomendar mais vinhos nacionais, em não beber mais vinhos nacionais, mas é bobagem, é incentivo ao que eu não quero que aconteça, o que vou fazer mesmo é aumentar meu conhecimento sobre este “divino caldo” ser cada vez mais exigente com a qualidade do mesmo, e beber sempre é claro.....façam o mesmo!
“Nunc est bibendum”, um vinho brasileiro de qualidade sem salvaguardas por favor....
Até breve, Bacco a seu dispor.
Thanks : Paladar.................... Pantaleão, Azambuja, Popó, Nazareno, Salomé, Justo Veríssimo, Alberto Roberto, Divino, Coalhada, ...Painho,...Prof Raimundo............todos os Chicos.
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A festa estava tão boa, mas um grupo de oportunistas resolveu estragar, infelizmente...
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