sexta-feira, 30 de março de 2012

Rapidinha - Bacco Ubriaco


Há algum tempo venho pensando em usar o blog para falar sobre algumas degustações interessantes e compartilhadas nas noites de segunda com os confrades da “Bacco Ubriaco”.
Chegou a hora, serão notas rápidas digna do título
: Rapidinhas

Na segunda passada enfrentamos dois vinhos mexicanos, sim senhor mexicanos! e quer saber? surpreenderam positivamente, alcançando a média de 89 pontos na avaliação da confraria. (degustação às cegas)
Casa Grande Shiraz 2008 – Parras, Coahuila, um 100% Shiraz intenso, bom corpo, taninos maduros, com boa persistência
Liceaga Gran Reserva Merlot 2007 – Baja Califórnia, um Merlot com boa tipicidade, aromático e muito frutado, com uma textura aveludada dos bons Merlot’s
Infelizmente estes vieram diretamente do México, não sei informar onde encontrar por aqui, mas estando por lá, saiba que nem só de tequila vivem os mexicanos.

“Nunc est bibendum”
Até breve, Bacco a seu dispor

sábado, 24 de março de 2012

Desengano, Desalento, Decepção...


Não se trata de mais um DDD-BACCO, até que poderia ser, mas na realidade é Desânimo mesmo.........

Há mais de um ano, desde o início deste blog, jamais pensei em usá-lo para reclamar, denunciar, protestar, o que seja.....não é por aí.
Não pretendo me afastar do “papo que procura ser pura diversão e que agrega bons vinhos e bons amigos”, mas não resisto a comentar aqui a última dos nossos “guerreiros oportunistas”, os produtores brasileiros de vinho.???!!!Com licença............
Estes senhores procuraram o governo para pedir proteção contra o vinho importado, traduzindo o óbvio, mais imposto do que os singelos atuais 27%, e quem sabe restrição ao volume de importação (cotas por país), que tal?Até Baco não acredita!
Desengano, no passado o cenário de cotas estimulou corrupção (infelizmente ainda somos bons nisso), contrabando e ineficiência da indústria nacional, porque seria diferente agora?
Desalento, não consigo acreditar que protegidos por lei, seguros do controle sobre a concorrência, nossos produtores vão investir em qualidade, e vão sequer considerar em baixar os preços dos caros vinhos nacionais,você acredita?
Decepção, mais uma vez de cara com a dificuldade (ela é real), iniciativa privada e governo se associam na implementação de uma agenda restritiva e não positiva.
Porque não baixar impostos, melhorar linhas de crédito, apoiar programas de divulgação e distribuição do vinho nacional, você não concorda?
Esta não é a especialidade do governo, e nem parece que seja a vontade dos produtores, ambos estão procurando um caminho mais fácil.
Mais fácil sim, mas pode não dar certo companheiro, não acho que é o governo quem vai decidir sobre o vinho que eu, você ou quem quer que seja deva beber, correto?
E tem mais, é o seguinte : o orgulho que sentimos ao ver a industria crescer e oferecer bons vinhos, pode se transformar em antipatia com os produtores e ainda mais má vontade com seus produtos do que a atual, imagina!
Alguma dúvida que nós vamos na verdade acabar tomando mais vinhos argentinos ( protegidos pelo Mercosul) do que já tomamos??!!
Os hermanos nem acreditam no que está por acontecer, ganhar na loteria é muito bom!
Degustando toda esta “vínica polêmica”, porque não aproveitamos o momento, não para berrar contra mais uma iniciativa de “protecionismo burro e surreal”, e sim partir cada um com sua “cota” de responsabilidade para uma campanha de redução do preço final do vinho ao consumidor.
Vinho no Brasil é caro, venha de onde vier, e atinge diretamente o consumo.
Não passamos dos 2 litros anuais, enquanto argentinos, chilenos, uruguaios estão na casa dos 30, 40 litros anuais, dá só uma olhada no potencial de crescimento.
Porém desconfio que não vai ser com restrições que chegamos lá, prefiro acreditar em mais qualidade, presença forte, competitividade, e claro mais atitude do consumidor.
“Leve 1 pague 6”, veja um cálculo de um especialista publicado na imprensa nesta semana:
Vinho europeu na origem: 10 euros = R$ 25,00
Vinho europeu após : Frete, Aduana, II, IPI, PIS, COFINS, ICMS, Frete interno = R$50,00 ( exagero do governo )
Vinho europeu após : lucro da Importadora = R$ 100,00 (barbaridade do empresário )
Vinho europeu após : margem do supermercado = R$ 135,00
Vinho europeu após : margem do restaurante = R$ 150,00
Resultado, aquele vinho simples de 10 euros acabou virando impunemente um “europeu de respeito” nas prateleiras do supermercado ou um “ícone” de determinada região nas cartas dos restaurantes, e nós pagamos por isso.... mais atitude companheiro!
E os produtores brasileiros ao invés de ofertar seus vinhos a preços mais competitivos e assim ganhar mercado, ganhar escala, crescer, poder investir em tecnologia e qualidade, e crescer ainda mais, não, não, preferem pegar carona nestes preços irreais e o pior, muitas vezes sem poder apresentar a mesma qualidade, aí então só resta chorar e pedir proteção para o governo né não ?
Você quer um exemplo de uma agenda positiva, vamos lá :
1- Governo reduz impostos para o vinho nacional.
2- Governo aumenta linha de crédito para a industria do vinho, em especial para as pequenas vinícolas.
3- Governo, Entidades e Associações do ramo além de supermercados, desenvolvem um programa de divulgação e distribuição do vinho brasileiro.
4- Entidades , Associações e Produtores promovem seriamente o “enoturismo”.
5- Lojas especializadas abrem de verdade, espaço para o vinho brasileiro de qualidade.
6- Restaurantes aumentam a presença de vinho brasileiro nas suas cartas.
7- Importadores, comerciantes, restaurantes baixam suas margens de lucro. (tem que acreditar)
8- Menos Entidades e Associações (são tantas quanto partido político neste país) “penduradas” no segmento, mais foco no que importa.
9- Produtores investem em tecnologia e qualidade para valer.
10- E nós continuamos comprando e bebendo o que é realmente bom e vale mesmo a pena, sem preconceito...
Pode parecer óbvia, muitos já propuseram, muito pouco foi ou está sendo feito neste sentido.
Até pensei em não falar mais sobre vinhos nacionais, em retirar meus “posts” a respeito ( Uma Saga Brasileira ) , em não recomendar mais vinhos nacionais, em não beber mais vinhos nacionais, mas é bobagem, é incentivo ao que eu não quero que aconteça, o que vou fazer mesmo é aumentar meu conhecimento sobre este “divino caldo” ser cada vez mais exigente com a qualidade do mesmo, e beber sempre é claro.....façam o mesmo!
“Nunc est bibendum”, um vinho brasileiro de qualidade sem salvaguardas por favor....
Até breve, Bacco a seu dispor.

Thanks : Paladar.................... Pantaleão, Azambuja, Popó, Nazareno, Salomé, Justo Veríssimo, Alberto Roberto, Divino, Coalhada, ...Painho,...Prof Raimundo............todos os Chicos.

sexta-feira, 16 de março de 2012

Queridos Hermanos!


“A pátria é algo que se sente, que não se pode explicar.
Eu sinto muito profundamente.
Se a definirmos, estamos diluindo-a em palavras.”
Jorge Luis Borges


Não sei não, mas ao escrever um novo e importante capítulo da história do Novo Mundo vinícola, os argentinos devem ter levado em consideração o pensamento do escritor e poeta portenho.
De antigo produtor de vinhos populares, muitas vezes servido misturado com água, a um país referência mundial entre os produtores de qualidade passaram se apenas 20 anos!
Além de estratégia, foco, aprendizado, investimentos, é preciso muita paixão, a dose certa de mente e coração, de pragmatismo e emoção, acho que Borges concordaria.
Venceram todos os obstáculos que encontraram pela frente, inclusive a grande resistência do seu próprio povo, muito chegado no rústico vinho de mesa produzido a partir de uvas “criolla” e cereza.
Dos quase históricos e impressionantes 100 litros/ano/habitante, muito vinho barato e ruim é verdade, hoje os hermanos bebem 36 litros/ano/habitante, vinho mais caro, mas de muita qualidade também, é o tal do custo/benefício em ação.....
(Nós ainda estamos na casa dos 2 litros/ano/habitante,e o governo está pensando em taxar o vinho importado, que mania não!)
Exemplo de dificuldade que se tornou oportunidade, a Argentina por necessidade está se tornando exímia exportadora de vinhos de qualidade internacional, incomodando bastante o atual líder sul americano o Chile, embate de gente grande!
Eu sinto tudo isso quando abro um bom Malbec argentino.
Hoje a Argentina conta com mais de 1.200 vinícolas, com uma área imensa de plantio, sendo 94% de uvas finas viníferas, além da Malbec, é preciso respeitar também sua Cabernet Sauvignon, sua Merlot, sua Chardonnay, e sua (de verdade mesmo) Torrontés, já bebeu um branco de Torrontés da região de Cafayate?
Os argentinos plantam uva desde a gélida Patagônia até a cálida e desértica região de Salta, usam corretamente a altitude como defesa para o calor excessivo na maioria das regiões, e estão trocando a ambientalmente incorreta mania de usar e abusar da água existente ( irrigação dos vinhedos por inundação ) por uma maior consciência ecológica ( irrigação por gotejamento ), o mundo, vinícola ou não, agradece.
“Nunc est bibendum”, - Ninguém é Pátria, todos os somos – J.Luis Borges.
“ Até breve, Bacco a seu dispor"

Thanks :Larousse do Vinho, Viotti, Amarante..............

quinta-feira, 8 de março de 2012

A mulher de 100 anos !



A maior covardia de um homem é conquistar o coração de uma mulher sem a intenção de amá-la – Carlos Drummond de Andrade

Há exatos um ano eu publicava aqui o post “shaking the tree”, e dizia não acreditar que a mulher precisasse de um dia em especial para ser lembrada, admirada, e reverenciada.
Não mudei de opinião, faço isso todos os dias da minha vida, elas estão sempre na minha memória, minha admiração por elas só cresce, e não tenho nenhum receio em reverenciá-las.
Acontece que os fatos são mais fortes do que minha simples posição, e a história está aí para nos mostrar a saga das mulheres nos últimos 100 anos.
O papel da mulher na sociedade começou a mudar no início do séc. XX no contexto da Revolução Industrial e da 1ª Guerra Mundial, quando muitas tiveram a primeira oportunidade de trabalho na indústria.
E elas não perderam mais tempo, e travaram suas próprias guerras e revoluções na luta pela igualdade, pelo respeito e pelo reconhecimento.
Com muita competência por sinal, vejo os resultados espalhados muito além da linha do horizonte.
Se você está aí na sua e ainda não percebeu isso, então projete na sua mente a figura da sua avó, da sua mãe, da sua esposa, da sua filha, e até da sua neta se for o caso, e acorde rápido.
Ok, já que elas têm seu dia, e é hoje, e este blog é dedicado ao prazer de beber, que tal preparar uma comidinha (se não souber apele para um restaurante), abrir um vinho, e dividir tudo isso com a sua melhor companhia.
É com o foco nelas as mulheres, que eu vou arriscar aqui e agora deixar algumas sugestões pessoais.
Que tal um intenso e vibrante Sauvignon Blanc da Nova Zelândia com aquele peixe preparado com limão, ou uma comida exótica como a thai. Um chileno do vale de Casablanca também cai bem.
Ou então um sedutor Pinot Noir para acompanhar aquela carne leve, preparada com muita sutileza.
Lógico que os franceses são os mais recomendados, mas um americano ou um chileno também dão conta do recado.
Não abra mão de um bom Chianti se ela for apaixonada por massas, em especial com molhos vermelhos.
Agora se ela for daquelas que estão sempre de regime e optar por uma “saladinha”, peça uma rosé, aproveite para degustar um brasileiro, Villa Francioni Rosé, o melhor nacional. (além disso tem uma garrafa linda, ela vai adorar)
“Nunc est bibendum”, um beijo a todas as mulheres que fazem parte da minha vida, Bia, Tati, Tata, Lina.....e todas aquelas que seguem Bacco
Até breve, Bacco a seu dispor

Thanks, Carlos Drummond de Andrade, Juarez Machado.........Joanna Simon

domingo, 4 de março de 2012

O Julgamento e os Ícones Chilenos


“Os pesares podem ser aliviados com uma boa noite de sono, um banho e uma taça de vinho” – São Tomás de Aquino

Devo reconhecer minha desatenção no último “post” ao mencionar o “Desafio de Paris”, na realidade a menção correta seria “O Julgamento de Paris”, é desta forma que o evento é conhecido, com direito a livro, filme, e inúmeras interpretações.
Peço desculpas a vocês, mas vou aproveitar a oportunidade para ir em frente então.
O Julgamento como muitos já sabem, refere se a uma “degustação à cegas” realizada em Paris em 1976, onde 9 profissionais franceses de alto renome, traídos pela arrogância e prepotência ou simplesmente pegos de surpresa, distraídos, em um dia infeliz, tanto faz......,acabaram por “premiar” menosprezados e até então desconhecidos vinhos californianos em detrimento de verdadeiros Ícones franceses.
Foi a vitória dos azarões Montelena (Chardonnay) e Stag’s Leap (Cabernet Sauvignon) ambos de 1973 sobre Meursaut’s, Montrachet’s, Mouton’s, Haut Brion’s, entre outros famosos, até então verdadeiros “Deuses do Olimpo” dignos apenas de Baco e Dionísio
Digamos que o impacto destas escolhas no meio do vinho foi algo parecido como, o “Suvaco do Cristo” sendo consagrado campeão na Sapucaí , os hermanos batendo a seleção brasileira na final de 2014 (e por goleada), ou quem sabe Titirica como o mais novo e competente governador de São Paulo.
A verdade é que, passado a ressaca pelo que se viu ( e se bebeu ) em Paris naquele distante 1976, o Julgamento enfraqueceu a força mítica em torno dos grandes vinhos franceses ( ainda são grandes meu amigo ), abriu um racha entre Velho e Novo Mundo, e permitiu que todo o mundo vinícola passasse a acreditar na capacidade de criar seus próprios “Ícones”.
Trouxe também algumas distorções eu acho, o Julgamento foi baseado em notas de avaliação, e hoje em dia uma pontuação do Parker tem mais importância do que notas de degustação.
De qualquer maneira esta é a dica para que eu possa aqui mencionar aqueles que considero como os verdadeiros Ícones “supertintos” chilenos : Almaviva, Don Melchor, Cabo de Hornos, Clos Apalta, Montes Alpha M, Viu 1, Santa Rita Casa Real, Clos Quebrada de Macul, Vinhedo Chadwick , além de Seña, Don Maximiano, Altair, Caballo Loco, Manso de Velasco,............deixo espaço para os seus.
Estes vinhos são na sua maioria de Cabernet Sauvignon e ou mescla com Merlot, Cabernet Franc ou Carmenere, e mais recentemente Syrah, sempre de elevada qualidade e por conseqüência elevados preços, ainda assim mais acessíveis do que os franceses do Julgamento .............
“Nunc est bibendum”, um “supertinto” por favor, um Ícone se possível.
Até breve, Bacco a seu dispor

Thanks : Adega (foto), Amarante........Ícone? aquele que é referência, é destaque....ok?