sábado, 31 de dezembro de 2011

POP!.....TIN...TIN.....SUCESSO!


“Nas vitórias é merecido, nas derrotas é necessário” – Napoleão Bonaparte
O “vinho das borbulhas”, aquele que alegra mentes e corações, champagne (só) para os franceses, cava para os espanhóis, sekt para os alemães, asti, procecco, para os italianos, espumante para muitos inclusive nós brazucas, bem que merecia mais.
O papel de coadjuvante nas comemorações é uma tremenda injustiça com um dos mais finos e elegantes vinhos do mundo
Em qualquer reunião de final de ano, festa, festinha ou festão,lá está ele sendo maltratado pelo leigo cidadão, mal guardado, aberto de forma incorreta, servido em copos errados, bebido sem a menor atenção, um verdadeiro figurante.
Não sou contra a alegria de viver, sentimento comum nestes momentos especiais, muito pelo contrário, e o vinho espumante tem tudo a ver com a alegria em todas as suas dimensões.
Acontece que não vejo motivo para não se respeitar uma das bebidas mais complexas e difíceis de serem produzidas, pergunte a um produtor francês para você ver.
Há quem use copo de plástico! ou quem acha que está em um “pódium” da F1, sacolejando a coitada para lá e para cá, abra uma cidra então companheiro, dá na mesma, também faz “pop”!
O legal de tudo isso é que há algum tempo, através de um esforço organizado de produtores, comerciantes, críticos, apreciadores, entre tantos, o espumante está deixando de ser apenas a bebida oficial das ocasiões festivas.
Está perdendo também aquele jeitão de elitista, de ser companhia só para quem já passou dos 40, para ocupar o seu devido lugar, a de um vinho completo, um vinho gourmet, um dos vinhos mais versáteis quando se trata de acompanhar uma comida, das ostras de entrada ao mousse de chocolate de sobremesa.
E melhor ainda é que ele está aqui pertinho da gente, acessível, bom e barato, o Brasil se não é vai ser, em pouco tempo, o melhor produtor de vinho espumante de qualidade do mundo, já que o original é de outro planeta.
A verdadeira vocação da Serra Gaúcha está no vinho espumante, e aos poucos nós e todo o resto estamos reconhecendo isso, a última etapa para o sucesso “retumbante” do espumante nacional
“Nunc est bibendum”"Beber champagne é como beber estrelas – Dom Pérignon"
A
té breve, Bacco a seu dispor.....um Feliz Ano Novo, beba mais espumante em 2012, em qualquer lugar, em qualquer situação.

Thanks : Sérgio Inglez,Vinho Magazine, Larrousse......

sábado, 24 de dezembro de 2011

DDD_BACCO nº7 - Quercus.?!


Dúvidas Devidamente Degustadas

Madeiiiiiraaaaaa!

Bacco, pergunta gera nova pergunta, beber ou guardar tem relação com madeira? Porque carvalho? Qual a diferença entre o francês e o americano?O que eles acrescentam ao vinho?..........coisa e tal.
Muita calma neste momento, vejamos.....
Porque o carvalho, porque o Gordo & Magro, porque Pelé & Coutinho, porque Lennon & McCartney, porque Romeu & Julieta, Bia & Maru (ops!), podemos até tentar explicar mas é perda de tempo.......concorda?
Melhor é reconhecer e aproveitar
O Vinho & Carvalho têm este mesmo nível de cumplicidade.
O vinho se abre se entrega, cresce, amadurece, o carvalho oxigena, engrandece, aromatiza, perfuma, enobrece, ensina a envelhecer com dignidade.
Nossa atitude frente a um vinho cuja história de vida apresenta um intenso, íntimo, e bem sucedido relacionamento com o carvalho, é de total reverência.
A oportunidade de poder confrontar com seu aroma, seu perfume, seu corpo, sua textura, sua complexidade de sabores, sua elegância do começo ao fim da taça, é um privilégio para os curiosos como você, amigo perguntador.
Sabemos que nas mais conhecidas e famosas duplas da história, a competição interna sempre existiu, funcionando como mola propulsora para o sucesso, para o bem ou para o mal.
Entre o Vinho & Carvalho não poderia ser diferente, e neste caso cabe ao mestre vinhateiro com sua competência e sabedoria saber extrair o potencial de cada um e principalmente dosar as vaidades de ambos.
Quando isso acontece a bebida que se apresenta na sua taça é digna dos deuses, pode acreditar.
"Nunc est bibendum”, salve o “chêne rouvre francês”, o carvalho que melhor entende os temperamentais vinhos jovens.
Até breve, Bacco a seu dispor

Ref : “Os segredos do vinho” - José Osvaldo Albano do Amarante , respostas objetivas para todas as suas dúvidas e perguntas sobre madeira e vinho .

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

DDD-BACCO Nº6


Dúvidas Devidamente Degustadas

E aí ! bebo ou guardo, guardo ou bebo?
Uma paradinha no passeio pela Itália para uma conversinha a respeito de uma dúvida de um nobre colega seguidor do Bacco...mais uma dúvida devidamente degustada.
Dizem que o vinho quanto mais velho melhor!
Será que bebo ou guardo?
Assunto muito discutido, algumas vezes confuso
Você quer uma única resposta, assim na bucha, beba! e logo! e pronto......
Acontece o seguinte, quase a totalidade dos vinhos tranqüilos, tintos, brancos, rosés, não têm a propriedade de “envelhecer com nobreza” isolado dentro de uma garrafa de vidro, em um ambiente “anaeróbico”.
Todos estes começam a declinar assim que engarrafados, o apogeu se deu antes,sinto muito.....
Amadurecer e envelhecer na conversa enológica são coisas distintas, e fazem a diferença entre beber e ou (a)guardar.
Eu acho que pode-se dizer que apenas os vinhos colocados corretamente para amadurecer, têm a capacidade de envelhecer sem se degradar,isso por um determinado tempo que varia em função de inúmeros fatores.ok?
Amadurecer significa um estágio (às vezes por anos) que o vinho passa em um tonel de madeira, onde ele tem a oportunidade de ficar em contato com o oxigênio que migra pelos poros do carvalho)
Como além deste ($$$) caro repouso do guerreiro, cuidados extras nos vinhedos e técnicas avançadas de vinificação são necessárias para se produzir um “vinho de guarda” é de se esperar que ele não seja barato, e não é mesmo, não tem jeito.
Na falta de outra informação às vezes difícil de ser encontrada por alguém que está mais preocupado em saborear bons vinhos do que qualquer outra coisa,o preço é um bom indicador.
Ele ajuda você desconfiar se aquele vinho que você pagou “quarentão” tem ou não a capacidade de envelhecer bem, temo que não companheiro.
Vale a pena também uma leitura cuidadosa do rótulo, indicações de “amadurecimento” às vezes estão lá, tipo 18 meses em carvalho francês novo...etc
Aliás, hoje em dia, tempos modernos (e infelizmente apressados) os produtores estão se especializando em colocar nos mercados, vinhos absolutamente prontos para serem bebidos, alguns ótimos, muitos sem a capacidade de melhorar com o tempo.
Para a grande totalidade dos brancos não espere mais de 1 ano, máximo 2 e olhe lá, safra de 2009 ! , peça desconto para a loja.
Para a imensa maioria dos tintos, máximo de 3 anos, quem sabe 4 com boa vontade, mas veja bem, esteja certo que este vinho está perdendo e não ganhando qualidade com o tempo
Os ícones do Novo Mundo, sei lá o que é ícone para você, têm uma vidinha evolutiva antes do declínio um pouco maior, 5, 6 anos para os brancos e 8,10 anos para os tintos. Os vendedores aproveitam isso, e cobram mais caro por safras mais antigas, na maioria das vezes eu refugo, impossível saber se ele evoluiu bem mesmo.........
O diabo é que a gente quando acha que evolui no mundo do vinho, acaba investindo em uma adega, e aí começa a “guardar” vinhos mais para compensar o investimento, nem sempre para melhorar o vinho comprado, a culpa por surpresas desagradáveis é sua, não é da adega, muito menos do vinho, fique experto !!
Grande vinhos europeus, este sim, os grandes, outra vez, sei lá o que é grande vinho europeu para você, têm a capacidade de envelhecer com uma nobreza inigualável.
E então, vai beber ou vai guardar ?
“Nunc est bibendum”, um branco refrescante, safra 2011 por favor....
Até breve, Bacco a seu dispor.

Thanks : Dirceu Vianna Jr, José Ivan Santos......

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Itália - O sul histórico


Foi lá onde tudo começou!.........., muita história, muita tradição.
Os gregos desembarcaram na Sicília no século 8 a.C, e o vinho desde então tem sido uma fonte importante de renda e um certo conforto para as famílias do sul, quase sempre pequenos agricultores donos de não mais de 1ha!


A viticultura no sul da Itália e nas ilhas, apesar de alguns progressos tecnológicos, ainda é uma atividade econômica de subsistência.
A realidade? 80% da colheita continua sendo processada em imensas cooperativas que vendem o vinho por atacado, algo que definitivamente não combina com qualidade.
Meu preconceito com relação a cooperativas continua aguçado..., continuo em tratamento.
Mas nem tudo está perdido ou é uma lástima, o clima mais do que ideal da região, em conjunto com uma grande variedade de uvas nativas, resulta em um tremendo potencial, que aos poucos está sendo menos esnobado, e melhor compreendido.
Além das ilhas, Sicília e Sardenha, a Córsega ali ao lado é francesa, olha a geografia!o sul vinícola é representado pela Púglia, Campânia, Basilicata, e Calábria, as duas últimas ainda sem muita expressão a não ser pela curiosidade regional
A Campânia além de alguns bons vinhos, destaque para o tinto Taurasi de uva nativa Aglianico, tem a costa Amalfitana, Nápoles, a pizza napolitana, a tarantela, a bela ilha de Capri, o Vesúvio, as ruínas de Pompéia, e já teve o Falernum, o vinho mais conceituado do Império Romano.
Para quem gosta de brancos, dois muito pouco conhecidos por aqui, os fresquinhos Greco di Tufo e Fiano di Avellino.
Em um barzinho de frente para o mar azul da baía de Nápoles, eles são incomparáveis!!
A Púglia, em especial a península de Salento, uma espécie de Central Valley da Califórnia, esta na boca do povo, definitivamente na moda, e a maior responsável é a uva Primitivo, tanto pelo seu bom potencial como pelo seu histórico, croata de origem, irmã gêmea da Zinfadel...etc
O sucesso da Primitivo tem ajudado a outra tinta de Salento, a Negroamaro, também em evidência nas rodinhas de enófilos.
Eu particularmente acho que em termos da Itália de hoje, vale a pena arriscar e fugir do óbvio, Toscana & Piemonte, e vivenciar as experiências e os progressos da Púglia e da Sicília, esta muito bem representada pela família Planeta, entusiasta na pesquisa de uvas nativas, e seus vinhos do mesmo nome.
Porque não dar um tempo nas uvas de sempre, esquecer um pouco a Chardonnay, a Cabernet Sauvignon, a Merlot, etc, o sul da Itália é um lugar ideal para isso, na próxima vez que for beber um italiano, peça um de Aglianico, Pedirosso, Fiano, Greco,..etc

“Nunc est bibendum”, - “Imagine all the people........”JL
Até breve, Bacco a seu dispor
obs :”trulli”, tradicionais casas da Púglia (foto ao lado)

Thanks : Gasnier, Viotti, Jancis.............................John Lennon

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Vêneto - Romeu, Julieta, e Amarone!


“Se minha mão profana o relicário, em remissão aceito a penitência : meu lábio peregrino solitário, demonstrará com sobra, reverência” – Romeu

“Ofendeis vossa mão bom peregrino, que se mostrou devota e reverente. Nas mãos do santo pega o paladino. Este é o beijo mais santo e conveniente” – Julieta



Quase tudo no Vêneto tem o poder de nos remeter ao romântico, de nos fazer pensar no amor, assim é com Veneza suas praças e canais, com Verona seus Romeus e suas Julietas, mas quando pensamos nos vinhos, infelizmente são poucos os que têm o poder de nos encantar.
Bardolino, Valpolicella e o branco Soave dominam a região, a maior área plantada da Itália, e bem poucos podem ser considerados acima da média quando o tema é qualidade.
"O excesso de produção a que eles são submetidos, é como escavar um buraco para si em que todos cabem com folga".
São os vinhos italianos mais exportados para o mundo, razão para serem os mais conhecidos e até apreciados aqui entre nós, quem já não pediu um Valpolicella em uma trattoria paulistana......
Ele pode ser Clássico e Superiore, mas na verdade não muda muito, continua sendo um vinho simples, magro, e infelizmente de qualidade muito variável.
O Bardolino é ainda mais simples, alguns o comparam com o Beaujolais francês, exagero, o que vale à pena mesmo é conhecer a região onde ele é elaborado, às margens do belíssimo Lago de Garda.
O Soave bem que merecia uma melhor reputação, sua uva a Garganega tem potencial para isso, mas o já mencionado excesso de produção na grande maioria dos seus vinhedos, contribui para um vinho diluído, aguado, com um mínimo de presença.
Alguns poucos produtores mais cuidadosos são responsáveis por alguns poucos “Soave Clássico Superiore” estes sim ,macios, com algum corpo e sabor, se for de Soave gaste um pouco mais e escolha um desses.
O Reccioto di Soave é um vinho doce, de sobremesa, e tem potencial para agradar paladares mais refinados, talvez o melhor da extensa família Soave.
Aí vem o exclusivo Amarone e as coisas começam a mudar de rumo, é hora de voltar a sonhar com o amor de Romeu por Julieta, com um romântico passeio de gôndola pelos canais de Veneza, com a beleza do Lago de Garda, e respirar toda arte e cultura que a região nos oferece.
O mais nobre vinho do Vêneto de sabor e paladar únicos, produzido a partir da excelente Corvina, com ajuda da Rondinella e da Mollinara, é um dos vinhos mais apreciados e respeitados do mundo.
Seguindo uma tradição das colinas de Verona que vem desde o período bizantino, as uvas são passificadas (secas ao ar) e atacadas pela podridão nobre (botrytis), resultando em um vinho vigoroso, alcoólico, encorpado, presente, de personalidade marcante.
Uma versão mais simples e menos cara do “Amarone” é o “Valpolicella Ripasso” que durante sua vinificação se beneficia do “mosto” do primeiro, e por isso apresenta uma complexidade maior do que o restante da família do mesmo nome.
Acreditem, o Vêneto não para por aí, e nos apresenta também diretamente de Treviso, região de Conegliano e Valdobbiadene o “famigerado” Procecco!
Trata-se do italiano efervescente, sinônimo de espumante para alguns , mais conhecido mundo afora, atualmente presente em qualquer lançamento de coleção de moda, agrada por ser leve, fresco, e descompromissado e desagrada pelas mesmíssimas razões, nestas ocasiões eu recomendo esquecer o preconceito e ficar com um bom espumante nacional.
Fim do (longo) passeio, seguimos para o sul ao encontro da Primitivo.
“Nunc est bibendum”, bem vindo “Amarone della Valpolicella”
Até breve, Bacco a seu dispor.
Obs : foto do balcão da casa de Julieta em Verona, ela é ficção mas a casa existe ! Salve Shakespeare !

Thanks : Jancis,Viotti,Larousse,Gasnier,Amarante...